Patagônia: Perito Moreno e Torres del Paine

Saiba como planejar a sua viagem para Torres del Paine na Patagônia Chile com digas práticas para caminhar o circuito W, e esticar até o glaciar Perito Moreno na Argentina.

Perito Moreno e Torres del Paine

Texto e Imagens: Gabriela Brandileone e Fernando Cais

A Patagônia, especialmente para quem curte viagens de natureza, é um dos destinos mais desejados do mundo, estar no meio de uma natureza tão intensa, bruta, colossal, é uma experiência mágica que, certamente, será lembrada pelo resto da vida de quem a vivenciou. Tanto a parte argentina como a parte chilena, oferecem diversas experiências como paisagens deslumbrantes, opções de passeios para todos os tipos e graus de dificuldades. Nesse post dividiremos com vocês todos som detalhes no nosso roteiro pela Patagônia Chilena (Torres del Paine) e pela Patagônia Argentina (Perrito Moreno).

Perrito Moreno
Glaciar Perrito Moreno

A nossa viagem: Como começamos a sonhar e planejar uma viagem a Patagônia?

Não me esqueço do dia em que, em uma reunião de amigos que haviam acabado de voltar de lá, fiquei sabendo, pela primeira vez, a respeito do Parque Nacional de Torres del Paine, especialmente a trilha que levava às torres. Assim que vi a foto daquele lugar surreal, pensei: “esta será minha próxima viagem!”.

Foi a partir dali que, eu e meu marido, começamos a pesquisar como se organizar da melhor forma e o que seria preciso para completarmos o Circuito W que, nada mais é do que um percurso de 70km ao longo de 4 dias.
Nosso objetivo inicial sempre foi o parque chileno e, depois da viagem fechada, conseguimos encaixar uns dias antes, uma visita ao famoso glaciar Perito Moreno, esse, localizado na parte argentina. Por conta disso, nossa viagem teve um pequeno “perrengue” de alguns trechos a mais de estrada, mesmo assim, valeu muito a pena!

Perito Moreno: Patagônia argentina

Aéreo: São Paulo – Santiago – Punta Arenas.

Foi um dia inteiro de viagem. Dormimos em Punta Arenas e cedinho pegamos um ônibus, muito pontual, da Bus Sur. Já tínhamos as passagens compradas pela internet, foi muito fácil, e seguimos para Puerto Natales.

Puerto Natales: Uma graça de cidade

Eu adorei Puerto Natales. Uma cidadezinha de mar, super peculiar, muito simples, porém, bem arrumadinha e com ótimas opções de restaurantes e lojinhas de souvenirs para quem curte uma lembrança dos lugares por onde passa. Dormimos uma noite em Puerto Natales e alugamos um carro para, no dia seguinte cedo, seguirmos para o Parque Nacional Los Glaciares, em El Calafate.

Torres del Paine
Cartão postal de Puerto Natales

Documentos necessários para cruzar a fronteira

Vale lembrar que é preciso estar com todos os documentos em mãos para atravessar fronteira. Documentos do carro, uma licença obrigatória, que é paga, do veículo alugado, e passaportes.

Torres del Paine
Pé na Estrada – Ruta del fin del Mundo

Ruta del Fin Del Mundo

Apesar de tantos trechos de viagem e estrada, a paisagem é recompensadora. É possível ver muitos animais silvestres como os guanacos, que são as llamas selvagens, e muitos coelhos ao longo da estrada. As cores e os contrastes da vegetação árida com o céu azul e as montanhas ao fundo são de tirar o fôlego.

Torres del Paine
Torres del Paine

El Calafate

Ao chegarmos em El Calafate, uma cidadezinha também linda e mais turística, seguimos diretamente para a agência de turismo Hielo y Aventura, para retirarmos nossos vouchers de entrada do parque, comprados antecipadamente pela internet. Existem algumas opções de passeios e optamos pelo mini trekking, e foi sensacional. Dormimos em El Calafate e pela manhã tocamos para a estrada.

O Glaciar Perrito Moreno 

Chegando ao parque, de longe, a vista do glaciar, que faz parte do terceiro maior bloco de gelo do planeta, depois da Antártida e da Groenlândia, já é espetacular. Poder andar e ver de perto como é constituída toda aquela massa de gelo gigante é indescritível, é uma das belezas naturais mais fenomenais que pude ver na vida.

Perrito Moreno
O Glaciar Perrito Moreno visto de frente

A emoção dos blocos de gelo que se desprendem e causam um estrondo enorme a todo o instante é realmente para se guardar para sempre, isso sem falar dos mais variados tons de azul que mudam o tempo todo de acordo com a incidência da luz do sol.

Glaciar Perrito Moreno
Glaciar Perrito Moreno: Paredão de 80m de altura

Mini trekking pelo Glaciar

Para esse passeio é preciso estar bem agasalhado, roupas bem quentes, gorro e cachecol. Protetor solar e óculos escuros, sempre! É preciso levar seu próprio lanchinho e saquinhos para juntar e levar todo o seu lixo de volta. No parque não existem lixeiras, justamente para que as pessoas se conscientizem da quantidade de lixo que produzem, o que achei bem bacana.

Perrito Moreno
Calçado especial para o mini trekking
Perrito Moreno
Expedição no gelo
Perrito Moreno
No alto do glaciar

De volta a El Calafate, descansamos e, à noite, fomos curtir as inúmeras opções de restaurantes e bares que existem pela cidade.

Rumo à Patagônia Chilena

No dia seguinte fizemos o trajeto de El Calafate à Puerto Natales e devolvemos o carro, na manhã seguinte tomamos o ônibus que, já reservado, nos levou a entrada do Parque Nacional das Torres de Paine.

Parque Nacional Torres del Paine: Circuito W

Existem 2 agências de turismo responsáveis pelas estadias dentro do parque, a Fantástico Sur e a Vertice Patagônia. Fechamos o pacote completo com a Fantástico Sur, por comodidade e segurança e para que nada saísse fora do planejado. O pacote que compramos com a Fastastico Sur incluía  todos os traslados, inclusive o ônibus que nos levou até a entrada do parque, as entradas de fato, o translado da sede administrativa para o Refúgio Central Las Torres, vouches de alimentação (café da manhã, lunch box e jantar), as estadias e o traslado de volta a Puerto Natales.

A sede da Fantástico Sur fica em Puerto Natales e, assim que chegamos à cidade passamos no local para recebermos todas as orientações e todos os vouchers, muito bem organizados e dispostos na ordem que seriam utilizados.

Como funciona o circuito W?

São 70 Km de trilha divididos em 4 dias. As distâncias são pré-estabelecidas e as pernoites são feitas em refúgios. As trilhas são muito bem sinalizadas, seguras e não há a menor necessidade de guias, a menos que seja necessário por alguma razão pessoal. Na minha opinião, valeu muito à pena contratar esse pacote pois, todos os dias você carrega suas coisas de um refúgio a outro e quanto menos peso, melhor. Tudo ocorreu como planejado!

Outro detalhe importante é que é possível escolher o ponto de partida do percurso. Começamos pelo Refúgio Central, onde logo de cara se faz a trilha para as torres. Preferimos assim, mas quem quiser pode fazer o percurso ao contrário.

A comida:

Quanto a comida, a comida é excelente com opções para celíacos e vegetarianos, só é preciso informar com antecedência.

E como são os refúgios?

Quanto à estadia, os refúgios possuem quartos, banheiros e refeitório coletivos. Em apenas dois dos refúgios, Los Cuernos (#3) e Paine Grande(#4), existe a opção de quartos privados, o que já adianto, faz toda a diferença para quem se importa com um pouco mais de privacidade e conforto. Para os mais aventureiros, também dá para acampar!

Dia 1 – Refúgio Las Torres: Chegada ao parque

Nesse dia você e tantas outras pessoas que seguirão o mesmo roteiro se alojam e se concentram para o início do percurso que ocorrerá no dia seguinte pela manhã. Não há muito o que se fazer além de socializar com os companheiros de quarto ou com aqueles com quem você se senta à mesa.

Ali é o momento que você entra no clima e aproveita para se preparar para o dia seguinte.

Dia 2: Las Torres – El Chileno – Base das torres – El Chileno

Total: 9,5 km

O percurso é de subida até o Refúgio El Chileno onde deve-se fazer uma parada para lanchar e, principalmente, para deixar as malas e seguir a partir dali carregando apenas o necessário: água, comida e, se for o caso, os sticks.
A subida continua até a base das torres, onde o último trecho é o mais difícil pela inclinação e pelo solo ser todo de pedra, nesse momento, os sticks são uma mão na roda para ajudar na caminhada.

Torres del Paine
Início da trilha – Refúgio Las Torres ao fundo

O clima muda a todo instante, portanto, a recomendação é para se ter paciência caso você chegue à base das torres e elas estejam encobertas. E muda mesmo de uma hora para a outra, chegamos com sol e saímos com uma baita nevasca.Quanto à vista… não dá para descrever. Não é à toa que este cenário é considerado um dos mais incríveis do mundo. Só vendo ao vivo e a cores para se ter ideia do que é de fato!

Torres del Paine
Primeira subida, partimos lá de baixo e esse foi só o começo.
Torres del Paine
Há água potável e cristalina em abundância pelo caminho, basta ter a sua garrafinha.
Torres del Paine
É bom ficar sempre atento às surpresas no meio do caminho. Aqui um filhote de raposa e sua mãe.
Torres del Paine
Último trecho de perrengue até que……….
Torres del Paine
Eis que surge a vista mais impressionante da minha vida!
Torres del Paine
Nevasca chegando, hora de voltar.

De volta ao refúgio e para quem tiver pique, a dica é acordar de madrugada para admirar o céu ultra estrelado. Ali é possível observar a Terra redonda, a quantidade de estrelas é imensa, fica aí uma dica para quem tiver esse tipo de disposição.

Este é o refúgio mais rústico de todos. Apesar de dormirmos em camas, eles não disponibilizam lençóis e cobertores, apenas sacos de dormir. Sugiro, quem tiver, levar o seu. Confesso que não foi muito fácil dormir em saco coletivo #ficaadica, principalmente, porque a energia é desligada durante a noite, logo, e não tem aquecimento.

Dia 3: El Chileno – Los Cuernos

Total: 14km

Em comparação com as outras etapas do circuito, o segundo dia de trajeto foi para mim o mais monótono do circuito e, mesmo assim, foi de longe uma das paisagens mais lindas que já vi.

Torres del Paine
Segue a trilha beirando o Lago Nordenskjold

O percurso é quase todo plano, com alguns pontos de subidas e descidas e, por boa parte vai beirando o lago. A partir de um determinado ponto, a paisagem parece mudar a cada quilômetro caminhado. Nesse dia a chegada é relativamente mais cedo que os outros dias e, como o dia seguinte é longo, a dica é descansar bastante.

Torres del Paine
Atalhos
Torres del Paine
Cuernos del Paine

O refúgio de Los Cuernos

Muito bem localizado em meio a um local de extrema beleza, Los Cuernos é o refúgio mais lindo e aconchegante de todos. Reservamos uma cabana privada com lareira (um luxo comparado a todas as estruturas até aqui), o que fez uma diferença absurda e foi maravilhoso para descansarmos melhor). Nessa altura da viagem o corpo já está um pouco cansado e tem que se preparar para os dois trechos mais longos que virão a seguir, portanto, recomendo muito a estadia nas cabanas.

Nesse ponto do circuito já é possível observar pela primeira vez, um pedacinho do Glaciar El Grey.

Torres del Paine
As cabanas privadas de Los Cuernos
Torres del Paine
Pôr do sol visto da cabana

Dia 4: Los Cuernos – Acampamento do Italiano – Mirador Francês – Mirador Britânico – Paine Grande

Total: 24Km

Bom, este dia possui duas possibilidades. De cara, e mesmo com medo do cansaço, queríamos fazer a trilha completa que vai até o Mirador Britânico.

Saindo de Los Cuernos percorre-se um trajeto de 5,5 Kms até o Acampamento Italiano, onde é possível deixar a bagagem excessiva para seguir a trilha. Leva-se, novamente, apenas o necessário: água, comida e sticks. O uso desse equipamento é muito pessoal, no meu caso, gosto de andar com o mínimo possível de aparatos, portanto, nesse ponto eu deixei os meus para trás e não me arrependi. Já com o Fernando, meu marido, foi o oposto. Fica à critério de cada um.

Torres del Paine
Torres del Paine
Mirador Francês

Pode-se concluir o dia no Mirador Francês e voltar, ou, continuar até o fim e vislumbrar aquela que é considerada a vista mais linda do passeio, a vista do Mirador Britânico, com uma visão de 360 graus, rodeada de montanhas para todos os lados, a partir do meio do parque.

Torres del Paine
Subindo para Mirador Britânico
Torres del Paine
Parte das Torres vista de trás

Ali, as torres são vistas por detrás. Só mesmo ao vivo para poder saber o que é este lugar. Jamais diria para alguém deixar este trecho para trás! Por incrível que pareça, não é tão difícil como parece ser.

Torres del Paine
Mirador Britânico
Torres del Paine
Panorâmica

Depois de curtir as vistas, é hora de  voltar tudo e seguir para o último dos refúgios. O trecho de subida e descida é de aproximadamente 11 km (5,5 Km para subir e 5,5 para descer) e em seguida, vem o trecho final feito com as mochilas de 7,5 km. Esse último trecho é bem cansativo mas, como cada passo do circuito, tem paisagens lindas, como uma floresta de árvores prateadas que parece mais um vale encantado. Chega a ser revigorante!

Dia 5: Paine Grande – Glaciar El Grey – Paine Grande – traslado de volta

Total: 22km

Último dia e ainda uma longa caminhada pela frente.Em Paine Grande também é possível reservar um quarto privado e, nem preciso dizer o quanto isso foi bom!!

Pela manhã, pé na estrada. É uma trilha longa, com alguns trechos de subida e descida. Em um certo ponto, já é possível caminhar observando o El Grey de frente mas ainda é preciso caminhar um bom tempo para se chegar perto dele.

 

Torres del Paine
El Grey
Torres del Paine
Iceberg- O mais perto que chegamos

Chegando lá, vale dedicar um tempo para a contemplação, mas é bom estar sempre atento ao horário pois tem todo o caminho de volta a Paine Grande de onde sai o barco, com hora marcada, e que vai levar todo mundo que termina o circuito até o ponto onde se pega o ônibus de volta.

Este é o último ponto para quem percorre o W. Para os mais aventureiros que seguem para o Circuito O, a trilha continua.

Torres del Paine
Ainda tínhamos todo o caminho de volta, mas já podíamos dizer: “Missão cumprida!”

E vale a pena fazer o circuito W de Torres del Paine?

Nós ficamos mais do que satisfeitos com o W. Foi uma conquista e tanto. Nós, que gostamos de viagem de natureza e gostamos de caminhar, voltamos exaustos, porém, realizados. Pelos próximos 2 dias eu mal andava, descer do ônibus foi uma tarefa um tanto complicada, mas eu garanto que, cada passo e cada esforço é recompensado. Foi uma das experiências mais incríveis da minha vida!!

Dicas para planejar sua viagem para Torres de Paine:

Preparo físico:

Uma consideração muito importante é quanto ao preparo físico necessário para se cumprir o Circuito W com tranquilidade. É preciso sim um bom de preparo, afinal, é uma longa jornada, às vezes até tortuosa, em apenas 4 dias.

Treine bastante, faça caminhadas com elevação e se possível mochila nas costas e vá feliz. Nada impossível para quem gosta desse tipo de aventura e curte admirar a beleza estrondosa de um dos lugares mais lindos do planeta! Longe disso!

Fazendo as malas para o circuito W

Uma viagem que se leva tudo nas costas deve conter apenas os itens necessários para não haver sobrepeso desnecessário. Aqui vai uma lista básica de itens essenciais:

  • Roupa impermeável ou semi-impermeável (uma claça e um agasalho cortavento)
  • Fleece
  • Uma muda de roupa íntima por dia
  • Meias (uma por dia para dormir e caminhar no dia seguinte)
  • 2 ou 3 pares de meias grossas
  • Para as mulheres: tops
  • Uma camisetinha de algodão por dia
  • 2 camisetas manga longa
  • uma muda de roupa para ficar nos abrigos após o banho (calça e agasalho de moletom)
  • tênis ou botas para caminhada
  • um par de chinelos
  • cachecol
  • gorro
  • óculos escuros
  • luvas
  • comidas para a trilha como barrinhas de proteína, chocolates, nuts, etc…
  • garrafa para água
  • sticks (opcional)
  • mochila para as roupas
  • mochila de ataque para os itens essenciais
  • saquinhos para lixo e para separar a roupa suja
Patagonia Chilena
Nossas mochilas

E aí, curtiu as dicas?

Alguém aí já fez essa viagem e quer compartilhar com a gente o que achou?

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Torres del Paine
Glaciar Perrito Moreno

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mari vidigal
mari vidigal
Viajante incansável, daquele tipo que no meio de uma viagem já está pensando na próxima, na próxima e na próxima. Apaixonada por fotografia, natureza e vinhos

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Comentários:
Avatar Ana disse:

Oi,

Adorei o post, obrigada por compartilhar.

estou pensando em fazer um roteiro muito parecido com esse. Duas perguntas: Em que época vocês foram? E qual o nome de onde alugaram o carro? Recomendam carro mesmo ou bus seria mais vantajoso?

abraços,

mari vidigal mari vidigal disse:

Oi Ana,
Os meninos viajaram em fevereiro ( bem no comecinho do mês).
De Punta Arena a Puerto Natales vale super a pena pegar onibos. De puerto Natales a El Calafate, há poucos ônibus e a viagem demora muito mais tempo, por isso eles alugaram o carro.
Num mundo ideal, vc compra um bilhete de avião Buenos Aires – El Calafate e volta pelo Chile, como eles decidiram mudar o roteiro no último minuto, fizeram dessa forma!
Beijos e aproveite muito a viagem!
Mari