Viajando com bebês: e quando dá tudo errado

Viajando com bebês: e quando dá tudo errado é um relato bem pessoal dos desafios de uma viagem de 15 horas com um bebê com febre e dos perrengues que passamos na nossa viagem. Sente-se em uma poltrona confortável porque lá vem textão!

Viajando com bebês: e quando dá tudo errado?

Véspera da nossa viagem para o Brasil, malas (quase prontas), aquela expectativa e aquela saudade, “mamãe, tô chegando” – pensava entusiasmada enquanto fazia a lista de todas as tarefas que precisavam ser feitas nas próximas horas. Baby Tom acordou, parei tudo e fui começar o meu dia de mãe: trocar fraldinha, dar papa, encher de beijos (Opa! Faz parte!!) e prepará-lo para a escolinha. Só que nesse dia, ele acordou um pouco caidinho. O nariz já vinha meio chatinho há coisa de uma semana, mas jurávamos que ele já estava melhorando – e na real, parecia ele quase bom.

Coloquei roupinha, dei café da manhã (que ele devorou normalmente – pensa num bebê draga!) e levei para a escolinha.  Nesse meio tempo tive um dia mega produtivo, coloquei parte do que faltava na mala, comprei aquelas coisas de última hora (aka. garrafas de vinho pra levar para a família) e perto das 5 da tarde fui buscar o Tom na escola.

A Renata (dona do Day Care e pessoa mais fofa do mundo) me recebeu com aquele sorriso gostoso de sempre e uma notícia não tão boa: “Mari, achamos que o Tom está um pouco quente, mas como você estava na véspera de viajar nem te ligamos para não preocupar”. Olhei para ele, coloquei a mão no corpinho e já percebi que ele estava febrilzinho.

Cada um tem a sua forma de cuidar de um bebê, a minha linha (e da minha pediatra, claro) é deixar a febre baixa cuidar dela mesma – não dou remédio – e só entro com medicamento se a coisa piorar. Aos 9 meses de idade o Tom nunca tinha precisado de anti-térmico e nunca tinha tido nada que não fossem gases (gente que coisa chata esses gases!) ou um nariz escorrendo, mas com a viagem de quase 15 horas no dia seguinte, achei melhor passar na farmácia e comprar um remedinho. Já no caminho de casa a temperatura subiu e decidi que entraria com o remédio assim que chegasse em casa.

Uma quase não viagem

A noite foi terrível, o Tom não quis comer e a temperatura voltou a subir. Nosso bebê estava com uma febre de 39, e começou a reagir com alguns espasmos devido a subida brusca da temperatura. Colocamos no banho, fizemos compressa com água fria, abaixamos a temperatura e voltamos a medicar. Pais de primeira viagem, tínhamos zero de experiência com febre de bebê e acabamos acertando sem querer querendo. (Para garantir, ligamos para a pediatra que nos tranquilizou e pediu que levassemos para uma consulta no dia seguinte). Ele reagiu bem a medicação mas não voltou a dormir (e nós também não dormimos).

As 4 da manhã da Califórnia (e 8 do Brasil) ligamos para a minha tia médica (uma santa!) e pegamos algumas boas dicas. Nessa hora chorei de preocupação e de tristeza. Foi-se a viagem para o Brasil, desabafei, preocupada com o baby e um pouco chateada com a situação. Minha tia concordou: “desse jeito Mari, melhor não viajar mesmo”.

Uma pontinha de esperança

Enquanto isso trocávamos mensagens com a minha comadre Inez (pediatra das boas e que volta e meia nos dá dicas para o Tom) que nos acalmou e acendeu um pouquinho minha esperança: “vá a sua médica, veja se há algum foco de infecção e escute as recomendações dela” e em seguida acresceu – “muito difícil eu decidir por você, mas com a febre baixa – uns 38.2 no máximo – eu embarcaria munida de um arsenal de anti-térmicos”. Abri um sorriso, e o Gu fechou a cara: “Sem chance de você embarcar com o Tom desse jeito, pode esquecer”. Ele estava certo, mas guardei uma pontinha de esperança.

Visita ao pediatra

Nossa pediatra abre às 9:00, e se quisesse embarcar eu deveria sair de casa por volta das 11. Chegamos as 8:45 o Gu pensando em cancelar o vôo, e eu rezando para estar tudo bem com o Tom, e eu poder embarcar. Entramos, contamos da febre (e dos espasmos noturnos assustadores) e eu logo falei do nosso vôo deixando claro que poderia cancelar (sim, havia comprado passagem com seguro, algo obrigatório para quem tem criança e que ia me salvar de perder $900 doletas).

Ela analisou o Tom: garganta, ouvido, coração, pulmão e voltou a tirar febre. Nada. Ela nos contou que estava tendo um pequeno surto de “Pé, Mão e boca” na Califórnia e disse que se fosse o caso, que as bolinhas apareceriam nos próximos 3 ou 4 dias. Quanto a infecção, havia uma chance que algo aparecesse nos próximos dias, mas nada que me impedisse de viajar de avião. “Pode ser que não seja uma viagem fácil, e que ele chore bastante, mas é uma boa hora para viajar porque se ele chegar a desenvolver algo, você já estará com sua família no Brasil”.

Olhei para o Gu na frente da médica e perguntei: “querido, você se sente confortável com a opinião da médica? Alguma insegurança? Ele gosta e confia bastante na nossa pediatra e ficou bem confiante com a opinião dela. Em pouco mais de 3 horas (com direito a muita correria) Tonzinho e eu embarcaríamos para nossa primeira viagem ao Brasil (nosso primeiro vôo longo, e a primeira vez que eu voaria sem o Gustavo). Nervosa? Um pouco. Preocupada? Que mãe que não se preocupa. Mas estava SUPER feliz de ir ao Brasil reencontrar a familia (e não preciso nem falar que a família que tinha ficado HIPER chateada com o cancelamento repentino estava pulando de felicidades.

Brasil lá vamos nós

Peguei as malas já quase fechadas, coloquei o que lembrava faltar (óbvio que esqueci um monte de coisas) e fomos para o aeroporto. Eu não tinha ideia do perrengue que passaria nas próximas horas.

O primeiro-vôo: San Jose -> Los Angeles

Já no aeroporto de San Jose o Tonzinho começou a dar os primeiros sinais de febrinha. Dei remédio e leite (ele ainda mama no peito). Já prevendo que teria um vôo complicado comi algo reforçado (vai que ele não me deixa comer no avião, antecipei) e pedi uma porção extra de feijão (que ele ama), mas ele não quis comer.

Embarcamos e por sorte ele conseguiu dormir um pouco e eu que não tinha dormido a noite também fechei os olhos. Foram os únicos 40 minutos que ele dormiu de toda a viagem e a única vex que consegui descansar em quase 2 dias.

O segundo vôo: Los Angeles – São Paulo

proposta indecente: e um NÃO categórico

Com muito jeito e um pouco de sorte descolei uma poltrona da frente com direito a basinete sem pagar nada por isso (na verdade, eu estava SUPER disposta a pagar, mas ninguém me cobrou e eu fiquei caladinha e muito agradecida). Já sentada na minha poltrona (e sem ninguém do meu lado) recebi a proposta mais indecente de todos os tempos: “você não quer trocar a sua poltrona e ir lá para trás (no caso as 2 porque não tinha ninguém do meu lado) para uma família de 4 poder se sentar?”. “De jeito nenhum respondi com vontade, você não esta vendo que estou viajando sozinha e com um bebê que precisa do bercinho?” O cara duas poltronas para o lado disse que só sairia dali se ganhasse uma executiva, eu também tentei descolar uma, mas cá entre nós, ninguém dá upgrade de executiva para um bebê de bom grado. Tive que me conformar um minhas duas poltronas da frente. Rs. (No final das contas, saí das poltronas do meio para a família poder sentar, e fui para a janela onde haviam apenas 2, o que tava de bom tamanho para nós).

A falta de bercinhos e uma super sorte

Logo que sentei no avião vi havia colocado a minha mala sobre um dos bercinhos, assim quando o comissário de bordo veio me explicar como funcionava e dizer que ia procurar o berço, falei para ele que já havia achado e que estava embaixo da minha mala. Após a decolagem, ele voltou para instalar o berço (lembra que eu troquei de lugar com a família) e eu soltei um “helloooo – mudei de lugar e preciso do berço aqui.” Que sorte, aquele era o único berço do avião. A aeromoça – a mesma tonta que quis me mandar para trás – veio me propor uma história de divisão de berço que eu educadamente recusei. Com uma noite em claro eu não via a hora de conseguir colocar o Tom para dormir e descasar um pouco. #Sonhomeu)

(Spoiler: durante o vôo e quando a febre piorou muito e vi que ele não deitaria, até ofereci o berço para a família, mas a mãe não quis dizendo que a filha dela não ia ficar. Pelo menos minha consciência ficou tranquila).

E o Tom coube no berço?

Ele é um bebê grandão e ficou BEM no limite, mas o berço foi útil para colocar ele sentado brincando em alguns momentos mais tranquilos e descansar as mãos um pouquinho.

Lidando com a febre no vôo

Pouco depois de embarcar medi a febre do Tom e vi que já estava com mais de 38. Dei um anti-térmico, confortei ele no peito e tratei de fazer compressas de água na testa, na nuca e quando a coisa apertou, deixei só de bodyzinho e fiz compressas no corpo todo (por sorte o avião não estava gelado, e naquele momento abaixar a febre era o que importava). E foi assim que passei as horas de vôo, lutando para a febre não subir, medindo a cada dez minutos com o termômetro de orelha e dando muito leite no peito.

O Tom não dormiu mais do que 15 minutos seguidos, e eu não preguei os olhos. Levantei duas vezes para ir no banheiro com ele junto, tentei me manter hidratada pegando muitas garrafinhas de água e pedindo mais água sempre que passava um comissário de bordo. Foi punk!! Graças a cadeira extra tive espaço para apoiar a bandeja no assento, ir comendo aos poucos e acumular as preciosas garrafas de água. Ainda assim passei muita sede, dar de mama por quase 13 horas seguidas (tá, ele não estava mamando, estava só se confortando) não é pra qualquer uma.

Uma a uma as horas do vôo foram passando. Pense em algo demorado. Juro que contei cada minuto e não via a hora de chegar.

Chegada em São Paulo

E finalmente chegamos. Coloquei o Tom no carregador, conferi os brinquedinhos e fui esperar minha mala. Não via a hora de abraçar meus pais e chorar um pouco. Choro de cansaço, choro de alegria, choro de chegada. Foi um vôo pesado pro Tom, cansativo para mim, mas nada como abraçar a família e matar aquela saudades. Feliz de pisar na terrinha e contando os minutos para dormir um pouquinho.

Viajando com crianças: e quando dá tudo errado?

Alguns dias antes da viagem pedi dicas para evitar perrengues e fazer uma viagem mais tranquila. Recebi muitas respostas boas, mas uma delas me marcou: “Leve muita paciência” – aconselhou a Claudia do Felipe um pequeno viajante. E ela estava certa, de todas as coisas que eu poderia ter levado, paciência foi a mais útil para não enlouquecer nessa viagem. Paciência para não morrer de preocupação, paciência para não morrer de angustia, paciência para encarar os minutos que não passam, e paciência para superar os desafios do avião. Chegamos!!! E que venham dias maravilhosos de Brasil

[PS: Logo que chegamos ao Brasil o Tom melhorou e não teve mais febre. Alguns dias depois surgiram as bolinhas, a Dra. Gringa estava certa, era a tal da “mão, pé e boca”.]

mari vidigal
mari vidigal
Viajante incansável, daquele tipo que no meio de uma viagem já está pensando na próxima, na próxima e na próxima. Apaixonada por fotografia, natureza e vinhos

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