O bebê e eu: relatos da nossa viagem diurna de 16 horas

Eu tava com um pouco de receio. Trocar um vôo noturno e uma conexão boa com o maridão do lado por um voo diurno, via Miami (que para mim é o pior aeroporto dos EUA para fazer conexão) não me parecia uma ideia esperta. Por outro lado, a chance de passar mais três semanas no Brasil com a família, e ter um monte de avôs dando aquela força com o Tom falou mais alto e num momento de fraqueza eu fui lá e mudei o vôo.

Mudei e procrastinei todo e qualquer pensamento sobre assunto. Eu teria que encarar as quase 16 horas sozinha com o pequeno, fato. Mas não precisava pensar muito no assunto, precisava?

Até que chegou o grande dia…

Malas prontas, mala de mão carregada com um kit de brinquedos, frutinhas e leite (neste post aqui conto em detalhes o meu arsenal, e todos os meus segredos para não enlouquecer nos vôos com um bebê de 14 meses) chegou a hora de ir para o aeroporto e aquele medo começou a bater. Agora não tem mais volta e eu teria que encarar!

O bebê e eu

Tom e eu no vôo de ida para o Brasil: cara de descansada porque o Gu estava junto pra segurar a barra. Não tenho fotos da volta, e quer saber? Melhor assim. Rs

Primeiro passo: Check-in

Sorriso no rosto, baby no colo e um pedido encarecido: “Moça, se tiver qualquer poltrona vazia no avião, posso ficar com ela do meu lado?” Simpática, a atendente garantiu minhas primeiras 8 horas de conforto e bloqueou os três únicos bancos do avião para mim! Viva!

Nessa hora baby Tom estava capotado, então deixei para passar pela polícia federal um pouco em cima da hora e não acabar com o sono dele a toa. Mas claro que assim que tirei o coitado do carrinho para passar no raio X foi aquela choradeira brava e rapidamente controlada com um pão de queijo (e viva o santo dos bebês gulosos!)

As dificuldades

Quando penso em 16 horas de viagem com um bebê ativo, três dificuldades me vem em mente. E olha que não tô falando das explosões de cocô, e nem do leite derramado naquela blusa cheirosinha porque depois de um par de viagens esses já são desafios que tiro de letra:

A) Como manter o pequeno confinado nos três bancos de avião evitando uma choradeira?

O Tom ainda não sabe andar, mas ele já fica em pézinho e se move para cá e para lá com um apoio. O problema é que ele ama engatinhar e por mais que eu me esforce corredor do avião não é um bom lugar para isso (imagina só a quantidade de sapatos que ele ia arremessar e de coisas que ele ia tirar do lugar no caminho. Isso se ele não resolvesse abraçar um estranho. Não, melhor não). O jeito foi sentar no corredor e deixar ele brincar alternando o chão e as poltronas até cansar. Com duas poltronas livres, consegui dar um espaço bom e gastar as energias do baixinho. No final das contas permanecer nas poltronas e distrair o pequeno foi o mais fácil dos desafios do voo.

Fui alternando os brinquedos que levei e usando o que aparecia no avião como brinquedo até o cansaço bater. Copos de plástico? Vamos brincar de pôr e tirar. Mesinha do avião? A brincadeira é abrir e fechar. Controle remoto da Tvzinha. Fica a vontade filho, pode apertar todos os botões do mundo (só não vale chamar a aeromoça.)

viajar de avião com um bebê de 1 ano

Abre e fecha janela: um brinquedo ótimo!

Quando ele começou a bocejar, troquei a fralda e armei nossa cabaninha para descansar. A cabaninha nada mais é do que usar os cobertores do avião pregados nas poltronas para deixar escurinho. E funciona que é uma beleza para o Baby Tom que está acostumado a dormir no escuro.

B) Usar o banheiro (apertado de avião) com um bebê de 13 Kg no colo? (Multiplica essa dificuldade pelo número de vezes que uma grávida vai ao banheiro para sentir o drama).

Sentar na privada do avião? Pode esquecer que essa não é uma opção. Prefiro ser mãe alterofilista e equilibrista. Só que não é fácil equilibrar o bebê sem deixar que ele abra a porta do banheiro (afinal abrir e fechar é uma das habilidades novas do pequeno e ele ama praticar) mirando o jato de xixi.

Acho que de todos os desafios do vôo esse foi o mais chato e infelizmente não tenho nenhuma dica milagrosa para te ensinar, o jeito é distrair o pequeno como der: cantando, fazendo careta e mantendo a mãozinha ligeira o mais longe possível do trinco da porta.

Pensando que um ser humano faz xixi 4 ou 3 vezes durante o voo. Sussa. Pensando que uma grávida faz a cada meia hora… PROBLEMA NA CERTA! Cada vez que aparecia a danada da vontade de fazer xixi eu pensava. Será que preciso mesmo? Pior é que eu sempre precisava.

E claro que quando ele dormiu, minha bexiga nem quis saber de fazer o mesmo e continuou trabalhando enlouquecidamente. Imaginem a cena: mãe louca espera alguém sair do banheiro, corre lá pra dentro antes que alguém chegue primeiro e faz xixi em velocidade de fórmula 1 com medo que o pequeno role do banco enquanto dorme e se esborrache no chão.

C) Hora de comer: como fazer para o baby Tom não jogar nenhuma das duas bandejas no chão

Pra quem já achou o drama do xixi engraçado, espere só até ver a sessão bandeja. Peço duas, uma com frango (bem razoável) e uma com polenta (abaixo da crítica) para ver o que o Tom vai gostar de comer. É só a aeromoça depositar as bandejas na mesinha pro bebê parar de fazer o que estava fazendo e olhar com as bandejas com cara de “é você que eu vou derrubar”. Falo que não em tom bravo, entra por uma orelha e sai pela outra. Ele está determinado, a bandeja é um brinquedo incrível e que aparentemente precisa ir pro chão.

Tento pensar rápido e apelo para o pão. Ele adora pão e vai me dar 5 minutos, penso ingênua. Dou o pão e com uma agilidade de mulher gato esvazio parcialmente uma das bandejas e coloco debaixo de banco, pronto está escondido e agora só tenho que lidar com uma bandeja. 50% do problema resolvido.

O pão estava uma droga e 30 segundos depois ele se volta para a bandeja com cara de “Cadê meu brinquedo”. Rápida vou passando brinquedos: “potinho de manteiga fechado (ele não sabe abrir, ufa), colher e umas outras coisas que não tenho ideia do que eram, para ele brincar e enquanto isso vou dando arroz com frango, e o molho de tomate em colheradas alternadas. Ele não está com muita fome porque o pão de queijo que dei antes de entrar no avião havia feito um bom trabalho, mas eu estou faminta e disposta a comer tudo o que conseguir antes de um eventual arremesso de bandeja.

Passou a aeromoça oferecendo bebidas, que recusei com cara de “você acha mesmo que quero um copo cheio de algo enquanto luto pra manter a bandeja em pé?” e agradeci.

Assim que acabei de comer um senhor do meu lado (do outro lado do corredor) se ofereceu para ficar com a minha bandeja. Agradeci! Estava encerrada a guerra e só teríamos outra depois de umas 6 horas. Ufa, essa foi pauleira!

Veja também: Dicas para viajar de avião com um bebê de um ano.

Conexão de 5 horas em Miami

Nova horas e muita brincadeira depois, chegamos a Miami. Com a conexão de 5 horas, desembarquei sem pressa, fiz aquela imigração demoradíssima, peguei as malas na esteira, redespachei e segui rumo ao próximo portão. E sabe quanto tempo eu levei nessa história toda? 2 horas e meia! Não eu não comi bola e realmente não tinha como fazer mais rápido, Miami é cheio mesmo e conheço o aeroporto como a palma da minha mão.

Como nos vôos internos americanos não há comida, passei num restaurante e pedi um prato para o Tom e uma salada para mim. Escolhi mal, ambos estavam péssimos, naipe comida de avião só que a preços de aeroporto. Comemos o que deu, e pra garantir que não ficariamos com fome comprei as duas bananas mais caras da minha vida. Valeu a pena!

Hora de limpar o chão do aeroporto

Depois de comer um pouquinho segui até nosso portão de embarque e soltei o pequeno para engatinhar. Soltei e fiquei andando atrás dele que nem barata tonta, incansável o pequeno se arrastou por toda o salão de embarque, foi e voltou, foi e voltou. Sentou, levantou, rolou. Fez tudo o que queria ter feito nas últimas horas sentados no vôo.

E eu apoiei com todas as forças: vai lá filhão, se esbalde!

viajar de avião com um bebê de 1 ano

Tom engatinhando no aeroporto de Miami: não é dos momentos mais limpos, mas rende um belo gasto de energia

Segundo vôo: faltam só mais 5 horas de viagem

Baby Tom cansado e eu louca pra tirar um cochilo embarcamos para o segundo vôo. Nos deram a poltrona da frente e sem ninguém do lado, comemorei feliz. O que eu não tinha percebido é que apesar do espaço lindo no pé, eu não conseguiria juntar as poltronas para colocar o Tom deitado.

O que isso significa na prática? 

Um ser de 13 quilos no colo, louco pra dormir, durante as mais de 5 horas de vôo (e uma grávida querendo ir ao banheiro de meia em meia hora). Aguentamos bem as primeiras 2 horas. Assim que eu precisei ir ao banheiro pela segunda vez, o pequeno que foi delicadamente acordado, fez a cara de mais cansado do mundo e se pôs a choramingar.

A aeromoça mais gente boa de todos os tempos

No caminho para o banheiro (minha ida ao banheiro não era adiável, lembra? Grávida adooora banheiro) uma aeromoça fofa que estava sentada nos últimos bancos sozinha se ofereceu para trocar de lugar. Ela resmungou da escolha: “não sei porque te botaram naquele lugar” e se ofereceu para ficar com o Tom enquanto eu usava o banheiro (VIVA!) e me ajudou a ajeitar as coisas para deixa-lo confortável.

5 minutos depois estávamos os 2 deitados (eu deito de lado e os dois cabemos na mesma poltrona. Apertado? Muito, mas com um esforcinho, cabe!) nas três poltronas, capotados. O Tom dormiu tão bem e tão profundo que não acordou até o dia seguinte (detalhe que coloquei ele deitado no carrinho, transferi para a cadeirinha do carro, quando chegamos em casa troquei a fralda que tava explodindo e coloquei no berço). Um santo de bebê!

E finalmente chegamos!

Quase 16 horas de viagem depois, chegamos a San Francisco, nosso destino final! Feliz de chegar inteira, de trazer o pequeno sem grandes sofrimentos e de dar aquele super abraço no Gu. Foi um mega perrengue mas valeu!

E aí, curtiu o relato?

Alguém aí já enfrentou um perrengue desses?

Veja também:


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mari vidigal
mari vidigal
Viajante incansável, daquele tipo que no meio de uma viagem já está pensando na próxima, na próxima e na próxima. Apaixonada por fotografia, natureza e vinhos

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Comentários:
Avatar Arleth Gomes De Souza disse:

Mano, cansei só de ler…viemos do Brasil com meu baby de 3 anos ( não tão baby assim,rs),com o merido ajudando e foi um sufoco!Parabéns, você é uma mulher de coragem,rs!
Ps: seu filho é lindo!

mari vidigal mari vidigal disse:

Obrigada Arleth <3

Avatar Anna Lúcia disse:

Parabéns por todas as suas postagens! Estarei indo com meu marido e meus filhos em janeiro para 20 dias de férias pela Califórnia. Me orientei em seus posts, muito obrigada, eles são maravilhosos. Viajo com meus filhos desde bebês e jamais imaginei viajar sem eles mesmo com todo esse trabalho. Seu relato foi sensacional, realista e cômico ( para nos leitores), só fazendo a gente gostar mais ainda de acompanhar seu blog. Muita saúde para você e sua família. Continue passeando muito com seus filhos e nos contando. Isso faz a vida valer a pena! Grande abraço para você e sua família.

mari vidigal mari vidigal disse:

Super obrigada pelo carinho Anna Lúcia. Espero que curtam muito a Califórnia, e se puder. Passe aqui na volta pra contar como foi!
Beijos

Avatar Anna Lucia disse:

Nós é que agradecemos! Beijos!

Avatar Simone disse:

Ótimo poust! Parabéns pelo novo bebê!

mari vidigal mari vidigal disse:

Obrigada <3