San Francisco: um tour ativista pelo Castro
Já fazia um tempo que eu vinha querendo aprender mais detalhes sobre a história do Castro, uma das vizinhanças mais cools, e alternativas de San Francisco, o primeiro bairro Gay dos Estados Unidos e um reduto de luta pela igualdade e ativismo GLS. Então, semana passada fiz o tour “Castro & e os direitos gays”, um tour, que tem como pano de fundo a triste história de Harvey Milk e sua luta pela igualdade. Veja todos os detalhes do tour nesse post.
conhecendo o bairro Castro, em san francisco
Wild SF Walking tours é uma empresa pequenina que tem tours alternativos e super engajados em diversas vizinhanças de San Francisco. Os tours são focados no contexto histórico e tem uma pegada de direitos humanos e ativismo bem forte. Um alternativa legal para domina MUITO bem o inglês e quer aprender sobre a cidade sob um ponto de vista diferente.
Nosso tour começou na Praça Harvey Milk, uma pracinha pequena sinalizada pela nada discreta bandeira de Arco-íris GLS. Nossa guia, a carismática Ducky nos fez uma breve introdução sobre a bandeira e sobre o significado de cada uma das letras que representam as cores da bandeira. Tem muita definição que eu não fazia ideia que existia.
Ela também nos contou um pouco do porque San Francisco se tornou a cidade mais simpatizante a causa gay dos Estados Unidos. A concentração de gays na cidade começou em 1849 com a corrida do ouro Californiana, em poucos meses, uma cidade que praticamente não existia se viu tomada pela maior concentração de homens solteiros do mundo, e já que quase não haviam mulheres no pedaço…
A segunda grande concentração de homens veio durante a segunda guerra mundial, quando uma base imensa da marinha foi instalada em San Francisco. Naquela época ser gay era considerado um problema psicológico grave e os gays era imediatamente expulsos do exercito. Ao serem expulsos e humilhados diante da sociedade, muitos decidiram não retomar aos seus lugares de origem e foram ficando em San Francisco, uma cidade um pouquinho mais liberal do que o restante conservador do país. Com o passar dos anos, de forma bem gradual e discreta, a população gay da cidade (e que ainda vivia de forma semi-camuflada) foi se agrupando no Castro (na época chamado de Eureka Valley), um dos bairros que tem o melhor clima da cidade e que tinha um preço de aluguel de imóveis bem baratos e casas vitorianas lindas que pediam para ser ocupadas. Não vou contar toda a história do bairro nesse post, mas adianto que o tour conta bastante como Harvey Milk e outros ativistas do Castro orgulhosamente o transformaram no bairro mais gay da cidade. Uma história triste, e verdadeira de luta e perseverança pela igualdade.
Pink Triangle Park
Continuando o tour , em seguida caminhamos até a parte de cima da praça Harvey Milk de onde pudemos avistar o “Pink Triangle Park“, uma homanagem singela aos mais de 15,000 homossexuais levados aos campos de concentração pelos nazistas. Um dado curioso que aprendi no tour, é que terminada a guerra, o único grupo de pessoas que ao ser liberado dos campos de concentração ainda teve que cumprir parte da sua sentença na cadeia foram os homossexuais. Surreal, né?! Os triângulos rosas, são uma alusão ao triângulo rosa que os homossexuais tinham usar em suas roupas durante o perido De volta a praça Harvey Milk, a praça tem esse nome, pois era nela que Harvey juntava multidões de pessoas para seus comícios e marchas pacificas pela cidade.
Board de Anuncios & Museu do Castro
Outra parada do tour que gostei muito vou num board de anúncios – hoje quase que exclusivamente tomados por propangandas coloridas de bares GLS, casas de Strip Tease e shows de Drags, mas que na época de Harvey Milk era usado para espalhar avisos importantes e informações sobre as marchas. O mural fica em frente ao museu do Castro (que ainda não tive a oportunidade de visitar) muito bem recomendado pela nossa guia.
Bonecas ativistas
Outro momento super especial do tour, foi visitar as janelas ativistas da Castro com 19th Street onde Barbies e Kens (alguns deles muito bem dotados, ou se você preferir, impróprios para menores). Essas janelas resumem de forma super interessante toda a história do ativismo GLS em San Francisco incluindo grupos como bears, leather daddies e até as sisters. Nessa janela, a Ducky fez um mega apanhado do tour contando a história por trás de cada boneco. Sensacional!
Uma das irreverentes janelas do Castro. (As outras tem Barbies e Kens não apropriados para menores, assim que nem vou postar). Essa janelinha foi parte do tour do @wildsftours pelo Castro A photo posted by Ideias na Mala by Mari (@marividigalb) on
As outras fotos são um pouquinho mais pesadas….
Harvey Milk stop
Terminamos o tour em frente a “Human Rights Campaign Store” localizada no exato local onde Harvey Milk tinha sua loja de fotografia. Essa loja sem fins lucrativos doa toda a sua renda para campanhas anti-HIV e outras medidas bacanas do Castro. Na frente da loja há uma pequena placa em homenagem a Harvey Milk.
Dicas de bares, restaurantes & Cafés
Durante o tour, a Ducky ia nos mostrando seus lugares preferidos, e todos os cantinhos históricos do Castro, como por exemplo o famoso Bar Twin Peaks, o primeiro bar gay da cidade com janelas abertas, o Hot Cookies uma loja que serve biscoitos e macarons de formatos nada ortodoxos, o “Does you Mother Know” (A sua mãe sabe?) um sex shop hiper completo e o Spike’s Coffee, um café onde boa parte do filme Harvey Milk foi escrito. Nesse café, todas as pessoas que conheceram Harvey, foram entrevistadas.
Outros assuntos abordados no tour:
- Nudimos em San Francisco: De dois anos para cá o nudismo foi proibido nas ruas de San Francisco, mas continua legalizado em festivais. No tour a Ducky nos contou um pouquinho sobre o Nudismo e a sociedade do Castro.
- Irmãs da perpetua indulgência: Uma organização de Drags vestidas de freiras, que desenvolve várias campanhas legais em SF.
- Como a AID’s dizimou o Castro: A década de 90 foi uma década de muitas perdas para o bairro, e de lá para cá muitas campanhas de prevenção e de informação sobre a AIDs são feitas
Mini guia do Castro & Cervejinha no final do tour
Terminado o tour, a guia Ducky nos convidou para tomar um cerveja no barzinho local e nos entregou um mini guia de Castro com várias dicas bacanas de bares, cafés restaurantes e até um sex shop. Achei muito bacana essa interação e integração entre guia e turistas, e o guia impresso é super bonitinho.
Como já tinha um almocinho marcado, tive que passar a cervejinha, mas guardei o guia bem guardado para testar as dicas e dividir minhas preferidas com vocês.
Tour ativista pelo Castro: Porque é legal?
Os tours são baratos (eles custam entre 18 e 30 dólares, o que é uma verdadeira bagatela para os padrões San Franciscanos), informativos e bem divertidos. Adorei o humor da guia, e várias das piadas do tour. Gostei da experiência e recomendo
Dica para quem pensa em fazer o tour:
Assista o filme Milk (que conta a história real de um dos principais personagens do ativismo GLS em San Francisco) antes de fazer o tour. Com esse filme fresquinho na mente, você irá aproveitar bem mais as paradas do tour.
É preciso falar inglês?
Sem dúvida. Esse é um tour 100% falado, e as histórias fazem toda a diferença no tour. Se você não está 100% confortável em ouvir uma hora \e meia de inglês, esse tour não é a melhor opção para você.
Quanto Custa?
O tour custa 18 dólares e o pacote de dois tours (Castro + Mission) com uma hora de intervalo entre eles, custa 30 dólares. [Preços de junho 2015]
Como reservar?
Os tours podem ser reservados online (pagamento com cartão de crédito) pelo site da Wild SF tours. O site é super fofinho, quer ver?
Quanto tempo demora?
O tour demora 1:30 e meia, e a distância percorrida é bem pequena
O que combinar com esse tour?
Combine esse tour com um passeio fotográfico pelas ruas e becos repletos de grafites de Mission, que é o máximo e fica ali do lado.
A Mari fez este tour a convite do Wild SF Tours.