O caminho de Santiago | Arzúa – Pedrouzo (Parte 4)
Placa há poucos quilómetros do final do trecho! Yeah! To chegando
Este post trará uma visão extremamente pessoal da do Caminho de Santiago, entre Arzúa e Pedrouzo (minha quarta etapa). Quem quiser uma visão mais prática, pode olhar aqui!
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Dormi num quarto com pouquíssima gente e para melhorar, a grande maioria dos meus companheiros de quarto eram ciclistas que acordam mais tarde porque são mais velozes e não estão tão preocupados em chegar cedo. Acordei as oito e meia e com o joelho bem melhor que ontem. Então resolvi caminhar, um trecho para pelo menos mudar de ar e de cidade.
Por precaução pedi para a dona do hostel me reservar um quarto há 11 quilômetros dali. Com a perna ruim, tentarei fazer as duas ultimas etapas em quatro pedaços.
Flores na praça da igreja de Arzúa
Antes de sairá cidade resolvi pedir proteção divina e passei na igreja da cidade. Essa foi uma das melhores escolhas de todo o caminho.
Na igreja fui muito carinhosamente recebida pela dona Remédios. Uma senhora fofíssima de 87 anos. Dona remédios gosta de bater um papo, quis saber da minha vida, da minha família, do caminho e não acreditou na minha idade. Aparentemente, tenho cara de bem mais nova.
A fofiíssima Dona Remédios
Pedi para ela estampar meu passaporte peregrino e ela me mostrou a mesa dos carimbos e além disso me deu uma concha de Santiago (que pendurei no pescoço e aqui está) para me proteger durante a jornada e uma segunda concha para eu levar para o meu marido. Ela me contou que as conchas são feitas por um senhor muito gentil e habilidoso chamado Paco que está velhinho e um pouco doente, mas que adora os peregrinos. Rezarei pelos dois em Santiago.
Mais uma vez fui tocada pela gentileza das pessoas e sai da igreja emocionada! E acho que essa é uma das belezas do caminho, conhecer tanta gente linda e especial.
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Caminhar em grupo é gostoso, mas caminhando sozinha você percebe os detalhes do caminho, as dificuldades e as belezas. Nesse dia, o cheirinho de natureza e o cantar dos pássaros estavam especiais. E claro, aproveitei para fotografar muitas flores!
Uns 5 ou 6 quilômetros mata a dentro conheci outro grupo de pessoas especiais: Orlando, Elza e Anali (acho que é Anali). O Orlando fez o caminho todo desde da França, e as meninas começaram junto comigo. Elas caminham vão até o Albergue com o Orlando e lá pegam o motorista até Santiago onde estão hospedadas. A cada dia a viagem de volta fica menor. A Elza, uma fofa, se auto entitulou de Peregrina de Berverly Hills. Caminhamos juntos por alguns quilômetros, fizemos um picnic com um queijo de tetilla sensacional que comprei em Arzúa e quando o ritmo deles ficou pesado para meu joelho deixei eles seguirem e continuei minha caminhada sola.
Numa outra parada,conheci a Marcelle, outra Brazuca. Assim como eu, ela também teve problema no joelho só que por alguns dias teve que parar de caminhar. A Marcelle virou minha companheira da pata dolorida. Também caminhei um pouco com uma dupla de amigos franceses e um grupo de italianos cantores, super barulhentos que queria porque queria me dar mais remédios.
Feliz e a 30 Km de Santiago!
E conversando, pensando e conversando cheguei na marca dos 11 quilômetros e resolvi seguir a caminhada (fiquei com um pouco de dó com o lugar que tinha reservado e que nunca apareci, mas paciência!)
Fazenda de coelhos no caminho
Mais 6 quilômetros eu estaria em Santa Iréne onde poderia dormir ou seguir para Pedrouzo. Fui muito bem nos primeiros 4 quilômetros e depois comecei a sentir o joelho, então fui parando e andando devagarinho até Santa Irene. E como quem anda 18 anda 20, resolvi seguir adiante e fechar a etapa em Pedrouzo. (O fato do hostel de Santa Irene estar fechado para reforma contribuiu e muito com a minha decisão).
Faltam 20 Km para Santiago… quase lá!
Já quase chegando, sentei numa pedra para descansar, e adivinhe só quem chegou? Orlando, Elza e Anali que aparentemente fizeram paradas mais longas que as minhas. Caminhamos juntos o ultimo trecho e o Orlando me emprestou o cajado dele e carregou minha mochila no quilometro final. É o espirito do caminho!
O Orlando e eu nos hospedamos no Albergue público onde fui apresentada para um grupo enorme de pessoas que foram se conhecendo e se unindo ao longo do caminho. Fiquei muito feliz de ser tão bem acolhida.
Jantei com a Lúcia (que me emprestou a joelheira, lembram?) e o Marco (marido dela) num restaurante muito gostoso de carne chamado O pedrouzo. Foi a segunda melhor comida da viagem ( a primeira foi o polvo) e de sobremesa… torta de Santiagoi. Na saída do restaurante encontrei meus amigos espanhóis que ficaram surpresos de me ver ali. Nem eu tinha idéia que chegaria tão longe! Foi muito bom encontrá-los
Decoração do restaurante
Antes de voltar para o albergue, a Lucía me passou um creme suíço magico no pé e no joelho e o marco me emprestou seus bastões de caminhada, amanha chegarei em Santiago!
Com tanta falação, esqueci de contar que o quarto dia de caminhada é bem tranquilo,são só 20 quilômetros de quase reta e acho que por isso cheguei e tão bem!
Veja também:
-Parte 1: Sarria- Porto Marin: https://ideiasnamala.com/2013/05/23/caminho-de-santiago-sarria-porto-marin-parte-1/
-Parte 2: Porto Marin – Palas de Rei: https://ideiasnamala.com/2013/05/28/o-caminho-de-santiago-porto-marin-palas-de-rei-parte-2/
-Parte 3: Palas de Rei – Arzúa: https://ideiasnamala.com/2013/06/03/o-caminho-de-santiago-palas-de-rei-arzua-parte-3/
-O trem entre Madri e Sarria (Parte 0): https://ideiasnamala.com/2013/05/21/caminho-de-santiago-trem-madri-sarria-parte-0/
–Caminho de Santiago: descrição prática dos 115k finais
-O caminho de Santiago: https://ideiasnamala.com/2013/05/08/o-caminho-de-santiago/
-Meu Caminho de Santiago: https://ideiasnamala.com/2013/05/09/o-meu-caminho-de-santiago/