Safari de camelos na Índia – aventura no deserto indiano

Quer fazer um safari de camelos Índia? Veja nesse post todos os detalhes desse passeio: onde começar, quanto custa, o que levar e muitas outras dicas.

Safari de camelos na Índia

Até começar a pesquisar sobre a Índia e suas possibilidades de passeios, jamais associei a Índia com camelos. Até então, camelo para mim era sinônimo de Marrocos,  Egito e outros cantinhos  “mais desérticos”. Sabe aquele estereótipo e filme: Um tapetão intocado de areia e morrinhos de areia sem fim, era isso que eu esperava de um deserto com camelos. Mas Índia?

Safari de camelos na Índia

Amigo camelo se exibindo para nós

Ao estudar o país, e principalmente, o Rajastão, um dos lugares que eu mais queria visitar, percebi que o “tal do passeio de camelo” – mais conhecido como “Safari no deserto” é hiper popular por lá e um dos motivos que mais atrai pessoas a fofíssima cidade de Jaisalmer. Outras cidades como Bikaner, e Pushkar (apesar de não serem tão fotogênicas e nem terem as dunas de areia intocadas de Jaisalmer) oferecem opções de safari bem interessantes e uma chance bacana de acampar no deserto Indiano. Nesse post descreverei a experiência em Bikaner, com direito a muitas dicas práticas para quem planeja fazer algo parecido.

Quer saber como foi o meu safari? Leia este post.

Mas porque raios eu escolhi fazer um Safari de camelos em Bikaner?

Na verdade não fui eu quem escolhi. O Safari de camelos era parte do meu tour pela Índia (India on a Shoestring da G Adventures) e já estava incluso no pacote. Confesso que até achei um pouco estranho o Safari não ser nas dunas de Jaisalmer, mas logo entendi que provavelmente era uma questão de custos. Bikaner é muito menos popular por seus safaris de camelo do que Jaisalmer, e como a procura por parte dos turistas internacionais é bem menor os preços também são bem menores.

O que eu achei legal de Bikaner, foi o fato do safari percorrer vilas minúsculas no meio do nada – e diferente de Jaisalmer, em nenhum momento os locais vinham pedir dinheiro ou vender coisas, eles continuavam por alí tocando suas vidas normalmente enquanto nós passávamos, tentando atrapalhar o mínimo possível e ao mesmo tempo, curtindo, admirando e fotografando os contrastes. Não esbarramos em nenhum outro grupo de camelos e nada que aparentasse um mundo turístico. Foi sem dúvida especial.

Safari de camelos na Índia

Chegando numa das vilas

Safari de camelos em Bikaner

Crianças buscando água em uma das vias que passamos

Como é o Safari de camelos na Índia?

Seja em Bikaner, Pushkar ou Jaisalmer o Safari de Camelos é um passeio de 2 ou mais dias de duração com direito a acampar no deserto, e provar refeições típicas (surpreendentemente deliciosas) cozinhadas em fogueiras feitas no caminho, ou no acampamento. Você é quem escolhe o escopo do passeio: duração, número de horas em cima do camelo, número de noites e os preços variam conforme esse escopo. Tenha em mente que quanto mais barato o Safari, menor será seu conforto. Muitas vezes dorme-se a céu aberto, sem barracas e a qualidade das refeições varia bastante. Assim, recomendo que você pesquise bastante, negocie bem os preços e evite a opção mais barata – que raramente é a melhor delas.

Safari de camelos na Índia

Puxador de camelos com mamãe camelo e seu filhote. Sim eu sei que é dromedário, mas insisto em chamar de camelo 🙁

E quanto custa um Safari de camelos na Índia?

Durante sua viagem pela Índia você vai descobrir que o preço das coisas varia bastante conforme o bolso e a cara do freguês, e que o preço pago reflete diretamente na qualidade da experiência. Assim negocie BASTANTE e evite escolher a mais barata das opções sem saber exatamente o que ela oferece. É possível encontrar Safaris a partir de 850 rúpias por noite, mas tenha em mente que uma boa experiência custa entre 1200 -2000 rúpias. Estes pacotes mais caros geralmente incluem ida de Jeep até um ponto mais distante do deserto para aí sim começar a jornada.

A Carol do Mochilão trips pagou cerca de R$60 (1.550 rúpias) no Safari dela e descreveu detalhes da experiência neste post. A Carol fez o passeio dela em Jaisalmer, e assim como eu, teve uma experiência mais urbana e menos desértica (ela não foi para o deserto de Thar), mas o que me impressionou da descrição dela foi que as vilas que ela passou já estavam de alguma forma tomadas pelo turismo, enquanto meu safari em Bikaner foi COMPLETAMENTE deserto. Depois de ler o relato dela, curti ainda mais ter feito o safari em Bikaner e não em Jaisalmer.

Quando fazer um Safari de camelos na Índia?

Esse é um passeio bacana para fazer entre Setembro e março. Fuja do verão (julho e agosto), andar num camelo suado com temperatura ambiente superior a 40 graus me parece a maior furada do planeta! Lógico que os Indianos vendem esse passeio mesmo no verão e que cabe a você decidir o que é ou não perrengue para você. Camelo no verão? Não fiz e não recomendo.

Safari de camelos em Bikaner

Safari de camelos em Bikaner

[Fiz meu safari em meados de janeiro, apesar do frio durante a noite, durante o dia, a temperatura estava bem agradável!]

O que levar?

Dependendo do tipo de safari que você escolher, sua bagagem (uma mochila pequena) é levada em uma carroça atrás do grupo de camelos. Ou nos safari mais limitados, você mesmo terá que carregar sua mochilinha. Minha recomendação: leve o mínimo possível.

Alguns itens que não podem faltar:

  • Roupas quentes (no deserto esfria MUITO a noite)
  • Protetor solar
  • Chapéu
  • Papel higiênico
  • Lenços umedecidos (o mais perto que você terá de um banho durante a noite de camping)
  • Garrafa para encher de água
  • Lanterna
  • Hygiene pessoal: escova e pasta de dentes, desodorante. (Não dá para tomar banho, mas escovar os dentes rola).

O que esperar?

Camelos x Dromedários

O primeiro choque do passeio foi: “Mas camelos não tem duas corcovas?”. Aparentemente na Índia Camelo e Dromedário é tudo a mesma coisa, e assim meu Safari de Camelos, na verdade seria uma Safari em Dromedário. Legal, pensei. Nunca andei de Dromedário (mas de camelo sim eu já havia andado duas vezes.)

Safari de camelos na Índia

Dromedário sentando: é ou não é um bicho estranho?!

A levantada do camelo

Na prática senti muito pouca diferença entre um camelo e um dromedário. Depois de duas horas montado em qualquer um deles, as pernas doem do mesmo jeito. Rs. Ambos tem aquele jeitão estranho de levantar, patas de trás primeiro e depois patas da frente, e esse é o momento mais crítico do passeio e o único em que você pode cair.

Safari de camelos na Índia

Dromedário levantando. Será que a Fabi ficou com medo. Hahahah

Eu não me segurei bem na primeira subida, e quando vi, fui parar no pescoço do dromedário, que virou bem rápido e com muita raiva pra tentar me morder, sorte que ele errou a dentada e o guia foi rápido para segurá-lo e eu esperta o suficiente para voltar logo para a cela e ficar bem longe dos dentes feios e grandes daquela fera. Não preciso nem falar que mordida de camelo não estavam nos planos do meu Safari de camelos na Índia e que escapei por BEM pouco. Dalí em diante passei a me segurar com ainda mais força durante as subidas. Escapei da primeira mordida e não iria arriscar a segunda.

Safari de camelos na Índia

Fera mãe (a mordedora) e o seu filhote

E como é o passeio?

O segundo choque do passeio é que não iríamos montar os camelos como se monta a cavalo, e o que o tempo todo seriamos puxados por um menino puxador de camelos. Assim, fora uma eventual queda ou mordida na subida, não existe muito risco e nem chance de você cair do camelo durante o passeio. (Mas para mim que adoro cavalos, foi um pouco frustrante não poder pilotar a fera que quase me mordeu).

Safari de camelos na Índia

Nosso grupo, e os puxadores de camelo em fila indiana

Duas bocas num único dromedário

Além da boca cheia de dentes que quase me presenteou com uma dentada inicial, eu tinha uma segunda boca – e essa BEM mais perto do meu pé do que eu gostaria. Minha dromedário fêmea tinha seu filhote de Dromedário amarrado junto a ela durante toda a viagem. E a pequena fera tinha uma boca de tamanho considerável e que facilmente poderia fazer um pequeno estrago no meu pézinho de cinderela tamanho 39. Fiquei com um medo do cão! Mais tarde aprendi que a “amarração” é uma forma de treinar os dromedários mais jovens a irem se acostumando com seu trabalho. Só que eu levei uns 40 minutos até me conformar que o Dromedário jovem estava muito mais interessado em seguir os passos da mãe do que abocanhar meu pé. Ufa!

Safari de camelos em Bikaner

A minha comissão de frente: um par de cabeças

Baba de camelo

Aparentemente o início de fevereiro é a época de reprodução dos camelos – pelo menos foi isso que os guias nos contaram (tentei buscar informações a respeito e não achei nada relevante nem inglês e nem em português, assim, vamos acreditar na história do guia) – e por isso os machos ficam com a boca toda branca e bem cheia de baba. É bem nojento.

Safari de camelos na Índia

Reparem na baba de camelo na foto

Nos safaris mais chiques é comum que a boca do macho seja coberta e assim você não consegue ver essa baba, que é bem gosmenta. Mas no nosso safari, camelo baboso era o que não faltava. Ninguém encostou e nem foi encostado por uma camelo baboso, mas vai saber… a minha era fêmea, e não babava (mais tinha com um possível filhote mordedor de presente). O que é mesmolho, baba ou mordida? Por sorte não testei nem um e nem outro!

E não confunda baba com cuspe de camelo. O cuspe  (produzido com parte do conteúdo do estômago do camelo) é uma sinal que ele está putissimo da vida com você, e que é melhor nem chegar perto. Camelos bem treinados, como esses que são usados para o passeio, raramente cospem. Mas eles babam, viu! Ô se babam.

Traseiro quadrado

E por fim o mal inevitável de qualquer passeio de camelo (ou dromedário): traseiro quadrado. Depois de duas ou mais horas sentada no lombo duro de uma dessas gracinhas seu traseiro praticamente se transforma numa tábua de passar roupas. Foi tudo! Rs. Mas faz parte do jogo e da experiência.

[Para evitar o efeito tábua de passar em seu traseiro, nosso guia optou por ir de charrete. Mal sabia ele que teria seu lugar roubado pela Fabi no meio do passeio. Rs]

Safari de camelos na Índia

Charrete puxado por camelo

Já a Anja, nossa companheira de tour, em nenhum momento pareceu se incomodar com o desconforto do camelo. Muito pelo contrário, ela parecia estar em casa ;).

Safari de camelos na Índia

Por que sim, o camelo pode ser confortável. Rs

Mas cade o deserto?

“Quando é que chegaremos no deserto?” perguntou alguém do meu grupo, cerca de 40 minutos depois do início do passeio. “Você está no deserto, respondeu nosso guia com cara de obviedade”. E realmente estávamos no meio do nada, num campo repleto de moitas baixinhas espinhudas, que nada se assemelha com o conceito de deserto que muitos de nós temos: dunas de areia branquinha. Mas não dava pra negar que aquilo realmente era o deserto. Se o que você quer é um montão de areia branca, Bikaner não é um lugar para você. Mas se um passeio no vilas minúsculas no meio do nada, com direito a um pôr do sol especial e noite estrelada é algo que você gostaria de viver, taí uma experiência interessante. E sim, andar de dromedário (porque é que sigo chamando o bichinho mono corcovas de camelo?) foi bem divertido.

Safari de camelos em Bikaner

Bem vindo ao deserto de Bikaner

Safari de Camelos em Bikaner

Uma das vilas que percorremos

E a comida?

Nosso passeio incluiu 3 refeições: Almoço, jantar e café da manhã. Comida simples, bem mais gostosas do que eu esperava. Currys com arroz, legumes, chapati (o pãozinho local), dal (lentilhas) e até batata frita (um pedido especial do nosso guia atendido pela equipe simpática) na hora do jantar. Foi bem gostoso e diferente.

Safari de camelos em Bikaner

Almoço no deserto

A noite no deserto

Andar de Dromedário foi interessante, e eu curti bastante ver e fotografar as pequenas vilas pelo nosso caminho, mas sem dúvida a parte mais especial do passeio foi dormir no deserto. Acampamos em tendas de plástico (1 tenda para cada duas pessoas) – a minha tinha um pedaço de ziper faltando e tivemos que abusar das piranhas de elásticos de cabelo para fechar a bichinha. Nossa cama foi uma montanha de cobertores que com ajuda dos nossos casacos segurou bem o frio.

Safari de camelos em Bikaner

O camping

Safari de camelos na Índia

Nossa barraca

Chegamos no acampamento no final da tarde e a equipe montou um banheiro (com direito a privada de louça conectada a um buracão de terra) e um baldão para lavarmos a mão. Ficou BEM melhor do que eu esperava! Enquanto isso nós fomos assistir o pôr do sol do alto das dunas próximas ao nosso acampamento.

Safari de camelos na Índia

O banheiro

Safari de camelos na Índia

Privada improvisada

Jantamos no deserto, fizemos fogueira e demos uma voltinha da escuridão observando as estrelas num silêncio quase total.

Safari de camelos na Índia

Mesa comunitária, foi aqui que jantamos

Safari de camelos na Índia

Pôr do sol no deserto

Safari de camelos na Índia

Fogueira

No dia seguinte acordei cedo, um dos meninos de apoio era muçulmano e havia sintonizado um radio na freqüência da mesquita mais próxima e para mim foi impossível não acordar com aquela barulheira. Aproveitei que já estava acordada e subi na duna para assistir o pôr do sol. Lá no alto encontrei uma das garotas suíças inconformadas que os outros estavam “perdendo o espetáculo”. E lá ficamos ouvindo os sons do radio de pilha grito e vendo o sol nascer. Foi o primeiro de muitos nascer do sol especiais dessa viagem pra Índia

Final do passeio e volta para casa.

No dia seguinte os meninos do apoio voltaram sentados nos camelos e nós voltamos de carroça. Assim chegamos rapidinho até o Jeep que veio nos buscar e nos levar de volta para Bikaner.

Safari de camelos na Índia

Volta pra casa de carroça.

E vale a pena?

Eu adorei a experiência e recomendo. Não, não foi o momento mais especial e nem o mais diferente da viagem pelo rajastão, mas curti a experiência e acho que fez a diferença na soma total das emoções da viagem.

Safari de camelos na Índia

Camelo cantor… ou seria sono?

E aí, curtiu as dicas?

Alguém aí já fez esse passeio de camelo quer deixar umas dicas?

E se você tiver perguntas, deixe um comentário! 🙂

Veja também:

ÍNDIA EM GERAL

Outras cidades da Índia

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mari vidigal
mari vidigal
Mari é editora do Ideias na Mala há 14 anos e mora na Califórnia. Já visitou dezenas de países e explorou boa parte dos Estados Unidos com seus filhos Tom e Caio. Sua paixão? Viajar com o motorhome Rocky e colecionar Springs na Flórida. Mari é conhecida pelos seus roteiros super completos dos principais destinos da Europa (sim! Tem roteiro de Paris, Madri, Londres, Portugal e Amsterdam) e pelo conteúdo mais completo da Califórnia, Flórida e Las Vegas entre os sites de viagem do Brasil. Em 2021 recebeu o prêmio IPW Travel Awards, um dos maiores prêmios de jornalismo de viagem, e em 2024 foi finalista do prêmio Europa de Comunicação.

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