Viagens que transformam

Durante minha viagem pela Índia conheci um monte de gente querida e interessante. Uma dessas pessoas é o Maykol Richter, terapeuta e professor de Yoga em Blumenau – SC. Tive o prazer de participar de um Retiro espiritual de 1 semana em Rishkesh e aprender um pouquinho sobre a filosofia de vida e o trabalho dele. E já que o assunto desse blog é viagem, por que não tratar de um tema que eu adoro, e que tem tudo a ver com o trabalho do Maykol? Com vocês, viagens que transformam, um pouquinho da história do Maykol e dicas para quem quer se conectar consigo mesmo.

Viagens que transformam

Texto e imagens: Maykol Richter

Minha jornada maior na libertação para quem “estou” hoje, se fortaleceu justamente numa viagem, quando estudava em Berlim em 2011.Por muitos anos (percebi isto apenas na Alemanha) fui guiado para uma vida de autoconhecimento, desde livros esotéricos e de assuntos fora do comum (que comprei na adolescência, mas só que comecei a ler mesmo há poucos anos), a acontecimentos e aprendizados marcantes na minha vida como a iniciação nas artes marciais. Fatos que me fizeram conhecer a meditação, me tornaram um bom ser-humano, melhor preparado para a vida. Por muitos anos, minha trajetória tortuosa, e eu vivi uma vida confusa e materialista. Fui bancário, corretor de imóveis e me achava o máximo e me fazia gostar de baladas e vida noturna (mas por dentro não me sentia assim verdadeiramente). Apenas seguia a corrente, o fluxo cármico.

Vontade de mudar

A mudança começou em 2010, após minha primeira viagem Internacional para Japão, foi um processo lento de desapego destas rotinas até então vividas. Um dos momentos mais marcantes do processo, foi um acidente de automóvel e a perda total de um carro esportivo que eu dirigia numa noite de outubro. Nem eu, e nem meu amigo que estava no banco do lado nos ferimos, mas o acontecimento gerou reflexões produtivas que me transformariam para sempre. O motivo da batida não foi imprudência, pela alegria de minha consciência, mas sim a falta de condições, de proteção e de sinalização de uma pista marginal para a BR 101.

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Mestre Herdeiro de 9 Tradições Marciais | Bujinkan Budo Taijutsu – Jan.2010 | O Cabelo Roxo representa a riqueza espiritual alcançada.

Eu já tinha mesmo decidido deixar tudo, desde o emprego e o bom salário no banco, até o conforto da casa dos pais, os amigos e tudo o mais para viver na Alemanha. Sim, no início mais que estudar na Europa, queria era fugir de tudo e de todos (risos). Minha desculpa externa era o fato de que fazer um intercambio, através do curso de marketing da universidade de Blumenau com a Faculdade de Economia e Direito de Berlim (HWR), seria ótimo para meu currículo. Nem mesmo me dava conta que isso apenas maquiava meu desejo interno de me libertar do mundano.

A transformação

Somente quando estava lá na Alemanha é que a ficha caiu. Muitos véus da realidade ilusória da minha mente despencaram. Todo dia buscava descobrir mais e mais o que estava escondido de meu conhecimento. Mas para não me perder em confusão, um discernimento extra era necessário, e as meditações diárias foram de grande ajuda para equilibrar-me.

Algumas viagens

Logo após minha chegada ainda durante o semestre em Faculdade de Economia e Direito de Berlim, tive a oportunidade de visitar alguns países bacanas e históricos (Inglaterra, País de Gales, Dinamarca, Suécia, República Tcheca e Bélgica). Mas só a partir de agosto de 2011 procurei viagens que me ajudariam a descobrir mais sobre eu mesmo e sobre conhecimento além dos livros, sendo que parti pra Grécia, Itália e Egito (1a vez num deserto, o Saara. Encantador e energético, foi ali que meditei por pelo menos 2h seguidas a noite durante o acampamento).

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Parthenon – Atenas – Grécia

Retorno ao Brasil

Sentia no fundo que deveria voltar para o Brasil, pois haviam pendências cármicas e muito para trabalhar e aprender por lá. E foi assim que eu fiz, antes mesmo do prazo de um ano de visto. Quando retornei, em setembro de 2011, falando em coisas estranhas, de querer mudar o mundo e em virar vegetariano, quase que meu pai me manda internar em uma clínica psiquiátrica (risos). Não foi fácil ele me aceitar. Não que ele me aceite totalmente, mas está mais tranquilo e fica até feliz por sobrar mais carne pra ele (risos).

O yoga

Por destino, um dia minha mãe comentou que gostaria de conhecer o Yoga. Eu achei incrível a ideia dela, que na verdade, era a minha maior vontade. E começamos juntos. Eu apenas dei um passo maior. Iniciei primeiro formações de terapias holísticas em 2013 e logo comecei a atuar em 2014, quando também aderi aos estudos para ser um professor de Yoga. Para ficar melhor ainda o que já estava perfeito, me tornei oficialmente parte da banda Filhos do Vento.

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Banda Filhos do Vento

Hoje

Hoje, procuro viajar sempre com a vontade de trazer mais que souvenires na mala. Atendo pessoas nas terapias buscando trazer a tona a integralidade delas como um ser físico-energético-emocional-mental-espiritual. Canto e toco mantras toda terça e quinta no Sat Sang da escola com os Filhos do Vento para tocar os corações dos ouvintes. Levo o Yoga na vida daqueles que buscam, mesmo sem saber, a se desafiar a ir mais além, e a se encontrar para algo as vezes inesperado, seu encontro com o Dharma, cada um com o seu próprio caminho, que só se descobre no âmago.

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Praticando AcroYoga com Paulo Viceconti

Perguntas & respostas com Maykol

O que é uma viagem espiritual para você?

Primeiro, é importante destacar de que seria um engano, na minha visão, achar que o espiritual teria algo a ver com instituições ou rituais, ou de uma busca para encontrar a Deus. Antes de tudo, o espiritual te permite buscar e encontrar a si mesmo. É inclinar-se para o autoconhecimento e, consequentemente, Deus pode ser encontrado dentro de si próprio, em tudo ao seu redor e em todos os universos.

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Coliseum – Roma – Itália | Set. 2011

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Trilha das Cachoeiras de Corupá | 2014

Uma viagem, para ser espiritual começa pela entrega, que seria: não criar expectativas, desapego de luxos e malas grandes (basta um mochilão) e estar aberto a vivenciar experiências, que podem nem sempre ser “boas”, mas que sempre geram aprendizados.

Melhor explicando cada item da entrega:
Expectativas podem gerar frustrações, pois ao esperar por algo que visualizamos previamente, se caso não seja atendida a expectativa, é incomodo na certa.
O apego ao luxo e muitas malas limita muito, e não permite totalmente a encontrar aventuras, lugares e gente diferentes, e fora da normose (a doença da normalidade intrínseca por aqueles que buscam ser normais para se encaixarem na sociedade, de acordo com o Prof. e Yogi Hermógenes). Muitos pensam: Para quê sair deste hotel “maravilhoso” que me dá tudo que preciso, como comida, bebidas, conforto e diversão? Será mesmo? É aí que entra o estar aberto, pois quando nos abrimos para experienciar e vivenciar o inimaginável, muita coisa interessante pode acontecer!!!

Percebe como tudo está ligado? Basta então deixar a mente controladora um pouco de lado e ficar com o coração mais aberto, que a entrega é libertadora.

E falando um poucos das suas viagens espirituais, você viajou para a Índia ano passado. Como foi a experiência e o que você aprendeu de bacana?

Pelo menos uma vez na vida as pessoas deveriam viajar para Índia. Ouvi muito isto antes de partir… e eu concordo! Tudo o que mencionei no início sobre a entrega foi o que aprendi de mais importante. Minhas frustrações só não foram maiores pois já conhecia o Egito e sabia que muito era parecido. Sabia que tinha muito mais riquezas e belezas a ver do que a sujeira e pobreza que tanto mostram na TV.

Portanto o que mais me incomodava no início era que, como num país tão espiritualizado poderia ter tanta gente fazendo todo tipo de tramóia pra conseguir uma gorjeta sua! Desde motoristas que inventam qualquer besteira pra não te levar aonde pedes, para levar a outro lugar onde eles ganham comissão, a trapaceiros espirituais, te chamando para templos com fins bem lucrativos.

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Deus Hanuman em Rishikesh – India Fev.2015

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Banho no Ganges – Rishikesh – India | fev. 2015

Foi apenas em Rishikesh que minha entrega foi absoluta, quando em Ashrams passeando ou pernoitando. Vivenciando o Yoga, cantando ou orando pra Deus, meditando, caminhando livremente dentre as montanhas e a natureza exuberante da pequena cidade… fui observando a riqueza, o brilho nos olhos e nos sorrisos de cada pessoa. A sinergia de tudo que acontecia era praticamente automática, karmas logo eram compreendidos e até dissolvidos. Aprendi que não devo me preocupar com pessoas má intencionadas, pois assim a mente apenas me colocava nesta sintonia, e acabei por me fechar para algumas muito bem intencionadas até. Gente de má intenção, no Brasil, na Índia e no mundo inteiro têm, mas muito mais têm de boa-fé, e lembrando que, abrir o coração te faz enxergar melhor.

A viagem para a Índia mudou algo na sua forma de trabalhar?

De fato sim. Acreditar mais em mim mesmo, confiar e entregar, e saber que tudo que está certo fizeram parte disto.

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Phool Chatti Ashram – Rishikesh | India Fev. 2015

Alguma experiência dessa viagem que você gostaria de compartilhar

Achei interessante dois fatos ocorridos na India.

Relativo a sinergia e a confiar e entregar: Quando em Rantambhore (Rajasthan), onde há um dos maiores parques nacionais do país (Rantambhore é um dos lugares da Índia onde é possível encontrar tigres na natureza), estava a ler um livro no gramado do hotel, e próximo, atrás havia uma bancada, onde um grupo familiar de Indianos chegou e começou a conversar e a cortar frutas para comer.

Logo que senti o cheiro de frutas e me veio o pensamento: “Nossa, a quanto tempo que não como umas boas frutas frescas”. Não muito tempo depois, um dos indianos que parecia o pai de família me convidou para comer a salada de frutas com eles. Surpreso com a situação e com a gentileza deles, aceitei. Tivemos uma boa e agradável conversa e ainda desfrutei de comer uma boa saladinha de frutas com pimenta preta moída (sim, eles usam até nas frutas, mas é para melhor digestão).

Outra experiência interessante foi quando quis retornar de Rishikesh para Haridwar para tomar o trem para Delhi. Ao chegar no ponto combinado para tomar o táxi previamente agendado, o táxi não apareceu. E já passando da hora pra chegar a tempo em Haridwar, consigo um outro motorista no local (que por sorte estava livre). O tempo todo ele falava que não daria tempo pra tomar o trem, que o trem não atrasa, mas que eu poderia conseguir um ônibus, e tal. Fui firme na decisão e pedi pra se apressar o máximo possível e me deixar na estação ferroviária. Por dentro pedia incessantemente para Deus Hanuman usar sua força para segurar o trem. Assim que o táxi estacionou, saí a toda correndo, e fui buscar o local com o trem certo para entrar. Perguntei para umas pessoas que me confirmaram ser um trem que ainda estava parado na plataforma, e consequentemente estava atrasado. Foi só entrar nele, que o trem saiu. Sou muito grato até hoje, pois se tivesse perdido este trem, estaria numa enrascada pra voltar a tempo pra Delhi e pegar o vôo de volta pra casa!

Durante a viagem para a Índia você me contou que participa de um grupo que organiza retiros e trilhas. Você pode contar um pouco do seu trabalho?

Na verdade, são duas coisas distintas.

Os retiros, através da escola de Yoga, são organizados por mim ou algum outro professor que desejar. Nossa meta fundamental é a convivência e a harmonia entre todos, e em segundo plano práticas Yoga. A inspiração dada pelo professor Hermógenes a nós foi grande, sendo que, em seus encontros, primeiro as pessoas deveriam rir e descontrair, e só depois falar dos assuntos em questão.

Como exemplo, vou falar um pouquinho do nosso último retiro. 
Foi em uma fazenda na serra catarinense com hospedagem, cachoeiras e uma ótima comida caseira. Neste, atuei como organizador, e as práticas ficaram a encargo dos meus professores mentores, tendo Ásanas (posturas) sempre na parte da manhã, trilhas ecológicas às cachoeiras, meditação e uma dinâmica envolvendo o ritual dos 5 elementos ao lado de uma cachoeira na parte da tarde, e a noite fogueira e Sat Sang com nossa amorosa banda Filhos do Vento.

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Retiro de Yoga em Anitápolis SC – Abril 2016

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Retiro de Yoga em Rio dos Cedros SC -| Ago.2015

Quanto as trilhas, é outro grupo. Temos nos reunido (eu, desde 2012) de princípio para desbravar e estudar pontos energéticos (Chakras da Terra) principalmente próximos a Joinville/SC. Basicamente o intuito era ativar estes pontos, quando encontrados, com cristais e outros aparatos como Orgonites, Ankh, etc. Também concentrações ou meditações guiadas eram feitas para sintonizarmos com o ambiente e a nós mesmos. Para encontrar estes lugares, médiuns canalizadores foram guiados por mentores. Mais atualmente, o grupo crescendo e mais pessoas se interessando pelas trilhas que eram realizadas, e depois fotos eram postadas no facebook, vem sendo feito trilhas em varias novas localidades e mais para curtir a beleza da natureza.

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Grupo de Trilhas -Colocando Obelisco de Orgonite num ponto indicado por mensagem canalizada.

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Trilha; Travessia Serra Corvo Branco – Urubici Fev. 2016 – Com Bell Marduk (Mirabel Krause – Escritora (Revelações dos Deuses Extraterrestres) e Pesquisadora) e Adriana Simas

Os retiros são abertos?

Isso mesmo, são abertos e divulgamos sempre na escola com cartazes e no facebook, porém, quase sempre todos que vão são alunos ou ex-alunos do Gandharva. Tem crescido também, desde 2015 o número de crianças nos retiros, justamente por haver aulas de Yoga Kids na escola.

Sei que sua próxima viagem é para o Atacacama, como você pretende integrar a parte turística com a parte espiritual?

Esta viagem será justamente com o grupo de trilhas. Volta e meia alguma viagem para o exterior é organizada. Já foram ao Egito e ao Perú, mas será minha primeira vez junto com este grupo a viajar para fora, desta vez para o deserto do Atacama. Um Motorhome da Volkstur (Pomerode/SC) para 12 pessoas será nosso veículo e nossa casa durante 12 dias. Visitaremos as Salinas, os Gêisers, Águas Calientes, Valle de la Luna, Valle de la Muerte, Purmamarca, entre outros lugares incríveis.

Creio que o turismo nesta região, de tão maravilhoso e distante de hotéis e da vida corrida das cidades, já é por si só espiritual. Contemplar os flamingos, nadar nas águas termais, meditar nas Lagunas Altiplanicas e no Deserto, vislumbrar as montanhas de Purmamarca, que mais parecem uma pintura impressionista de Monet… será lindo!

Alguma dica prática para o leitores do Ideias que querem começar a integrar viagens de lazer com viagens mais focadas em corpo e mente?

Uma boa dica, segue sendo abrir mão do conforto e se abrir para o inimaginável.
É legal caminhar mais, ou até alugar uma bike, que possibilita conhecer lugares e ambientes, as vezes não acessíveis pelos carros ou coisas boas e inesperadas de se encontrar. É claro que, quem é um tanto sedentário não gostaria de nada disso, mas sempre importante lembrar: mens sana in corpore sano (Mente sã num corpo são).

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Maykol em Pedra Furada – Urubici SC | Fev. 2013

Sobre o Maykol e contatos 
Maykol Richter é professor de Yoga com formações em Hatha (Gandharva Yoga ) e Aerial (Aerial Yoga Brasil). Sendo parte de sua atuação diária também, atende nas terapias holísticas (Com formações em Shiatsu, Massoterapia, Manipulação Vertebral e Reiki Master). Estudando Yoga Thai Massage pela ITM – Florianópolis/SC. Baixista/Vocal na banda Filhos do Vento (World Music / Mantras)

Nascido em Indaial/SC no ano de 1986, reside em Blumenau/SC desde 1990. Disciplinado desde 2003 nas artes marciais, em particular o Budo Taijutsu (um tanto enferrujado atualmente, por falta de Dojo em Blumenau/SC e região). Espírito trilheiro, montanheiro e aventureiro. É cantor e multi-instrumentista, gosta de cozinhar, e também diz ser um poeta de meia tigela (risos). Encontrou seu Dharma servindo o próximo com o Yoga e com as terapias.

Contatos:

mari vidigal
mari vidigal
Viajante incansável, daquele tipo que no meio de uma viagem já está pensando na próxima, na próxima e na próxima. Apaixonada por fotografia, natureza e vinhos

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Comentários:

Que incrível… tem gente iluminada mesmo, né?

mari vidigal mari vidigal disse:

Muita Mi! O Maykol foi uma dessas pessoas que me ensinou e inspirou pra caramba durante a viagem para a Índia. Agora sabe o que me impressionou? A quantidade de pessoas interessantes e iluminadas como ele que conheci em Rishkesh. São tantas histórias lindas e projetos bacanas!