5 dicas para quem tem medo de viajar sozinha

Medo de viajar sozinha? Quer fazer uma viagem solo mas não sabe como lidar com seus medos? Bem vinda ao clube! Há dezenas de mulheres que assim como você morrem de vontade de ter essa experiência mas não sabem como começar. Pra te ajudar, preparamos este post certeiro com 5 dicas para quem tem medo de viajar sozinha! Vamos nessa?

Muito tem se falado nos últimos três anos sobre mulheres viajantes e a autonomia de viajar só, porém, há ainda muita gente que não experienciou isto. Eu, por exemplo, viajo sozinha desde 2010 e desde então, lá se vai, quase uma década, cinco países depois e um tanto de viagens. Assumo para vocês que o meu começo não foi fácil! Saí de São Paulo diretamente para um intercâmbio de um mês com os nossos vizinhos hermanos, em Buenos Aires. Ali, aprendi coisas básicas que no meu cotidiano não eram cobradas, apesar de eu já estar na idade adulta, como: gerenciamento de tempo e dinheiro, conversas com desconhecidos em uma língua que não era minha, administração de um apartamento que eu dividia com uma carioca (que me deu muito trabalho!) e claro, a deliciosa e perturbadora possibilidade de decidir SOZINHA o quer fazer.

Para falar sobre a nossa liberdade de escolha, escolhi um trecho de um livro que eu gosto muito, “A insustentável leveza do ser” de Milan Kundera, publicado em 1984, um romance que se passa na cidade de Praga, na República Tcheca, em meio ao levante da Primavera de Praga, comandado principalmente, por jovens, como forma de resistência ao domínio da extinta União Soviética.

“Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está a nossa vida, e mais ela é real e verdadeira. Por outro lado, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar, com que ele voe, se distancie da terra, do ser terrestre, faz com que ele se torne semi-real, que seus movimentos sejam tão livres quanto insignificantes. Então, o que escolher? O peso ou a leveza? […] Sentiu um peso, mas não era o peso do fardo e sim da insustentável leveza do ser.

Escolhi esse trecho, pois é como se o escritor tivesse colocado em palavras a minha crise diante da minha primeira viagem solo. Apesar de querer muito viver todas as experiências pelo caminho, eu sentia muito medo. Pensando que esta é uma questão que pode passar pela cabeça de várias mulheres, decidi escrever com base nas minhas viagens, o que fiz para vencer esta barreira através de 5 dicas. Aí vão minhas 5 dicas para quem tem medo de viajar sozinha!

5 dicas para quem tem medo de viajar sozinha

Analise os seus medos e receios

Medo de viajar sozinha

Motter Home Hostel em Curitiba // Foto por Thaís Carneiro

O primeiro passo e o mais importante é investigar a natureza dos nossos temores! Longe de eu apontar o que pode ser classificado como medo, perigo ou paranoia. Muito cuidado para não deixar ninguém te diminuir, catalogando os seus receios.

A auto-análise que te proponho é olhar para os seus medos e ver qual a força que eles exercem sobre você. Eles chegam a castrar os seus sonhos? Tornaram-se obstáculos? Se você responder sim, é o momento de buscar um apoio profissional de um(a) terapeuta. Ainda temos uma série de tabus e preconceitos sobre a terapia no Brasil, mas é um oportunidade fantástica de autoconhecimento e cura.

Por outro lado, se as suas preocupações ocupam um papel secundário na sua vida, talvez seja o momento de você pegar esse medo e levá-lo na sua próxima viagem! (Vai que você volta sem ele :P)

Faça programas sozinha em sua cidade

Se você não viaja sozinha, pois não está acostumada a curtir a sua própria companhia, não se preocupe! A nossa cultura é permeada por conflitos em relação à solitude, considerando-a como solidão. Esta, por sua vez, é tida como sinônimo de fracasso. Quem nunca ouviu críticas por estar solteira, por exemplo? Isto vale também para mulheres divorciadas e mães solo.  Desta forma, não somos educadas para curtirmos a nós mesmas, mas a estarmos sempre dispostas em passeios com familiares, amigos e amores.  

Uma estratégia para começar a sentir a experiência da viagem solo é explorar a sua própria cidade com um olhar de viajante! Não importa se você está em São Paulo, Rio de Janeiro ou Pirapora do Bom Jesus. O que importa é treinar a sua observação daquilo que é considerado banal e costumeiro.

Para tanto, permita-se ir ao seu restaurante predileto, ver aquele filme incrível sozinha, sentar num café e passar a tarde lendo um livro, fazer um piquenique no parque, se deixar embalar num rede no fim de tarde. Não importa a atividade! A ideia é te propor pouco a pouco, atividades que te tirem da sua zona de conforto e te permitam aguçar a vontade de se lançar para uma viagem.

Inicie com viagens de bate e volta

Medo de viajar sozinha

Vila de Paranapiacaba // Foto por Thaís Carneiro

Quer explorar o mundo das viagens, mas ainda se sente receosa? Aproveite as viagens de curta distância, os clássicos bate e volta! Dá pra você explorar a viagem solo e fazer viagens mais econômicas quando a grana está apertada.

Como moro em São Paulo, uma viagem rápida tradicional, é dar um pulo no litoral e dependendo da cidade, isto leva cerca de uma hora, apenas. Sério! Uma hora para praias lindíssimas no Guarujá. Por outro lado, a cidade te permite acessar cachoeiras incríveis também.  

A ideia é mapear o que de bacana tem ao redor da sua cidade para curtir! Não necessariamente, você precisa  ir para outra cidade. Você pode explorar um distrito, como Bichinho de Tiradentes e Piedade de Paraopeba de Brumadinho, ambos em Minas Gerais. Também pode explorar cidades acessíveis por transporte público, como Mariana e Ouro Preto, São Paulo e vila de Paranapiacaba.

Deixe seu roteiro com familiares e amigos

Algo que faço sempre é deixar o meu roteiro com os meus familiares! Em minha primeira vez na Europa, lá nos idos de 2014, eu tinha fechado 17 dias em que percorreria 3 cidades na Espanha. Na época, as pessoas estavam começando a se adaptar ao uso do Whatsapp e a comunicação já estava mais fácil do que quando eu viajei pela primeira vez. Porém, eu estava me lançando em um aventura, que era ter reservado apenas um dia de hospedagem paga e outras três por hospedagem solidária, através da plataforma Couchsurfing e casas de conhecidos. Todos eram homens e eu senti muito medo por isto, mas com o orçamento apertado e a vontade me lançar por esse mundo, decidi arriscar. Foi uma das experiências mais incríveis que tive e os maiores gestos de acolhimento e solidariedade. A melhor escolha que fiz naquele momento.

Porém, como a gente já está farta de ouvir relatos de abusos, decidi me precaver de algum modo. Enviei um email para os meus pais com todos os meus itinerários, telefones e endereços que eu tinha acesso. Isto me deixou bem mais tranquila como os meus familiares, já que eles não saberiam nem como pedir ajuda em algum caso de necessidade, já que não sabem a língua nem os procedimentos, como conversar com a embaixada brasileira.

Acompanhe mulheres que já viajaram só

Trocar experiências com outras pessoas é uma das experiências mais ricas que viajar te proporciona! Assim, se você ainda está investigando a possibilidade de viajar só, converse com alguém que já teve esta experiência para você começar analisar os prós e contras.

Muitas vezes, não temos ninguém por perto que tenha tido determinadas vivências e aí que entra o mundo mágico da internet! No Facebook, temos centenas de grupos de viajantes, que conversam entre si sobre suas experiências pelo mundo e aproveito para indicar alguns para vocês: Na estrada com as Minas, Mochileiras e Mulheres Viajantes – by GirlsGo  e Couchsurfing das Minas.

Se você for mais tímida, pode acompanhar a trajetória de mulheres que viajam sós através de outro canais como blogs e livros. Dentre os livros, indico dois que são incríveis:

  • “Mas você vai sozinha?” da Gaía Passarelli, que já está em sua segunda impressão e traz contos de viagens que a escritora já experienciou nas últimas décadas, acompanhado de ilustrações lindíssimas e dicas práticas de cada local visitado.
  • “Queria ter ficado mais!”, da editora independente Lote 42, uma coletânea de 12 contos de viagem produzidos em forma de carta e que percorrem o mundo, com relatos de Buenos Aires a Hong Kong.

Outro canal de informações é dar uma olhada em blogs que produzem conteúdo a partir do ponto de vista de mulheres viajando sozinhas. Dou um destaque especial ao Mariana Viaja, a Mari tem várias dicas interessantes e crônicas que valem a leitura. Um texto bem legal dela é o Dicas de segurança para viajar sozinha. E claro, aqui no Ideias na mala tem alguns bons posts sobre viajar sozinha!

Permita-se!

Diante de todas estas dicas, espero que a sua vontade de sair com a mochila nas costas para qualquer lugar que você queira tenha se fortalecido e que perceba a rede de mulheres viajantes que tem pelo mundo, disposta a te apoiar. O mais incrível disto é poder ver as pessoas tomando as decisões que querem para a sua vida!

Vamos continuar a nossa conversa pelos comentários? Conte se você já deixou de viajar só por medo ou se decidiu abandoná-lo e saiu por aí!

Veja também:

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Thais
Historiadora, estuda mulheres viajantes latino-americanas no século XIX. Criadora do projeto Mulheres Viajantes que visa o empoderamento feminino através da publicação semanal de relatos de mulheres que viajam sozinhas e/ou entre amigas e do Mulheres Viajantes vai às ruas, que propõe o encontro destas mulheres para discutir questões caras às mesmas.

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