O Caminho de Santiago: Palas de Rei – Arzúa (Parte 3)
Este post trará uma visão extremamente pessoal da do Caminho de Santiago, entre Palas de Rei – Arzúa (minha terceira etapa). Quem quiser uma visão mais prática, pode olhar aqui!
O Caminho entre Palas de Rei e Arzúa na espanha
Palas de rei: O hostel privado nos rendeu uma bela noite de sono. Acordei com dor e mais acostumada com a andatina. De café da manhã tomamos um croissant recheado de chocolate, o que para mim foi pura falta de opção. E recomeçamos viagem… a caminhada de hoje é a mais longa de todas, são quase 30 quilômetros de muitas subidas e descidas!
A estrada começou com uma descida o que é ruim para mim já que tenho que segurar o pé e o joelho, mas fui seguindo tranquila. Com dor, mas sempre caminhando.
Logo no começo, uma placa animadora!
E o caminho é muito lindo. Caminho, penso e fotografo. As flores do caminho, pequenos pedaços de cor.
Chegamos na marca de 60Km para o final, o que é mais ou menos metade do nosso caminho. Passou rápido (as vezes, dolorido, porém rápido) e para comemorar nossa tradicional foto.
Entramos na provincia de A Coruña, a mesma de Santiago
Cruz de Santiago num bonito céu azul
E de volta a caminhada, fui razoavelmente bem até Melide. A entrada da cidade é bem linda com um rio mega fotogênico, e vale toda a caminhada do dia.
Além de fotogênica, Melide é a terra do polvo galego, fomos experimentar a iguaria e comemos ua das melhores refeições de todo o caminho (o restaurante se chama “A garnacha” e fica bem no caminho). O polvo estava delicioso até para mim que não sou muito chegada.
Na porta do restaurante o moço nos convencendo a entrar. Depois de experimentar o polvo, ficou fácil!
Passado o almoço, andar se tornou mais difícil e passei a sofrer com cada passo, tava muito duro acompanhar o grupo e muitas vezes pensei em falar, vão na frente que uma uma hora eu chego.
Óbvio que nem a dor me impediu de fotografar uma esquisitice dessas :O)
A cada dez quilômetros, sempre que as placas marcavam número redondo para o final, tirávamos uma foto do grupo. Finalmente atingimos a bonita marca de 50 quilômetros para o final. (Jurei que faria festa com direito a dança quando chegasse nos 50, mas não consegui…rs… de qualquer maneira rolou uma festa interior).
O caminho tava bonito, com rios, pontes e vaquinhas. Ao passar por um trechinho com pedrinhas sobre o rio (foto) havia um moço que nos avisou que a dali há 1,5km começaria uma subida de quebrar as pernas. E que frase verdadeira, uns 4 quilômetros para frente, enquanto eu sofria muito para acompanhar o ritmo do grupo, meu joelho travou. Chorei de dor e nesse momento percebi o significado do caminho. Os meninos me ajudaram com pomadas, remédios e me ofereceram seus bastões para que eu continuasse o caminho. Enquanto eu me recuperava da dor, a Lúcia uma brasileira passou e me ofereceu uma joelheira… Santa joelheira que me salvou. Sem ela eu nunca teria chego. (Lucia querida, obrigada por ser meu anjo nesse dia)
O ultimo trecho dessa árdua caminhada, entre os 50 e os 40 quilômetros para o final foram os mais duros da viagem… Três longas subidas e três longas descidas. Caminhei devagar com muita ajuda dos bastões e apoio moral dos amigos.
40Km para o final, reparem nos meus dois bastões emprestados.
Chegando em Arzua havia um senhor médico no quarto que analisou meu joelho e me tranqüilizou. O joelho não tinha nada, ele apenas sofreu de tanto que eu caminhei errado por causa do tornozelo com ligamento rompido. Mas como doía, a recomendação do doutor foi que eu parasse de caminhar por um dia.
Depois de um jantar de despedida, fui dormir certa que no dia seguinte não caminharia e muito tocada pela bondade das pessoas maravilhosas que me ajudaram durante o caminho. Sem elas eu jamais teria terminado a jornada entre Palas de Rey e Arzua. A caminhada mais dura e mais marcante da minha vida. Também estava um pouco triste por não chegar a Santiago junto com o grupo de amigos que conheci.
O albergue de Arzua era privado e o quarto estava bem vazio. Foi ótimo porque consegui descansar bastante e deixar minha perna bem para cima.
PS: Arzua é a terra do queijo gallego (queso de tetilla), tão maravilhoso que comprei um pedaço para comer no caminho.
Veja também:
-Parte 1: Sarria- Porto Marin: https://ideiasnamala.com/2013/05/23/caminho-de-santiago-sarria-porto-marin-parte-1/
-Parte 2: Porto Marin – Palas de Rei: https://ideiasnamala.com/2013/05/28/o-caminho-de-santiago-porto-marin-palas-de-rei-parte-2/
-O trem entre Madri e Sarria (Parte 0): https://ideiasnamala.com/2013/05/21/caminho-de-santiago-trem-madri-sarria-parte-0/
–Caminho de Santiago: descrição prática dos 115k finais
-O caminho de Santiago: https://ideiasnamala.com/2013/05/08/o-caminho-de-santiago/
-Meu Caminho de Santiago: https://ideiasnamala.com/2013/05/09/o-meu-caminho-de-santiago/
Olá boa noite…
Adorei seu blogue, rico em detalhes e já está salvo como espelho. Iremos minha esposa e eu em maio do ano que vem, fazer o mesmo roteiro saindo de Sárria. Tenho estudado muito sobre o trajeto e notei que todos reclamam da saída e subida de Portomarin x Palas de Rei, ( bastante puxado ). Resolvi diluir este trajeto parando e dormindo em Ligonde, chegar em Palas somente no outro dia e depois que sair de Palas, dormir em Melide para fazer Àrzua no dia seguinte! Terei 2 dias a mais para curtir o caminho, escrever, fotografar e aproveitar os pueblos… poupando assim meus joelhos. rsrsrsrsrsrsrs. obrigado por compartilhar sua experinência, principalmente como chegar em Sárria desde Madri, vai nos ajudar bastante. grato!
Aproveite muito a viagem e Buen Camino