Quilombos de Brumadinho: uma experiência pra lá de especial
Saiba como é a visita aos quilombos de Brumadinho, uma imersão cultural com direito a música boa, comida deliciosa e gente simpática e feliz! Uma vivência pra lá de especial e uma forma bem diferente de curtir Brumadinho além do Inhotim. Pronto pra se encantar?
Um dos propósitos da nossa viagem a Brumadinho era desvendar as atrações da cidade e descobrir que Brumadinho vai bem além do Inhotim. E quando penso nos 4 dias que vivemos alí e em todas as experiências bacanas da viagem, a Vivência Quilombola se destaca como um dos momentos mais bacanas da viagem. Neste post dividirei com vocês os principais momentos da nossa visita aos quilombos de Brumadinho, vem comigo?
Vivência Quilombola: minhas expectativas
Confesso que após os dois dias de imersão no Inhotim, estava muito curiosa para conhecer os Quilombos de Brumadinho. Durante nossa visita ao instituto, uma das obras de arte que mais despertaram minha atenção foram os murais escultóricos de John Ahearn: “Rodoviária de Brumadinho” e “Abre Portas” que imortalizaram alguns dos personagens mais caricatas da cidade como o nosso guia Junio (que por sinal, super recomendo pra quem pensa em fazer um passeio guiado por Inhotim) e o Seu Cambão figura muito conhecida da região e que tivemos o prazer de conhecer durante a visita aos quilombos de Brumadinho.
De volta aos murais, a obra “Abre Portas” mexeu bastante comigo, e me peguei parada lendo, tentando avaliar cada detalhe daquele painel, onde a seguinte frase envolvia as esculturas:
“No dia 13 de maio a assembléia trabalhou nego era cativeiro hoje nego é doutor no tempo da escravidão era o branco quem mandava quando ia na igreja era o nego quem levava quando o nego chegava na igreja o branco entrava pra dentro nego de fora ficava nego só ia rezar quando na senzala chegava nego não podia falar nada que de chicote apanhava passava a noite acorrentado munheca presa de cadeado (…)”
Visita aos quilombos de Brumadinho
Dali a alguns dias, chegou a nossa vez conhecer os Quilombos de Brumadinho. O dia começou na comunidade dos Marinhos onde fomos muito bem recebidos pelo Seu Cambão, dona Leide, Reibatuque e sua noiva, Jana Janeiro verdadeiros personagens vivos e cheios de história pra contar. Se você é do tipo que curte ouvir e vivenciar histórias, prepare-se para uma verdadeira imersão cultural com direito a música boa, comida deliciosa e gente simpática e feliz!
Reibatuque
O Reibatuque encabeça o projeto Café, Batuque e Prosa – Vivência Quilombola, que promove um encontro musical, expressões artísticas e socioculturais tradicionais da comunidade quilombola, possibilitando que o expectador tenha uma experiência cultural mega enriquecedora.
Ele é cantor, compositor, percussionista e educador musical autodidata e carrega em sua bagagem as influências do ambiente familiar, desde a infância vivencia as manifestações culturais do Moçambique e Congado, agregando no seu cenário musical percussivo, além dos tambores, os elementos e alimentos das tradições quilombolas.
Dona Leide
Sua mãe, dona Leide é um amor de pessoa. Nos recebeu com alegria e nos convidou para um delicioso almoço de boas vindas, precedido de uma cantoria abençoando a comida que estava sendo servida…
Feijões colhidos nas terras férteis do solo quilombola, frango ensopado com ora-pro-nobis (verdura típica do serrado, que tem a textura de espinafre, mas gosto de quiabo), arroz soltinho e uma deliciosa salada com tomates frescos e alface, não teve quem não repetisse.
Sr. Cambão
O Seu Cambão nos olhava com doçura. Cantava com alegria e falava sobre a vida na comunidade. Seus olhos azuis são tão penetrantes que parecem um convite à alegria. O passado difícil e marcado não é pauta, com ele apenas falamos de alegrias e das vitórias e conquistas diárias. Não precisei de 5 minutos de conversa para perceber o porquê dele ser tão querido. Seu sorriso é a prova mais concreta de que tudo o que aconteceu ficou no passado.
A comunidade dos Marinhos
A comunidade dos Marinhos é uma das quatro comunidades reconhecidas como remanescentes de quilombos na região, junto a Sapé, Ribeirão e Rodrigues pela Fundação Cultural Palmares, entidade vinculada ao Ministério da Cultura.
A comunidade dos Marinhos nasceu da necessidade de duas viúvas, parentes do senhor Cambão, que não tinham como se sustentar. Em 1980 nasceu o grupo de roça “Quem planta e cria, tem alegria”, para que todos pudessem utilizar da agricultura como forma de sustento. A linha férrea possibilitou o transporte de lenha, gado e leite, muito importantes para a região.
Rumo a outras comunidades quilombolas
Após o almoço, saímos com o Rei para desbravar as comunidades vizinhas, passando por trilhas no meio do mato “fechado” e por trilhos de trem até chegar à comunidade do Sapé e conhecer um pouco dos costumes daquele povo alegre que fica conversando nas varandas das casas, acenando e sorrindo para cada pessoa que passa. A medida em que caminhávamos, Rei ia cumprimentando e conversando com as pessoas que cruzavam nosso caminho e contando um pouco a respeito delas para nós.
Pudemos até degustar pitangas e carambolas dos vizinhos, que gentilmente encheram nossas mãos com as suculentas frutas.
Sem cercas ou qualquer outro tipo de proteção, os vizinhos vivem em segurança, observando suas crianças andarem de bicicleta, colherem frutas diretamente do pé e desenvolvendo o gosto pela natureza e tudo o que ela tem a oferecer. A comunidade é sustentada pela agricultura familiar, onde os moradores se apoiam e auxiliam mutuamente.
Um tiquinho de história dos quilombos de Inhotim
Minas Gerais sofreu uma grande imigração por ocasião do descobrimento do ouro, trazendo consigo levas e mais levas de escravos para as regiões e inclusive ao território que viria a ser Brumadinho. O trabalho escravo foi fundamental na constituição do território e, após a abolição dos escravos das fazendas, estes vieram para o povoado do Sapé, bem próxima ao quilombo dos Marinhos, para viverem em comunidade, mas já como libertos.
O quilombo do Sapé é uma comunidade que se formou após o período abolicionista, mas tem esse nome por ser formado por pessoas negras de origem escravistas. Os quilombos guardam sua herança cultural, um belo legado à comunidade que hoje tem aproximadamente 50 famílias.
No retorno à casa do Reibatuque, mais comilança: fomos recebidos para um delicioso chá com um tipo de “rosquinha” caseira deliciosa (acho que comi umas três) e mais músicas. Até dona Leide performou, com sua enorme peneira, as musicas da Festa da Colheita.
Estavam também expostos doces caseiros e artigos feitos pelo Ateliê Pele Preta, de Jana Janeiro, que trabalha a aceitação e autoestima das mulheres, empoderando a raça e o gênero. Foi mais uma experiência grandiosa que me permitiram viver durante a viagem!
Quanto custa a vivência quilombola?
O passeio ao quilombo com almoço, muita prosa, passeio pelos arredores, chá da tarde e batuque custa R$ 150,00 e é organizado pelo pessoal do De Role por Brumadinho. Vale falar que além da vivências quilombola o grupo oferece várias outras experiências interessantes em Brumadinho.
E Vale a pena visitar os Quilombos de Brumadinho?
Muito! A experiência é recheada de gente bacana, histórias tocantes e música! Sem dúvida uma experiência e tanto para quem visita Brumadinho!
E aí, curtiu a dica?
Alguém aí já visitou os quilombos de Brumadinho e quer contar para nós o que achou?
A Amanda participou da viagem a convite do De rolê por Brumadinho. A trip contou com o apoio do Hostel 70, Hostel Moreira, Bar Hashtag, Komboza Bar, Dom Quixote Snooker Pub, Pub Crawl Brumadinho, Junior Cesar Guia, Casa da Horta, Restaurante Ponto Gê Inhotim, BatuqueNatividade, Brumavip Turismo e Prefeitura de Brumadinho. Vale falar que todas as opiniões contidas neste post refletem a nossa experiência e opinião real!
Blogs participantes da Press Trip “Brumadinho além de Inhotim”: Ideias na Mala, Mariana Viaja, Kari Desbrava, Mulheres Viajantes, Na estrada com as Minas, Sou+Carioca, Rodas nos Pés, Foco no Mundo, Canal Errei, Eu sou à toa, Diário de Turista, Hypeness, Revista de bordo Azul Magazine
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