Paraíso dos Esquiadores: 2 Montanhas Exclusivas para Ski em Utah

Neve macia, pistas lisinhas, montanhas majestosas e exclusivas para esquiadores. Se animou? Há apenas três estações ski only nos Estados Unidos e duas delas ficam nas aforas de Salt Lake City, Utah. Alta Ski Area, uma das estações mais antigas e tradicionais dos Estados Unidos, e o Deer Valley, conhecido por sua infraestrutura de luxo e limite diário de esquiadores. Duas experiências que não poderiam ser mais diferentes e nem mais sensacionais.

Estação de esqui Alta em Utah
Mari esquiando em Alta – Imagem: Photo John & Alta Ski Area

As emoções começam momentos antes da aterrissagem quando montanhas pintadas de branco transformam a paisagem desértica em um globo de neve tamanho família com formações acidentadas que lembram dobras de um lençol recém desfeito salpicadas por milhares de pinheiros de natal.

Essa é a cordilheira Wasatch, dona de uma neve incrivelmente leve e seca, ou como dizem por aqui, “a melhor neve do mundo”. Sua textura especial é a combinação de neve em altas quantidades, frequência constante das nevascas com a evaporação das águas salgadas do Great Salt Lake, o enorme lago salgado que dá nome a cidade, e que instantes antes do pouso também desponta no visual. Estamos aterrissando em um dos melhores destinos de esqui do mundo em busca de experiências Ski-only.

Alta Ski Area e Deer Valley: duas estações exclusivas para esquiadores em Utah

A temporada de esqui é o auge do ano para o turismo de Utah, uma indústria que movimenta mais de 23 bilhões de dólares anualmente, e que faz questão de receber muito bem seus visitantes. O aeroporto de Salt Lake City é moderno, rápido e bem preparado para receber os mais de 6.7 milhões de esquiadores que anualmente visitam os quinze resorts de esqui do estado.

Há esteiras especiais para escoar os esquis em pé, e serviços de transfers que levam os turistas para as montanhas evitando o perrengue de dirigir na neve e a burocracia de alugar carro. É muito conveniente e muito fácil esquiar em Utah.

Tanto Alta quanto Park City (onde fica o Deer Valley) ficam cerca de 45 minutos do aeroporto Salt Lake City, mas em direções opostas. Ambas merecem pelo menos dois dias de esqui e hospedagem na montanha, no caso de Alta, ou na cidade de Park City no caso de Deer Valley.

Alta Ski Area: esqui em primeiro lugar

Dirigir por Utah é sempre uma doce surpresa, paredões rochosos e riachos borbulhantes marcam presença nos quatro cantos do estado, e é claro que a entrada do Little Cottonwood Canyon não poderia ser diferente.

Little Cottonwood Canyon em Utah
Little Cottonwood Canyon e a estrada linda na chegada em Alta

Sentada no banco da frente do transfer fui saboreando a paisagem, ouvindo histórias de outros passageiros, e frases que viriam a se repetir, diversas vezes, ao longo dos próximos dias: “venho para Alta todos os anos”, “essa é nossa semana anual em Alta”, “esquio por aqui desde pequeno”. São famílias com crianças, casais na melhor idade e grupos de amigas que esquiam juntas há anos. Como a hospedagem em Alta é limitada – são apenas 5 hotéis – essas reservas são feitas no ano anterior para a mesma semana do próximo ano.

Alta, como o nome já dá a pista, fica na parte mais alta do cânion e recebe cerca de 14 metros de neve por ano. E é a neve – de excelente qualidade– e a hospitalidade que tornam esse destino tão único.

A estação de esqui inaugurada em 1939 foi uma das primeiras a aderir a presença dos snowboards, mas a adesão durou uma única estação. Logo Alta percebeu que seu foco era o esqui e proibiu snowboarders. O curioso é que essa proibição já foi até alvo de processos judiciais, mas a estação faz questão de manter seu posicionamento, e seus frequentadores não aprecem sentir muita falta dos snowboards ou dos moguls fatiados pelas manobras bem mais fechadas que o esqui.

Montanhas em Alta Ski Area - Utah
Montanhas em Alta Ski Area

São 2.614 acres esquiáveis divididos em 5 teleféricos, mais de 100 pistas e uma área gigante dedicada ao backcountry ski. Para chegar aos picos mais inóspitos você precisará fazer uma trilha ou uma travessia off-trail (algo que seria quase impossível para os praticantes de snowboard devido a inclinação do terreno, posição e espessura das pistas).

Por lá a estrutura é rústica, sem grandes luxos, ou tecnologia avançada. O foco é o esqui, a manutenção das trilhas e os projetos ambientais que reflorestam a montanha, previnem avalanches e atraem pássaros e animais selvagens.

Esquiando em Alta - Utah
Esquiando em Alta – Utah

A estação conta com duas bases diferentes, Albion onde estão as pistas iniciantes, concentradas no teleférico Sunnyside. Pouca gente sabe, mas é possível comprar um passe anual para esse teleférico por $99, ou uma passe de $20 para a última hora do dia. Taí uma forma bem democrática para famílias locais ensinarem a criançada a esquiar.

Do outro lado fica a Wildcat Base, essa é uma área mais avançada, e com pistas azuis (intermediárias) ou pretas (avançadas). Entre as duas trilhas há uma corda motorizada que te puxa pelos esquis. A graça é segurar forte e curtir as paisagens de uma ponta a outra da estação. Old School? Sem dúvida! Mas essa é parte da graça de esquiar em Alta.

Ski Birding e porco-espinhos

Numa das trilhas, Lexi, a gerente de comunicação da casa e minha anfitriã, me perguntou: quer ver um porco-espinho? Achei que ela estivesse brincando e fosse me mostrar alguma pinha espinhosa ou rocha diferentona, mas ela tava falando sério.

Lexi mergulhou entre as árvores rumo a um dos comedouros de pássaros dispostos pela equipe ambiental, e me introduziu a uma nova modalidade de esqui: o “Ski Birding” (observação de pássaros com esqui), uma preciosidade! E o legal é que a montanha organiza tours gratuitos e super disputados para quem quiser se apaixonar pela modalidade.

Chickadees (Chapim-da-montanha) e Pintarroxo-pretos (Black Rosy-Finch) gulosos se alimentavam de sementes, e o farelo que cai pelo chão atrai os porcos-espinhos. Demoramos alguns comedores, e muito mais árvores do que eu gostaria de atravessar com esquis na pernas, para encontrar os porcos-espinhos, que sim, também estavam por lá, e sem nenhuma timidez se aproximavam dos visitantes. Vimos três, incluindo um bebezinho que subia nos galhos de um pinheiro para devorar porções generosas de casca macia. Uma lindeza!

Outra graça de esquiar em Alta é a possibilidade de atravessar para a estação vizinha, a Snowbird. Para isso é preciso ter um ingresso especial, o “Alta-Bird” ou do Ikon Pass, um passe de temporada que dá acesso a mais de 50 montanhas pelo mundo e inclui 6 montanhas diferentes em Utah. A conexão é super simples, mas vale falar que as pistas de Snowbasin são bem invocadas. Só recomendo a travessia para esquiadores experientes e para quem tem pelo menos dois dias inteiros em Alta.

De um lado Alta Ski Area e do outro Snowbird
De um lado Alta Ski Area e do outro Snowbird

Hospedagem em Alta

Aos poucos vou percebendo que esquiar e Alta é quase um culto, e quem vem sempre quer voltar. Uma prova é a taxa de retorno do Alta Lodge, a hospedagem mais antiga da montanha, que se gaba de receber 75% de retorno. As diárias incluem um café da manhã delicioso, jantar em 4 etapas, uma hospitalidade ímpar, e a chance de visitar o Sitzmark Club, o bar icônico do hotel e dono das vistas mais bonitas da montanha.

O bar é exclusivo para hóspedes, membros e funcionários da montanha. Rosie O’Grady – a Innkeeper – e que trabalha no hotel há mais de 20 anos, recebe os hóspedes pelo nome e faz questão de participar dos camps exclusivos para mulheres promovidos pela casa, é muito legal sentir a paixão dela pela Alta. Eu também já quero voltar.

Ali pertinho fica o Snowpine Lodge, o hotel mais caprichado da montanha, e a combinação perfeita de localização, luxo e hospitalidade. Quartos confortáveis, vistas da montanha, lounges confortáveis decorados com obras de arte, um spa lindíssimo, área externa com piscina aquecida e hot tubs fazem parte da experiência e trazem um toque de requinte para a estação que é conhecida por sua rusticidade.

Após o esqui, os viajantes são recebidos com cookies fresquinhos, chocolate quente e música ao vivo ou palestras especiais no lounge com formato de iglu. Sabe aquela experiência impecável? Para jantar há duas possibilidades: um bar descolado e o Swen’s, um restaurante delicioso. Peça o salmão com crosta de batatas e coma sorrindo.

A chegada da noite é mais um espetáculo em Alta. Aos poucos o céu colorido dá espaço ao céu estrelado, mais um encanto e mais um privilégio das noites nas montanhas. E que montanha!

Deer Valley: esquie a diferença

O Deer Valley foi inaugurado na década de 1980 com um posicionamento de luxo e já com a premissa de ser uma estação de esqui exclusiva para esquiadores. A montanha foi comprada pelo conglomerado Alterra em 2017, manteve seu DNA (bem diferente das outras montanhas do grupo) e a política de exclusividade para o esqui.

O slogan “ski the diference” pode ser sentido nos detalhes: pistas minuciosamente cuidadas, lounges confortáveis com lareiras, ski valley gratuito por até 7 dias, tours gratuitos diários para apresentar o melhor da montanha, limite diário de esquiadores, a presença de Mountain Hosts (anfitriões da montanha) no topo de cada teleférico para te ajudar a encontrar o caminho desejado.

Teleféricos modernos na Ala Nova do Deer Valley
Teleféricos modernos na Ala Nova do Deer Valley

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A área nova, parte de um projeto de extensão que vai mais do que dobrar a área esquiável, conta com teleféricos rápidos, cadeiras aquecidas e, em alguns casos, uma cúpula que fecha a cadeira e inibe a passagem do vento nos dias mais frios. É uma delícia esquiar em Deer Valley, e sim, dá para notar a diferença.

A montanha também é conhecida por sua escola de esqui, uma das melhores do país. Há professores excelentes, inclusive brasileiros, que ajudam desde esquiadores iniciantes aos mais avançados. Há opções de aulas individuais, aulas em grupo, uma badalada clínica de mulheres – programa intensivo de 3 dias. E quem já esquia de verdade, pode até esquiar com um atleta olímpico.

Aula de esqui em Deer Valley - Utah
Aula de esqui em Deer Valley – Utah

Quem se hospeda em um dos hotéis do complexo conta outras amenidades como uma rede de transporte exclusiva. Você chama sua van ou Range Rover por aplicativo e eles te levam para um raio de até 4 milhas do complexo. Durante nossa estadia usamos o transporte para esquiar no Deer Valley, curtir as atrações da Main Street de Park City, que é um charme e que merece ser visitada, e jantar em restaurantes em outros pontos do complexo.

Os hotéis do Deer Valley também oferecem programação exclusiva para os hóspedes com Après-ski recheado de bons vinhos, cervejas artesanais e bons quitutes, além de hora do smore’s, caça ao tesouro e muito mais. Nós ficamos hospedados no Silver Baron Lodge e adoramos a hospitalidade Deer Valley de ponta a ponta.

Veja mais opções de onde ficar em Park City

Experiência gastronômica

Outro ponto alto do resort é a comida. Se as estações de esqui americanas são bem conhecidas pelo fast-food meia boca, o Deer Valley vai na direção oposta com opções deliciosas tanto para quem quer comida rápida quanto para quem quer comer bem.

Nas cafeterias do complexo há buffets coloridos de salada, cortes de carne caprichados (o tradicional churrasco americano) e opções mais diferentes como ramen e curry de salmão. A especialidade da casa é o chilli de peru, servido no pão italiano, tanto nas cafeterias quanto nos restaurantes caprichados do complexo.

Nós adoramos o ambiente e a comida do Royal Street Café, que fica no meio da montanha e é acessível de carro, esquiando ou de teleférico. Os cookies de chocolate (uma assinatura de Deer Valley) e o cheesecake valem cada mordida.

Quando o dia termina, começa o burburinho nos hotéis. O Vintage Room no St. Régis, é acessível tanto pela montanha quanto pelo funicular elegante do lado de fora. O clima é de balada e as vistas são sensacionais. No Montage há uma cabana temática da Veuve Clicquot: o The Après Lounge, muito charmosa e badalada; e no Empire Lodge fica o Chute Eleven, com vibe animada e DJ tocando ao vivo.

Funicular do St Regis no Deer Valley
Funicular do St Regis no Deer Valley

Quem viaja com crianças também merece uma experiência de après-ski estilo Deer Valley. Minhas dicas são o Champions Club no Stein Eriksen, o hotel que foi uma das sedes da Olimpíada de Inverno de 2002, tem um bar temático com fogueiras na área externa, fliperamas e jogos de mesas divertidos para a molecada; e o Daly’s Pub and Rec, no Montage, uma mistura perfeita de boliche, fliperamas e comida boa. Crianças e adultos vão enlouquecer.

Muito além do esqui

Se o esqui é o ponto alto da experiência, uma viagem ao Deer Valley vai muito além. Há dezenas de atividades divertidas em Park City além do esqui. Há passeios de snowmobile, caminhadas com sapatos de neve, tubing e aventuras no Woodward, dois museus superinteressantes e a chance de fazer um passeio de bobsled no parque olímpico, um outlet com um sortimento legal de lojas, e claro, a Main Street que é uma delícia de passear e fazer compras.

Main Street de Park City: um conjunto de casas históricas rodeadas pelas montanhas
Casas históricas na Main Street de Park City. O destino é muito charmoso

Vale a pena esquiar numa estação de esqui exclusiva para esquiadores?

Muito. Não é só o equipamento que diferencia o esqui do snowboard, o flow na neve é completamente diferente. Snowboarders fazem curvas abruptas e paradas frequentes de sopetão enquanto os esquiadores dançam com curvas mais uniformes. É bem mais fácil esquiar sem nenhum snowboarder na pista, e sim, você vai notar a diferença.

Esquiando o Deer Valley em Utah
Esquiando o Deer Valley em Utah

Além da possibilidade (deliciosa!) de esquiar sem snowboards na pista, tanto Alta quanto Deer Valley são montanhas que merecem a visita. Ambas tem uma neve espetacular e uma experiência que não poderia ser mais diferente ou mais autêntica. Vale visitar!

E aí, gostou da leitura das nossas dicas para Esquiar em uma montanha exclusiva para Ski? Ficou com alguma dúvida? Deixe seu comentário!

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mari vidigal
mari vidigal
Mari é editora do Ideias na Mala há 14 anos e mora na Califórnia. Já visitou dezenas de países e explorou boa parte dos Estados Unidos com seus filhos Tom e Caio. Sua paixão? Viajar com o motorhome Rocky e colecionar Springs na Flórida. Mari é conhecida pelos seus roteiros super completos dos principais destinos da Europa (sim! Tem roteiro de Paris, Madri, Londres, Portugal e Amsterdam) e pelo conteúdo mais completo da Califórnia, Flórida e Las Vegas entre os sites de viagem do Brasil. Em 2021 recebeu o prêmio IPW Travel Awards, um dos maiores prêmios de jornalismo de viagem, e em 2024 foi finalista do prêmio Europa de Comunicação.

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