Índia : Um giro pelo bairro azul de Jodhpur
Há quem se contente em vê-lo do alto do Forte Mehrangarh, a construção mais imponente e o ponto mais alto de Jodhpur, mas eu queria vê-lo de perto, caminhar por suas ruelas, me encantar com suas casas azuis, ver gente de verdade e brincar de me perder sem medo de ser feliz.
Nosso guia não entendeu bem minha vontade – que em poucos segundos se tornou “nossa vontade”, eu não era a única curiosa do grupo, e pelo jeito tinha mais gente querendo dar um pulinho no bairro azul de Jodhpur – ele tentou argumentar que o tal do bairro azul não era uma bairro turístico e que não havia nada para ver por lá além de casas azuis e gente. Muita gente.
Veja dicas do que fazer em Jodhpur nesse post.
Meus olhos brilharam. Foi exatamente para isso que eu vim para Índia -pensei -para ver gente, claro que Fortes, palácios, templos e monumentos também faziam parte do meu roteiro, mas o que eu queria mesmo, era ver gente.
Nosso guia nos ajudou a negociar um tuktuk com um preço honesto (e essa é uma das grandes vantagens de ter um guia na Índia, ainda que ele não te acompanhe em 100% dos passeios – e eu nunca quis isso – ele te ensina a se virar no mundo indiano sem ser tão enrolado, viver sem grandes perrengues, comer sem grandes dores de barriga, e volta e meia te ajuda a negociar umas coisas bem negociadas. Tuktuk é uma dessas coisas que é ótimo ter um indiano negociando).
E lá fomos nós, rumo ao bairro azul, sem a mínima ideia do que encontraríamos. Quando chegamos o motorista de tuktutk tentou estabelecer um tempo máximo que teríamos para a visita “40 minutos, disse ele” e eu de cara rebati :”Levaremos 1 hora. Pelo menos”. Sabíamos que ele jamais iria embora sem receber, e era melhor já antecipar o mal humor do cara. Ele teria uma hora para viver com esse mal humor enquanto passearíamos sem pressa pelas ruazinhas do bairro.
Chegada no bairro azul
O bairro azul é um bairro de classe média, um labirinto de ruas estreitas, escadas, becos, Um mundo azul decorado com pitadas de ornamento, enfeites e janelas verdes. Enquanto passeávamos, éramos acompanhados olhares curiosos de locais, uns tímidos, outros loucos de vontade de aparecerem nas nossas fotos. Antes de cada clique perguntávamos se podíamos fotografar, aquele era o bairro deles, e nós é que éramos os intrusos. Não queríamos desrespeitá-los de forma alguma.
A vaca
As vacas são sagradas na Índia. Tão sagradas que quando uma delas tenta entrar na sua casa, ela deve ser recebida como uma benção e tratada com carinho. Certo? Era o que tinham me contado antes da viagem, mas não foi bem o que encontrei. Nas cidades indianas as vacas são como cachorros de rua, comem o que dá e o que aparece. Ninguém ousa desrespeitar uma vaca (especialmente um boi chifrudo), mas pouca gente cuida delas. E a história da vaca em casa? Mito!
Na cidade azul de Jodhpur vimos um touro sarado investir contra a porta aberta de uma casa. Ele tentou entrar, mas recebeu um peteleco tão bem dado na cabeça que saiu correndo como louco – e eu que estava a postos fotografando a cena, tive que sair da frente, rápido.
E já falei que o bairro era apertado, não? O touro passou pelo nosso grupo com uma velocidade tão grande que demos sorte de não sermos atropelados. Tomamos um susto, mas no final das contas demos risada e continuamos o passeio. Bois chifrudos não são bem vindos no interior das casas do bairro azul. Mas pelo visto os locais gostaram da nossa visita e respondiam nossos cumprimentos com sorrisos sinceros.
O convite
E não é que numa dessas interações recebemos um convite inesperado? “o que vocês acham de visitar uma casa azul por dentro?” -falou um senhor indiano. E nós, sem pensar duas vezes, tiramos os sapatos e entramos na casa. A casa era grande, tão grande quanto a família, e tinha três andares, sendo que a parte mais alta era um terraço aberto com uma vista incrível para o Forte de Jodhpur. A vista mais linda do dia, e o momento mais especial.
5 minutos de fama
Fizemos uma boa sessão de fotos lá no alto, a família de indianos também queria tirar fotos com a gente – comigo não, eu sou morena sem graça e não me destaco muito, mas nossas amigas loiras (uma alemã e outra dinamarquesa) fizeram o maior sucesso. A Claire uma irlandesa morena de olhos azuis também atraiu atenção dos fans. Enquanto isso, eu, a Fabi e a Anja aproveitamos nossa cara “sem graça” para relaxar sem flashes e curtir aquele momento todo especial.
Despedida
Quando saímos da casa já estava escurecendo, e por mais que quiséssemos continuar o passeio, sem luz, não fazia muito sentido. Era hora de voltar para o cantinho turístico de Jodhpur e curtir o comecinho da noite num terraço com vistas bacanas do forte. Deixamos o bairro azul felizes por termos visto um cantinho diferente, fugido do óbvio e encontrado pessoas tão legais. Obrigada querida família indiana por nos receber com tanto carinho.
Este post faz parte da série Histórias de Viagem, um retrato fotográfico das minhas andanças pelo mundo.
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