Califórnia: A subida do Mount Whitney
Mount Whitney, a montanha mais alta dos estados baixos dos Estados Unidos fica na cidade de Lone Pine na Califórnia. A subida é encrencada, são 32 Km de trilha com uma elevação de 1,900 metros e paisagens de cair o queixo: árvores raras, lagos maravilhosos, as montanhas da Serra Nevada e muita, mais muita pedra. Nesse post, divido com vocês nossa experiência no Mount Whitney, a trilha de um dia mais difícil que já enfrentamos e uma das mais bonitas. Vem comigo?
Quando o vi pela primeira vez
Nunca me esqueço da primeira vez que o vi. Era uma manhã gelada de inverno no Death Valley quando subimos até o ponto mais alto do parque, o Dante’s View. Em teoria, não era recomendando que subíssemos de trailer numa estrada tão inclinada. Na prática, estávamos loucos de vontade de chegar ao ponto mais alto do parque, e o único lugar de onde se pode avistar o ponto mais alto dos Estados Unidos Continental, o Mount Whitney com 4418 metros, e o ponto mais baixo Bad Water Basin, 85 metros abaixo do nível do mar. Valeu o risco. A vista da serra nevada, em contraste com as terras áridas e salgadas do Death Valley é uma das cenas mais impressionantes que já vi. Seria legal subir nesse tal de Mount Whitney, pensei, mas como montanha alta geralmente é coisa de alpinista (e infelizmente AINDA não aprendi a subir montanhas pela pedra), acabei descartando a ideia sem pesquisar muito.
O dia que ele foi parar na minha bucket list
Uns 6 meses depois, vejo fotos incríveis de uns amigos no Facebook e descubro que é possível subir o Mount Whitney sem escalar nenhum metro. E o melhor, as paisagens são surreais de bonitas! Para subí-lo é necessário uma permissão especial com antecedência (é sorteio, e muita gente que eu conheço tenta há alguns anos sem sucesso) e encarar uma trilha de 32 Km com 1.900 metros de ganho de altitude. Isso sem falar na distância e na inclinação, pois muita gente sofre bastante com os males da altitude e é obrigado a desistir no meio do caminho.
Mas, se meus amigos – Bem mais atletas que nós, diga-se de passagem – haviam subido. Também poderíamos, certo?! Comecei a sonhar com a ideia e convencer o Gustavo (que num primeiro momento se esquiva das minhas loucuras, mas na maioria das vezes compra a ideia e acaba curtindo tanto ou mais do que eu. Esse processo de convencimento pode levar alguns dias, ou até mesmo anos, mas funciona ;).
vamos subir o Mouton Whitney?
No finalzinho de 2015, começamos a estudar a ideia mais a fundo e descobrimos que as inscrições para o sorteio das permissões começariam em fevereiro, e que em primeiro de abril saberíamos se havíamos ou não sido sorteados. Assim, meio que no chute, escolhemos três finais de semana aleatórios (longe de maio para não pegar neve) e nem em julho ou agosto para evitar um calor dos infernos. A chance de receber uma resposta positiva no ano passado foi de 43%. O permit custa $6,00 por reserva + $15,00 por pessoa após o resultado do sorteio. Aplicamos para 4 permits para tentar arrastar um casal de amigos conosco, mas no final da história acabamos devolvendo dois deles (e micando com os $30 pagos).
E assim, dia 1 de abril de 2015, enquanto fazia minhas peripécias pela Ásia, descobri que dalí a 6 meses, subiríamos a montanha mais alta dos Estados Unidos. E não, eu não estava preparada.
{Decisão tomada} ao aplicar para o Permit, o Gu optou por fazer a subida todinha em um só dia, e não acampar na montanha. Me arrependo. Passei mais bocados com a altitude, e possivelmente dormindo uma noite com 1/3 do caminho andado teria sido uma boa ajuda. Mas decisão é decisão, e bancamos a nossa.
Preparação para o Mount Whitney
Não vou detalhar muito meu treinos, mas vou dizer que nos 4 meses que antecederam a subida, fiz muitas trilhas pesadas e tentei acostumar meu corpo, o máximo possível com inclinação e elevação. Para isso usei uma montanha aqui perto de casa chamada Mission Peak uma subida curta (6.6Km total) porém BEM inclinada. Fiz tanto essa trilha que estou de ressaca dela até agora. O Gu, melhor preparado que eu, me acompanhou durante os finais de semana.
Também compramos equipamento adequado. Trocamos nossas botas de hike (a minha bota nova nunca se entendeu com meu pé e depois de muita dor e pelo menos meia dúzia de bolhas, acabei desistindo dela. YEP! Reza a lenda que para o ano que vem serei mais forte e conseguirei amolecer a bichinha.) compramos bastões de caminhada, Camel Bags, Kit de primeiros socorros, e todos os apetrechos necessários para fazer uma caminhada segura.
Na semana da caminhada checamos as condições da trilha, lemos detalhes para aprender mais sobre o caminho, imprimimos um mapinha (Vai que o telefone morre) e decidimos que levaríamos a câmera com a agente. A ideia era ir de Go Pro + Celular. Mas fiquei morrendo de dó de não fotografar lugares tão espetaculares. A decisão nos custou um peso bem pesado na mochila, mas graças a ela, temos fotos lindas nesse post.
Logística da viagem
Saímos do Vale do Silício (onde moramos) na quinta feira a noite e dirigirmos até Bakersfield (3:40h – 248 milhas). Dormimos num hotel bem confortável [O Mariott de Bakersfield] e na manhã seguinte seguinte (acordamos BEEEM tarde) e dirigimos mais 2:40 -157 milhas até Lone Pine. Chegando em Lone Pine, retiramos nossas permissões no Centro de Visitantes do Mount Whitney (super grande e bem organizado) e fomos para a cidade dar uma voltinha e almoçar.
Começaríamos nossa subida entre 3:00 e 3:30 da manhã, e para dormir algumas horas, reservamos um camping no pé da montanha. Nossa ideia era dormir no carro para não ter que desarmar barraca no meio da madrugada (dormi SUUUUUPER mal e me arrependo horrores, dá próxima vez, desarmo barraca feliz. Também optamos pelo camping, para já ir aclimatizando com a altitude (o ideal é chegar na montanha, uns 2-3 dias antes da subida para já acostumar o corpo e não ter problemas… mas, por questões de trabalho, não conseguimos sair antes). Passamos a tarde sem grandes planos. A noite jantamos na cidade, dormimos o que deu, e às 3:00 da manhã acordamos, tomamos café e começamos a caminhar.
A subida
Da hora em que entramos na trilha, até o amanhecer, mal vi o tempo passar. Subimos num ritmo ótimo e fomos ultrapassando muita gente. O relógio ía marcando as milhas e íamos tentando ganhar elevação e cobrir território. O nascer do sol foi bonito, mas não tanto quanto poderia ter sido. Como começamos a subida tarde, ainda não havíamos caminhado o suficiente para ver o sol nascendo, mas vimos luzes e cores.
Aos poucos o Mount Whitney começou a surgir e tomar conta da paisagem. Alto pra burro, e longe pra caramba!
Paramos muitas vezes para tirar fotos, mas como estava MUITO frio, não dava para parar muito tempo porque as mãos congelavam. Sabe um arrependimento? Não ter levado luvas. Minhas mãos sofreram bastante.
A paisagem
Quando amanheceu, além de vistas cada vez mais lindas do Mount Whitney, fomos premiados com lagos cenográficos, árvores super diferentes (só no começo da trilha, porque depois é pura pedra) e até uma marmotinha brincalhona que ao sentir o cheiros dos nossos nozes veio na nossa direção. Cobrimos o primeiro terço da trilha sem sentir nem o cansaço, nem a distância e nem a altitude. Estávamos ansiosos pelo que veríamos a seguir a animados com cada conquista. Nosso objetivo era chegar até o topo da montanha, mas caso alguém passasse mal, ou não aguentasse a subida, voltaríamos sem dó. Nada de fazer loucura no meio da montanha.
[Falando em loucura, montanha é coisa séria. Vimos bastante gente passando mal e tendo que voltar no meio do caminho, e uma menina desacordada que provavelmente teve que ser resgatada de helicóptero. Em lugares remotos, não vale a pena abusar, e muito menos ultrapassar seus limites.]
Como não sabíamos o tempo que as baterias dos nossos relógios aguentariam vivas, marcamos 8 ou 9 pontos diferentes (e fáceis de serem reconhecidos) num mapa de papel. Assim, conforme íamos passando pelos lugares sabíamos onde estávamos e o quanto faltava. Um dos pontos mais importantes marcados por nós, foi o “Consultation Lake”, o último ponto de água do trajeto. Levamos cerca de 3,5 litros de água cada um, e pastilhas para tratar a água caso precisássemos apelar para o rio. Chegamos no Consultation Lake com muita água e tranquilos que daria para subir, e pelos menos voltar até ele.
Preciso contar que abri a boca e soltei um UAU bem grande quando vi o lago. Absolutamente maravilhoso! Ao lado do Consultation Lake há um outro lago menor, que parecia um espelho de tão lindo. O reflexo da montanha estava absolutamente surreal. Depois dessa vista linda, começou um dos momentos mais temidos da trilha os 99 Switch Backs (ziguezagues).
Ao lado desse lago havia uma pequena marmota gulosa, que chegou bem pertinho de nós jogando o maior charme. O que ela queria era conquistar parte das nossas nozes. Mas apesar do charme, não demos nada para ela.
Os 99 Switch Backs
Os 99 ziguezagues são um trecho de subida que vai ziguezagueando a montanha por 3,2 Km. É aqui que muita gente sofre com a altitude ou começa a ter câimbras. Na metade dos Switchbacks o Gu começou a ter muita fome, então paramos para comer. Eu não estava com fome nenhuma e me forcei a comer uma barrinha de cereal dessas parrudas de pura proteína. O Gu começou a ter um pouquinho dos sintomas da altitude, e até propôs que tirássemos um cochilo depois do almoço -óbvio que ele não estava falando sério, lembrando que estava um frio danado, e que queríamos chegar na montanha antes das 2:00 da tarde. Eu estava bem, inteirinha! Pena que a alegria durou pouco.
No último terço da subida comecei a ficar cansada e tive que tomar um pouco de gel para recuperar as energias. O mais engraçado é que eu não tinha nenhuma fome, muito pelo contrário. Mas me forcei a dar duas dentadas no sanduíche para ganhar energia. E deu certo.
Entrando no Sequoias National Park
Muitos ziguezagues depois, chegamos no topo da primeira montanha do dia, e na entrada na parte selvagem do Sequoias National Park. A vista valeu cada centímetro de subida e cada (maldito) ziguezague. Dalí conseguimos, pela primeira vez, enxergar o outro lado do vale. Faltavam apenas 1,9 Milhas (Pouco mais de 3,1 Km) até o topo do Mount Whitney e estávamos muito bem, e cada vez mais seguros que chegaríamos lá.
Vacilo Tremendo
Em um dado momento, reparemos que todas as pessoas da trilha estavam deixando suas mochilas para trás e subindo o último pedaço (e de longe o mais chato de todos) apenas com uma sacolinha pequena (água + comida). Como não tínhamos garrafa extra e nem sacolinha que pudéssemos tirar da mochila, e estávamos super bem fisicamente, fizemos a burrada de subir estes 3 Km com toda a mochila. Nossas mochilas eram pequenas, e não deveria ser um problema, pensávamos. Mas foi uma péssima ideia. O trecho era horrível, repleto de pedras no chão – estilo todo cuidado é pouco, ou você tropeça – e para piorar, a altitude começou a dar o ar de sua graça. Em resumo, nos desgastamos 10 vezes mais do que precisaríamos para cobrir um trecho relativamente pequeno.
No topo do Mount Whitney
Chegamos no topo do Mount Whitney as 13:30, e pegamos uma friaca de zero graus – na noite desse mesmo dia, caiu a primeira neve do ano, sorte que já estávamos BEM longe. Ver a casinha fofa, uma antiga estação de rangers que hoje serve de abrigo para quem faz a trilha, foi uma sensação incrível de conquista. Estava acabada, com uma tontura feroz por causa da altitude (os últimos 20 minutos de caminhada haviam sido terríveis, mas não dava para desistir tão pertinho, dava?) mas muito feliz de ter chegado no alto daquela montanha tão linda que um dia avistei do Death Valley.
E para comemorar… fotos!
E a vista, vale a subida?
Opa! A vista lá do alto é tão linda, que por alguns minutos esqueci da tontura, e do cansaço. Se não fosse o frio me lembrando que era hora de partir, teria ficado mais uns minutinhos de bobeira vendo a vida passar.
Almoçamos dentro da Ranger Station, em companhia de vários outros hikers (trilheiros? :P) e logo tratamos de descer (o tempo estava mudando, e depois de 2PM não é hora de ficar dando bobeira em topo de montanha).
E antes de descer, assinamos o famoso livro de visitas…
A descida:
Em geral, as pessoas descem a trilha cerca de 2 ou 3 horas mais rápido do que sobem. Mas eu passei tão mal, tão mal, que acabei atrasando nossa descida que no final das contas foi mais lenta que a subida. Tive muita tontura, e vomitei um bocado. Geralmente, ao baixar de altitude, as pessoas melhoram, mas eu não melhorava de jeito nenhum e não conseguia nem pensar em comer nada.
Reza a lenda que na descida todo santo ajuda, certo? Mentira. O trecho das pedras foi ainda mais chato que na subida, o bizarro é que tive que parar muitas vezes para descansar e me recuperar. Achei que com o final do trecho de pedras, minha vida ficaria mais fácil, mas não ficou.
Lembram dos 99 ziguezagues? Foi uma tortura, o treco não acabava NUNCA. Juro que quase chorei de alegria quando cheguei ao Consultation lake, agora faltavam 2/3 de descida, só que grande parte da elevação já havia ficado para trás.
Lembra que eu mal consegui comer o dia todo? Achamos que foi algo da noite anterior que me fez mal, a falta de comida me deixou fraca, e comprometeu muito minha descida. Quando começou a escurecer, o Gu foi ficando tenso – tínhamos lanternas e pilhas reservas, mas não queríamos estar na montanha caso chovesse – e me pressionou para apertar o passo. Ele não sabia que estávamos a mais de três horas do final (eu mostrava para ele nossos pontos de marcação, mas ele não acreditava. Foi meio chato esse pedaço. Para ganhar energia, chupei o suco de uma maça que tínhamos na mochila, eu não conseguia comer nada sólido (eu mastigava a maça, engolia o líquido e me livrava da parte sólida) e foi a melhor ideia de todos os tempos, juro que me deu o gás que eu precisava para andar os 7 Km finais num ritmo tão bom quanto o de manhã cedo.
No caminho encontramos 2 indianos e 1 americano completamente perdidos, ele ficaram felizes da vida ao perceber que sabíamos o caminho e começaram a nos seguir. Acho que deixei eles cansados com o meu ritmo (queríamos chegar logo!) e quando parei dois minutos para descansar, os caras pareciam crianças de tanta alegria. Assim como o Gu, eles haviam perdido noção da trilha e não acreditavam quando eu dizia que estamos a cerca de 6 Km do final. O fato é, só existe uma trilha e tanto o Gu quanto eu, estávamos absolutamente seguros do caminho. Assim, quase matamos o cara que não parava de perguntar “Arrrre you Surrrre?” Sim amigo, tenho certeza. Vamos brincar de vaca amarela? (Óbvio que fui mais educada, e não falei nada disso…rs)
Nosso atraso de três horas na descida teve uma consequência bem chata, pegamos o primeiro pedaço da trilha novamente escuro e perdemos vários lagos, e cachoeiras bonitos, mas no final das contas, o que importa é que cumprimos nossa meta e com segurança, certo? Mas foi engraçado que fizemos esse trecho tão rápido de manhã que não tínhamos ideia do quanto havíamos andado e subido. O final da trilha também tem muitos ziguezagues longos, e como são longos! Como é que eu subi tudo isso sem perceber?
O louco é que até praticamente a chegada ao estacionamento (o ponto de início da trilha), não dá para ter nenhuma noção de distância, as luzes lá de baixo ficam tão escondidas pelas árvores que quase não dava para ver o quão perto estávamos, e só percebemos que havíamos chegado quando ouvimos vozes. Assim, 17 horas depois do início da trilha, chegamos ao estacionamento onde havíamos começado! Conseguimos! Conquistamos o topo do Mount Whitney, uma aventura incrível, que jamais me esquecerei.
Eram 9:00 da noite, e com medo que todos os restaurantes da cidade estivessem fechados, fomos direto ao Mc Donalds. O Gu pediu um sanduba e eu, como não consegui comer nada sólido, pedi um smoothie. Excelente pedida. Eu já não estava mais passando mal, mas foi só sentar no carro para que minha cabeça girasse no ritmo de umas três garrafas de vinho, sabe o antigo evolution do PlayCenter? Eu tava daquele jeitinho.
Ficou curioso para ver mais detalhes do nosso caminho? Assista o vídeo no Youtube!
Dormimos no hotel Confort Inn em Lonely Pine(bem velho e extremamente caro para o que oferece, mas perfeito para quem havia acabado de caminhar 17 horas e estava sonhando com um banho) e sem hora para acordar. Dores musculares? Opa! Até em lugares que nunca imaginei que pudessem doer. Rs
No dia seguinte acordei curada e faminta, estava pronta para um café da manhã americano tamanho “Extra Large”. Comemos o melhor queijo quente de todos os tempos num café fofinho em Lone Pine. Ao olhar para o Mount Whitney – que estava todo encoberto por nuvens, e tímido devido a queda da primeira neve do ano – demos graças a deus por estar aqui embaixo e prontos para voltar para casa! Que aventura!
E aí, curtiu nossa aventura?
Alguém aí já fez a trilha e quer dividir com gente o que achou?
Veja também:
- Dicas para explorar o Death Valley
- Yosemite Park: a subida no Half Dome
- Yosemite Park: trilha para a Upper Yosemite Falls
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O soroche causa falta de apetite, você não sentiu fome porque provavelmente já estava sentindo os sintomas, assim como o vômito…
Oi Iza,
Cerca de 1 mês depois dessa trilha descobri que estava grávida :). Como estava menstruada (uma dessas falsas) na data da subida, jamais imaginei, mas meu enjoo foi da gravidez. Rs. Hoje o baby Tom tem um aninho.
Beijos
Sensacional ! Li o texto emocionante com muita atenção . Bravos !??? uma reportagem muito boa !
Obrigada
Que aventura maravilhosa Mari! Estava aqui lendo na maior tensão!Invejinha branca hahahahah!
Que fofa Ana! Obrigada pela visita e pelo carinho de sempre 🙂
Beijos