Rota dos Contos de Fadas: da Pequena Sereia à Bela Adormecida
Era uma vez dois irmãos curiosos e apaixonados por ouvir e registrar histórias: Jacob e Wilhelm Grimm, dois alemães que se tornaram guardiões de narrativas que atravessaram séculos, levando princesas, flautistas e lobos a viajarem pela imaginação de crianças de todo o mundo. Não muito longe dali, na Dinamarca, um jovem de origem simples e imaginação fértil — Hans Christian Andersen — criava seu próprio universo: sereias, soldadinhos de chumbo e patinhos feios que, assim como os contos dos Grimm, também conquistariam o mundo.
São eles — Andersen e os Grimm — que nos conduzem por esta viagem, guiando nossos passos por cidades, castelos e paisagens que inspiraram ou abrigaram suas histórias. Uma rota que começa à beira dos canais de Copenhague e termina nos vilarejos históricos e fortalezas da Alemanha.

O nosso desafio? Reviver essas histórias pela lente dos nossos filhos. Vamos passear pelo mundo dos contos de fadas, relembrar os preferidos e inventar novas versões com um detalhe muito especial: essa viagem foi a nossa forma de celebrar o encontro dos primos — meus filhos, Tom e Caio (9 e 7 anos), que moram na Califórnia, e os filhos do meu irmão, Kike, Juju e Gabi (8, 6 e 3 anos), que vivem no Brasil. Como eles se veem pouco, queríamos criar memórias afetivas duradouras, e nada como uma boa história para ser contada e recontada ao longo dos anos.
Dessa viagem, nasceram várias… Afinal, viajar também é um jeito de prolongar a infância e, com um pouco de imaginação, ela pode durar para sempre.
O berço dos contos: da imaginação de Andersen à magia dos Grimm
Para começar, quero apresentar nossos guias: Hans Christian Andersen e os irmãos Grimm. Você certamente já esbarrou em algum livro — ou, no mínimo, em um conto — deles durante a infância.
Andersen, dinamarquês de origem humilde, transformou sua vida marcada por dificuldades em combustível para criar mundos delicados, cheios de melancolia e esperança. Publicou seu primeiro livro de contos de fadas em 1835, com histórias como O Soldadinho de chumbo e A Princesa e a ervilha. Depois, vieram clássicos como A Pequena Sereia e O Patinho Feio, que ganharam traduções em mais de 125 línguas e se espalharam pelo mundo em peças de teatro, balés, filmes e musicais, tornando-o um dos escritores mais universais de todos os tempos.

Já Jacob e Wilhelm, mais conhecidos como irmãos Grimm, eram estudiosos fascinados pelo folclore alemão. Eles percorreram vilarejos registrando histórias que faziam parte da tradição oral, documentando e lapidando narrativas — flautistas que encantam cidades, princesas adormecidas, lobos à espreita em florestas sombrias. Em 1812, publicaram o primeiro volume dos Contos da Criança e do Lar, com 86 narrativas; três anos depois veio a continuação, e em 1819, uma edição revisada consolidava a obra. Esses contos foram traduzidos para mais de 160 línguas, ganharam adaptações no cinema e no teatro e se tornaram a obra da literatura alemã mais conhecida no mundo.
Vamos unir os mundos inventados por Andersen às histórias preservadas pelos Grimm, numa viagem que atravessa dois países: a Dinamarca e a Alemanha. Nossa jornada começa em Copenhague, cidade que respira criatividade e abriga um dos personagens mais conhecidos de Andersen: A Pequena Sereia. Dali, seguimos para o interior da Dinamarca, onde história e imaginação se entrelaçam: o Museu Viking, a busca pelos imensos trolls de Thomas Dambo, a charmosa Odense — terra natal do escritor — e a divertida Billund, lar da LEGO.

Cruzamos a fronteira, deixando para trás a terra das sereias e dos vikings, e fizemos uma pausa estratégica em Hamburgo. Não é cenário de conto de fadas, mas é uma cidade cheia de vida, com passeios de barco pelo porto e o fascinante Miniatur Wunderland, que transforma maquetes em universos incríveis. (E, para quem tiver mais tempo, recomendamos uma esticadinha até Berlim, a divertida capital alemã)
Atravessando o norte da Alemanha, entramos na Rota dos Contos de Fadas, uma aventura que completa 50 anos em 2025. Começamos por Bremen, lar dos músicos mais famosos do mundo, e seguimos para Hamelin, onde o som de uma flauta ainda ecoa nas ruas estreitas. No caminho surgem fortalezas que parecem suspensas no tempo: Trendelburg, ligada à história de Rapunzel; e Sababurg, o Castelo da Bela Adormecida.

Em Kassel, encontramos a maior coleção dedicada aos irmãos Grimm, passamos por Marburg, com seu castelo no alto e ruas de paralelepípedo. Nossa próxima parada, Alsfeld encanta com um centrinho histórico bem preservado e referências à Chapeuzinho Vermelho. Encerramos em Steinau an der Straße, onde entramos na casa em que os Grimm passaram a infância. Foi como visitar o ponto de partida de tantas histórias.
Pronto para viver uma viagem de contos de fadas? Então vem com a gente!
Parte 1: Dinamarca
Como todo bom livro, nossa viagem também é dividida em capítulos. O primeiro se passa na Dinamarca, um país onde o hygge (aquele aconchego que transforma momentos simples em especiais) está presente em cada café, cada parque e até na forma de receber visitantes.

Por lá o design não é apenas estética: ele molda cidades, espaços e experiências, equilibrando modernidade e tradição. Ao longo do caminho, vamos sentir o aroma do pão fresco nas padarias artesanais, pedalar por canais, visitar museus interativos e descobrir que na Dinamarca cada detalhe parece pensado para que a vida seja mais bonita e mais confortável.
Capítulo 1— Copenhagen: A Pequena Sereia e além
“As ondas cantavam-lhe canções que falavam de um mundo que ela talvez nunca mais pudesse chamar de seu.” — Hans Christian Andersen, A Pequena Sereia
Copenhagen tem cheiro de pão recém-saído do forno, som de bicicleta e um ritmo único, fluído. Rodeada pela água e cortada por canais, a cidade equilibra, com charme, dois mundos: de um lado, castelos vistosos e praças que parecem cenário de época; de outro, projetos de arquitetura moderna, como o CopenHill — uma usina que transforma lixo em energia para aquecer lares dinamarqueses. No topo do edifício, há ainda uma pista de esqui, onde é possível deslizar mesmo no verão. É nesse encontro entre tradição e inovação que começamos nossa rota pelo mundo dos contos de fadas.

Entre os cenários mais fotogênicos está o Nyhavn, com seu canal rodeado por casinhas coloridas e barcos antigos. Hoje, cafés e restaurantes ocupam o térreo dessas construções, mas basta fechar os olhos para imaginar o burburinho dos marinheiros e comerciantes que já passaram por ali — inclusive Hans Christian Andersen, que viveu em três endereços diferentes dessa rua. Para viver os encantos da região e ver os principais pontos turísticos a partir da água, vale investir em um passeio de barco pelos canais. São 60 minutos recheados de curiosidades e vistas lindas da capital dinamarquesa.
Se existe um símbolo que conecta Copenhagen ao universo infantil, é a Pequena Sereia. Inspirada no conto de Andersen, a escultura foi um presente do dono da cervejaria Carlsberg para a cidade em 1913, depois de assistir a um balé baseado na história. Curiosamente, ela foi modelada a partir de duas pessoas: a cabeça da bailarina Ellen Price, que se recusou a posar nua, e o corpo de Eline Eriksen, esposa do escultor Edvard Eriksen.

Sentada sobre uma pedra à beira-mar, a Pequena Sereia parece guardar histórias de um mundo invisível, sempre à espera de um novo visitante para contar. E, sim, ela é realmente pequena: apenas 1,25 metro de altura. Talvez por isso apareça com frequência em rankings, como o da CNN Travel, que a coloca entre os monumentos mais “decepcionantes” do mundo — ao lado do Manneken Pis, em Bruxelas. E quer saber? Eu não podia discordar mais: acho as duas atrações imperdíveis.
Outro clássico é o Tivoli Gardens, um parque de diversões histórico e pra lá de estiloso. Inaugurado em 1843, o parque foi criado para entreter a população em tempos de tensão política — e a magia funcionou. Até hoje, mantém sua essência: brinquedos de toque vintage, jardins impecáveis, shows ao ar livre e um ambiente que inspira tanto crianças quanto adultos.
No Tivoli, brincar tem tom de contos de fadas: entre carrosséis e montanhas-russas, surgem homenagens a Hans Christian Andersen, como o passeio que atravessa cenários de seus contos mais famosos. O que mais gostamos? Curtir um parque lindíssimo e relativamente vazio em plenas férias de julho.


Para se deslocar entre um ponto e outro, a dica é fazer como os locais: pedalar. A cidade é plana, repleta de ciclovias que convidam a explorar sem pressa. Vários hotéis oferecem aluguel de bikes, mas quebramos a cabeça para encontrar cinco bicicletas infantis disponíveis. Por isso, deixo aqui o endereço da Nihola Cykler (Ingerslevsgade 100, 1705 København), que resolveu nosso aluguel com um ótimo serviço.

Entre uma pedalada e outra, vale visitar o criativo Tower Playground (Frederik V’s Vej 4 – København), com torres inspiradas nos marcos da cidade; fazer uma pausa doce na Andersen Bakery (Thorshavnsgade 26 -Københavna), tortinha de morango é irresistível; e entrar na Skovalfen (Rosengården 3 – København), loja de brinquedos artesanais feitos para durar gerações.
Para combinar brincadeira e aprendizado, o Børnenes Museum, dentro do Museu Nacional, convida as crianças a se fantasiar e explorar outros tempos, enquanto o Danish Architecture Center surpreende com uma área brincante incrível e um escorregador gigante. E, para quem prefere mergulhar no lado mais curioso e brincante, o Experimentarium estimula a imaginação com experiências interativas que encantam a criançada

Capítulo 2 — Vikings nos contos de fadas
“O mar é profundo, e guarda segredos que nunca serão revelados àqueles que vivem na superfície.” — Hans Christian Andersen, A Pequena Sereia
Mar bravo e heróis com capacetes (que, curiosamente, nunca tiveram chifres) são o ponto de partida da nossa aventura pelo Museu do Barco Viking em Roskilde. As cinco embarcações originais, resgatadas do fundo do fiorde em um processo que levou mais de 20 anos para ser concluído, tornam-se a porta de entrada para uma aventura que combina imaginação e história.
Encantado, meu filho mais velho ficou de olhos grudados e ouvidos atentos no tour gratuito do museu, que dura uma hora e revela segredos e curiosidades das embarcações. Já o pequeno e os primos preferiram as áreas brincantes, com oficinas de escudos e a chance de vestir roupas inspiradas na Era Viking — acessórios que transformam a visita em um mergulho no faz-de-conta.

Lá fora, a aventura continua. Réplicas em tamanho real convidam as famílias a embarcar e remar como verdadeiros navegadores — e, nos meses mais quentes, é até possível velejar pelo fiorde. Entre uma descoberta e outra, os pequenos encontram cantinhos para brincar, montar barcos de madeira e inventar suas próprias sagas, como se Andersen tivesse trocado sereias e príncipes por vikings e drakkars. Um passeio que mistura aprendizado e imaginação, deixando cada criança com sua própria “história do mar” para contar no caminho de volta.
Capítulo 3— Caça aos duendes
“A floresta cantava, o mar cantava, e o coração do rapaz também cantava. A natureza era uma vasta igreja sagrada, onde as árvores e as nuvens flutuantes eram as colunas…”
— O Sino (The Bell, 1845), Hans Christian Andersen
Troque os duendes pelos trolls gigantes de Thomas Dambo e você terá um passeio com cara de conto infantil. Espalhadas por todo o país, essas esculturas de madeira reciclada têm histórias próprias, criadas pelo próprio artista, e convidam os visitantes a explorar trilhas e clareiras em busca de seus personagens favoritos.
Caminhar em busca de trolls é praticamente uma caça aos tesouros na floresta. Uma brincadeira com cheiro de terra úmida e som de folhas dançantes. Eis que, de repente, entre árvores e sombras, surge um gigante de madeira. Ele não assusta; pelo contrário, parece nos convidar a brincar e a enxergar a natureza com um toque de magia.

Encontramos três deles: o Little Tilde, que observa o lago com olhar curioso e abriga 28 casinhas de pássaros no próprio corpo; o Thomas on the Mountain, que parece descansar depois de uma longa caminhada; e o Runde Rie, posicionado à beira da água, como um guardião da paisagem ao redor. No site do artista, é possível conhecer a história de cada um deles e descobrir outros — mais de 200 — espalhados pela Dinamarca e pelo mundo. Vale incluir vários deles no seu roteiro pela Dinamarca.
Capítulo 4 — Odense, onde a fantasia nasceu
“Não importa nascer num pátio de patos, se se choca de um ovo de cisne.” – O Patinho Feio de Hans Christian Andersen
Em Odense, cidade natal de Hans Christian Andersen, tudo parece homenagear o escritor. No centro histórico, ruas de paralelepípedo e casinhas coloridas levam até a Casa-Museu de Andersen (H.C. Andersen’s House), um espaço imersivo que combina luz, som e cenários para mergulhar nos contos que marcaram gerações.
Entre os destaques está o Ville Vau, uma área brincante que convida as crianças a vestir fantasias, inventar histórias e dar vida aos contos de fadas. Há fantasias de todos os tamanhos — sim, os adultos podem (e devem) entrar na brincadeira — e algumas são impagáveis. Meu filho Caio ignorou príncipes e cavaleiros e foi direto para uma fantasia de galinha, hilária, para ciscar num cenário de castelo real.

No segundo andar, há um espaço dedicado às artes, onde os pequenos podem pintar com tintas coloridas e moldar flores com papel crepom. Vá com tempo, porque dá para passar horas lá dentro.
A poucos passos dali, o Mose Park combina um lago cercado por trilhas e áreas abertas com um parquinho, onde brinquedos em formato de folhas gigantes dividem espaço com borboletas decorativas e um caminho d’água que carrega folhas — de verdade — por um trajeto sinuoso. É fácil encontrar patos e cisnes por ali e imaginar: “Será que foi neste lago que Andersen se inspirou para criar O Patinho Feio?”


Outra parada que vale muito a pena é o Museu da Locomotiva (Danmarks Jernbanemuseum), onde é possível subir em locomotivas a vapor, percorrer vagões históricos e descobrir curiosidades sobre a era de ouro das ferrovias. Do lado de fora, um parquinho temático com mini-trens e brinquedos mantém os pequenos ocupados enquanto os adultos exploram as exposições. Foi o nosso parquinho preferido em toda a Dinamarca. E a competição foi boa, viu?
Capítulo 5 — Billund: a terra dos tijolinhos mágicos
“A vida é uma aventura, e cada passo pode ser o início de uma nova história.” — O Soldadinho de Chumbo, Hans Christian Andersen
Depois de reviver nossos contos preferidos — e descobrir outros que eu nem conhecia — no Museu de Andersen, em Odense, chegou a hora de construir, literalmente, nossas próprias histórias. Chegamos a Billund, onde, em 1932, nasceu a LEGO, fábrica dos blocos de montar mais famosos e divertidos do mundo.
Aqui, o universo LEGO é levado a sério com duas atrações imperdíveis: a LEGOLAND e a LEGO House — sem falar nos hotéis temáticos, que completam a imersão.
A dica é começar pela LEGOLAND, um parque pensado para crianças, mas que diverte toda a família. Caminhamos por cenários que recriam cidades inteiras em miniatura e nos encantamos com mundos de aventura e diversão. Entre minhas atrações favoritas estão a Pirate Boats, um passeio de barco dentro de uma caverna secreta, onde piratas festejam, crocodilos observam e tesouros desaparecem; e a montanha-russa The Dragon, que começa com um passeio tranquilo dentro de um castelo medieval e termina com curvas e velocidade do lado de fora.

No dia seguinte, é a vez da LEGO House, chamada de Home of the Brick, um espaço onde fãs de todas as idades criam engenhocas, programam robôs e exploram zonas temáticas com milhões de peças. O legal é que todas as suas construções ficam guardadas num QR code que você acessa chegando em casa e baixa para o seu dispositivo.
A brincadeira continua no restaurante Mini Chef. Por lá você monta seu pedido com blocos de LEGO e ele é entregue pelas mãos — ou melhor, pelos braços — de um robô. A experiência ainda inclui animações fofas dos pratos sendo preparados para miniaturas de LEGO e muitos blocos de montar para a criançada criar enquanto espera a comida.


Entre uma aventura e outra, vale se refrescar nas curvas dos toboaguas do Lalandia, um parque aquático coberto que fica bem em frente à LEGOLAND. As crianças amaram esse momento molhado de descontração.
Parte 2: Alemanha
Billund encerrou a parte dinamarquesa da nossa viagem. Nos despedimos dos contos de Andersen para entrar na segunda etapa: a Alemanha pelos olhos dos irmãos Grimm. O interessante é que essa parte da viagem mistura cenários de castelos, ruas medievais e florestas com a vida dos irmãos Grimm.
Entre uma visita e outra, a pausa é saborosa: pretzels recém-assados, salsichas servidas com mostardas artesanais e bolos deliciosos. E, se viajar com crianças pode parecer desafiador, na Alemanha tudo fica mais fácil: eles são pacientes e acolhedores com os pequenos nas filas e até nos museus.

Antes de chegar à Rota dos Contos de fadas, que tal uma parada em Hamburgo?
Capítulo 6 — Hamburgo: uma escapada da rota
Hamburgo é uma parada estratégica para quem sai da Dinamarca em direção à Alemanha. São aproximadamente 300 km de estrada excelente, e dá para aproveitar o fato de que escurece tarde no verão para fazer o trajeto com a luz do dia — no nosso caso, saímos direto do parque aquático Lalandia para a estrada, e foi uma ótima escolha. Ao cruzar a fronteira, os limites de velocidade desaparecem e você experimenta os prazeres de dirigir numa Autobahn alemã. A recomendação oficial é manter 130 km/h, mas, com cuidado, dá para acelerar um pouquinho mais.
A cidade portuária mais importante da Alemanha combina arquitetura histórica e modernidade, com canais fotogênicos e a maior quantidade de pontes da Europa. São mais de 2.300 pontes catalogadas — mais do que Veneza, Amsterdã e Londres juntas!

Demos um giro completo por Hamburgo, com direito a passeio de barco — uma forma linda de contemplar os principais pontos turísticos a partir da água. Para nossos pequenos contadores de histórias, a parada mais divertida foi a Miniatur Wunderland, a maior maquete ferroviária do mundo. Trens cruzam montanhas nevadas, aviões decolam em aeroportos em miniatura e navios navegam por mares inteiros.
Uma viagem que começa pela própria Alemanha, com trens cortando vilarejos medievais, castelos à beira de rios e cidades pequeninas, como as que visitaríamos nos próximos dias. De lá, seguimos para outros cantos do mundo em escala reduzida: Alpes suíços, paisagens escandinavas que lembram os fiordes noruegueses, cidades movimentadas nos Estados Unidos, desertos áridos e, de repente, estávamos no Brasil — em versão miniatura.
O cenário é muito bem-feito: praias lotadas com guarda-sóis coloridos, sambistas desfilando no Carnaval carioca (é tão perfeito que tem até samba-enredo da Mangueira tocando!), um estádio de futebol com partida rolando, comunidades espalhadas pelos morros e até a floresta amazônica, com sua imensidão verde. Nosso Brasil está lindamente representado em solo alemão.

De volta ao passeio pela cidade, visitamos a Elbphilharmonie, a casa de espetáculos que virou ícone da cidade. Erguida sobre um antigo armazém, sua fachada de vidro lembra ondas e velas, refletindo o rio Elba. A acústica é considerada uma das melhores do mundo e visitar seu interior do edifício é interessante mesmo para quem não assiste a um concerto.
Outra parada que vale a pena é o Porto de Hamburgo, conhecido como a “porta para o mundo”. Por lá a dica é caminhar pelos armazéns de tijolinhos vermelhos da Speicherstadt, hoje transformados em museus e cafés.
Nossa estadia em Hamburgo foi breve, mas cheia de descobertas: um prólogo perfeito antes de mergulharmos na Alemanha dos contos de fadas.
Esticando para Berlim
Apesar da ligação com os irmãos Grimm — que passaram seus últimos anos de vida em Berlim e publicaram aqui a edição definitiva de seus contos — a cidade não integra oficialmente a Rota dos Contos de Fadas e exige um bom desvio do trajeto. Ainda assim, se você tem férias flexíveis e nunca esteve em Berlim com crianças, vale a esticada!

A capital alemã entrega uma combinação única de história e modernidade, com museus incríveis e uma programação de verão animada. Em Berlim, aprendemos que nem todas as histórias têm finais felizes — e que revisitar o passado é essencial para evitar que os mesmos erros se repitam no futuro. Veja aqui nossas dicas do que fazer em Berlim, a cidade é o máximo!
Capítulo 7 —Bremen: a origem dos Saltimbancos
“O burro apoiou as patas dianteiras na janela, o cachorro pulou nas costas do burro, o gato subiu no cachorro e, por fim, o galo voou e pousou na cabeça do gato… então começaram a fazer a sua música: o burro zurrava, o cachorro latia, o gato miava e o galo cantava.” — Os Músicos de Bremen, Irmãos Grimm
De Hamburgo, seguimos para a Rota dos Contos de Fadas da Alemanha (Deutsche Märchenstraße), um percurso de cerca de 600 km que passa por aproximadamente 60 cidades e vilarejos ligados, de alguma forma, às histórias coletadas ou adaptadas pelos irmãos Grimm.
O grande desafio para quem quer percorrer a rota e não fala alemão é filtrar as paradas interessantes e montar um roteiro que faça sentido. Nós privilegiamos as cidades mais charmosas (claro!) e os contos mais conhecidos. Também contamos com a ajuda da Tati Mendonça, travel designer da German Routes e especialista em Alemanha. Ela conhece muito bem o país e nos ajudou a fazer boas escolhas.

Para começar Bremen, uma cidade que estava na lista dos meus sonhos há anos, e terra natal dos Músicos de Bremen, conto lindamente adaptado por Chico Buarque de Holanda no nosso Saltimbancos, um musical que atravessa gerações. Minha tia me levou para assistir a Saltimbancos no teatro quando eu era pequena — saí encantada pela gata cantora — e, décadas depois, levei meus filhos para assistir a uma montagem diferente, porém igualmente especial, da peça. Chegou a hora de encontrá-los em Bremen. Foi ao som mental de…
“Todos juntos somos fortes
Somos flecha e somos arco
Todos nós no mesmo barco
Não há nada pra temer“
— Os Saltimbancos, de Chico Buarque de Holanda
… que pisamos no centro de Bremen buscando a famosa estátua dos músicos. Ela fica na Marktplatz, a praça mais bonita da cidade, junto a imponente prefeitura e a estátua de Roland — ambos considerados patrimônio mundial da UNESCO. Ali do ladinho, um bueiro musical convida os visitantes a lançarem moedas para ouvir os sons dos músicos (veja uma reprodução no Youtube!)


Os encantos de Bremen — e as referências aos famosos animais músicos — vão muito além da praça principal. De lá, uma viela estreita leva até a Böttcherstraße, uma rua de tijolos vermelhos marcada por esculturas nas fachadas, lojinhas charmosas e o Glockenspiel, um carrilhão com 30 sinos de porcelana que toca várias vezes ao dia. Por lá encontramos a Fonte dos Sete Preguiçosos, inspirada na lenda dos irmãos que eram acusados de evitar o trabalho pesado, mas que, na verdade, eram visionários. Ao invés de usar a força, usaram engenho: imaginaram diques para conter as cheias, estradas para facilitar o transporte e pontes que aproximaram bairros inteiros. E, como em todo bom conto que guarda segredos para quem observa com atenção, basta olhar de perto para descobrir as miniaturas dos Músicos de Bremen escondidas na fonte.
Ali do lado, fica a Bremer Bonbon Manufaktur (Böttcherstraße 8, Bremen) uma loja de doces tradicional que vende balas típicas da cidade e pirulitos coloridos gigantes.
Outro bairro que merece a visita é o Schnoor, um labirinto de ruelas medievais com casinhas fofas, cafés acolhedores e lojinhas charmosas. Entre uma parada e outra, vale se deliciar com o chá da tarde da Teestübchen (Wüstestätte 1, 28195 Bremen). Também vale espiar a Räuberhaus (Wüstestätte 2), uma lojinha de brinquedos bem fofa e que diverte os pequenos.

Antes de sair de Bremen, encontramos mais uma surpresa: o Heaven’s Swing, um balanço de madeira instalado atrás do altar da Igreja de Nossa Querida Senhora (Kirche Unser Lieben Frauen). Suspenso por cordas de 14 metros e iluminado pela luz colorida dos vitrais. Balançar em pleno altar de igreja é mais uma boa história para guardar no álbum dessa viagem (e da vida!).

Dica: todo domingo, de maio a setembro, às 13:00 tem encenação gratuita da peça “Os músicos de Bremen” na Domshof Square.
Capítulo 8: Hamelin e seu famoso flautista
“E então, quando ele tirou a flauta do bolso e começou a tocar, os ratos vieram correndo de todas as casas e foram atrás dele, em direção ao Weser.” – O Flautista de Hamelin, Irmãos Grimm
Entre as ruas de paralelepípedos do centro histórico, pequenos ratinhos dourados em bronze marcam o caminho — uma trilha que convida os visitantes a seguirem os passos do famoso Flautista. No auge dos seus três anos, Gabizinha ficou encantada procurando os ratinhos brilhantes. E não é para menos: a cidade inteira respira a lenda, estampada nas fachadas de enxaimel, nas encenações ao ar livre durante o verão e nos detalhes discretos espalhados pelo centro.
O coração de Hameln é a Pferdemarkt, praça central rodeada por prédios renascentistas. O destaque fica para o Hochzeitshaus, que abriga o carrilhão mecânico com figuras animadas da lenda, apresentado várias vezes ao dia. E para quem quer um encontro certeiro com o Flautista, a dica é assistir à encenação gratuita (em alemão) que acontece de maio a setembro, sempre aos domingos ao meio-dia, na Hochzeitshaus-Terrasse. Na sequência o Flautista dá um giro pelo centro histórico tocando flauta, e nós tivemos a sorte de encontrá-lo.

De lá, é só seguir a pé pela “rota dos ratos” marcada no chão. A cada curva, uma nova referência: esculturas, placas e vitrines que mantêm viva a tradição. O trajeto passa pela Bungelosenstraße, a “rua sem tambores”, por onde o Flautista teria conduzido as crianças. Desde então, música e dança são proibidas ali, uma lembrança silenciosa do episódio sombrio.
Para terminar o passeio, vale atravessar a ponte sobre o rio Weser. Foi para lá que, segundo a lenda, os ratos foram levados. Um pequeno ratinho dourado no corrimão da ponte marca discretamente o lugar onde a história encontra seu desfecho.


Se sobrar tempo, visite o Museu de Hameln, onde projeções, maquetes e efeitos sonoros reconstroem a lenda. Um complemento perfeito depois de caminhar pela cidade real.
O “Rattenkiller” | O mata ratos
A gastronomia de Hameln também carrega a marca da lenda. Entre cafés e confeitarias do centro histórico, uma especialidade chama atenção: o “Rattenkiller”, um licor de ervas local com 50% de álcool! (Uma paulada!) Ele é servido em chamas e, antes de bebê-lo, é preciso apagar o fogo com a tampa ou um porta-copos. O Rattenkiller virou um símbolo bem-humorado da cidade e é vendido em diferentes tamanhos no Centro de Informação Turística de Hameln. Encararia provar? Eu passei!
Origem histórica do conto
A lenda do Flautista de Hamelin pode ter raízes reais. Um registro de 1284 menciona o desaparecimento de 130 crianças da cidade — até hoje não se sabe se migraram, foram vítimas de uma epidemia ou algo mais misterioso.
Capítulo 9 — Trendelburg: dormindo no Castelo da Rapunzel
“Rapunzel, Rapunzel, jogue suas tranças!” – Rapunzel, Irmãos Grimm
Em Trendelburg, a fantasia ganha forma de pedra. No alto da cidade medieval, ergue-se o castelo de Trendelburg, com uma torre redonda que, segundo lendas locais, inspirou os irmãos Grimm no conto de Rapunzel. O mais legal é que os pequenos podem viver tudo isso de perto: cruzar a ponte levadiça, passar pelo portão medieval e ver uma trança pendurada, como a de Rapunzel. A experiência fica ainda mais mágica para quem escolhe se hospedar no castelo.

Os quartos, rústicos e acolhedores, têm paredes de pedra, janelas abertas para o vale do rio Diemel e a torre da princesa iluminada logo ao lado — um cenário perfeito de conto de fadas. O café da manhã, servido em clima de realeza, foi um dos pontos altos da estadia: daqueles momentos que ficam guardados para a vida e dão ainda mais cor à viagem encantada.
Também subimos ao topo da torre da “princesa de cabelos dourados” — vale redobrar a atenção com as crianças, já que a arquitetura medieval não pensava nos pequenos exploradores — e depois passeamos pelo centrinho da cidade, pequenino, mas cheio de charme, com casas em enxaimel.

O caminho entre Hamelin e Trendelburg faz jus ao nome da Rota dos Contos de Fadas. Pelo trajeto, surgem vilas charmosas, casas medievais bem preservadas, campos verdes e colinas suaves, um verdadeiro cenário ilustrado. Sabe quando a estrada é tão linda quanto a chegada? Vá de olhos atentos e se apaixone por mais essa joia alemã.
Capítulo 10: Sababurg, o lar da Bela Adormecida
“A princesa picará o dedo no fuso e cairá num sono de cem anos.” — irmãos Grimm, em A Bela Adormecida
Nossa próxima parada é o Castelo de Sababurg, apontado como a inspiração para o conto de A Bela Adormecida. Suas muralhas cobertas de hera e o silêncio da floresta que o cerca recriam o cenário perfeito para os contos da nossa imaginação.
O castelo foi comprado pela província de Hesse em 2018 e desde então passa por um enorme processo de restauração, mas a boa notícia é que há visitas gratuitas no salão principal com a presença do príncipe e da princesa que contam sua história, em inglês, todos os domingos (de maio à outubro) às 2h30 da tarde. Como nossa visita não coincidiu com um domingo, curtimos as vistas e tiramos fotos caprichadas no pátio interno.

Floresta de Reinhardswald
Ao redor do castelo, estende-se a Floresta de Reinhardswald, cenário natural associado a várias lendas dos irmãos Grimm, como, por exemplo, João e Maria. A boa notícia é que você não precisa se perder na mata para viver o entorno dessa história. No Urwald Sababurg, um bosque protegido de carvalhos com mais de 600 anos, há várias trilhas bacanas para experimentar a magia da floresta alemã.
Capítulo 11: Kassel e o mundo dos Grimm
“Era uma vez dois irmãos que recolhiam histórias contadas à beira do fogo, sob o sopro do vento e no murmúrio das florestas…” – assim poderia começar a história de Jacob e Wilhelm Grimm, que encontraram em Kassel o cenário ideal para transformar memórias populares em histórias repletas de magia.
Nossa próxima parada não celebra um conto específico, mas a existência de todos eles. Foi em Kassel que os Grimm viveram e trabalharam, Wilhelm como secretário e Jacob como bibliotecário na Hessische Landesbibliothek. Nesse período, reuniram cerca de 200 contos e lendas que, até hoje, são contados e recontados de geração em geração.
Para sentir a energia criativa dos irmãos (e brincar em cenários encantadores), a dica é visitar o GRIMMWELT, museu interativo onde os manuscritos originais dos Contos da Criança e do Lar estão registrados como Patrimônio da Memória da Humanidade pela UNESCO.


A visita reúne instalações multimídia, objetos pessoais e experiências interativas que revelam não apenas os contos mais famosos, mas também o espírito curioso dos irmãos que deram voz à fantasia. Entre uma sala e outra, surgem oportunidades de fotos lindas em família e faíscas da magia dos contos de fadas na vida real.
Passamos pela floresta encantada, entramos na Casa da Vovó da Chapeuzinho (e demos de cara com o Lobo deitado na cama), nos encantamos com as paredes de doces da Bruxa de João e Maria e curtimos uma projeção que detalha de forma linda (e até afetiva) os filmes que foram inspirados nos Contos dos Grimm.
Depois do mergulho nas histórias, vale visitar o Parque Wilhelmshöhe, patrimônio Mundial da UNESCO desde 2013, o parque guarda jardins impecáveis, um elegante palácio e a estátua colossal de Hércules que se abre entre a floresta e se esparrama numa cascata imensa.
O show das águas ou Wasserspiele acontece toda quarta e domingo, de maio a outubro. A água percorre canais ocultos e despenca pela enorme cascata aos pés do Hércules, formando corredeiras, fontes e jatos que parecem ganhar vida sozinhos, um espetáculo movido pela força da gravidade.

Dica: Entre Kassel e Marburg, faça uma parada no Castelo de Waldeck, um castelo lindo e com vistas impressionantes do Lago Edersee. Além da visita, é possível pernoitar no castelo e viver mais uma noite digna de contos de fadas.
Capítulo 12 — Marburg, referências que viram cenários
“Era estranho ver que em Marburg havia mais degraus nas ruas do que dentro das próprias casas.” — Irmãos Grimm
Em Marburg voltamos um pouco no tempo e na história dos irmãos Grimm, que chegaram à cidade ainda jovens para estudar na Universidade de Marburg — a primeira universidade protestante da Alemanha. Ali deram os primeiros passos na coleta de tradições populares que depois se transformariam nos contos mais famosos do mundo.
Para nós, foi a chance de introduzir aos pequenos o conceito de referência e mostrar como o nosso entorno e as nossas escolhas podem impactar nossas histórias. Um papo profundo feito de forma lúdica numa cidade tão mágica que é conhecida pelos alemães como a “Hogwarts da Alemanha” (E sim, nossos pequenos fãs de Harry Potter adoraram mais essa referência).

A altstadt, ou cidade antiga, é o ponto de início do passeio. A graça está em se perder pelas vielas estreitas e observar a mistura de estilos arquitetônicos — medieval, barroco e gótico — que compõem o casario. Na praça central fica a prefeitura, com fachada de tijolos vermelhos marcada por um enorme relógio e um galo de bronze no topo. A cada hora cheia, o relógio ganha vida: o galo bate as asas, o trompete mecânico soa e símbolos como a balança da justiça e a ampulheta da morte se movem em sincronia com o badalar dos sinos.
No alto da colina, o Castelo dos Landgraves domina a paisagem, mas para chegar lá você terá que encarar centenas de degraus. A vista compensa a subida, o rio Lahn corta a cidade e os telhados coloridos se espalham pelas encostas. Descendo novamente, a Igreja de Santa Elisabeth, uma das primeiras igrejas góticas da Alemanha, acrescenta um toque de mistério. Não deixe de visitá-la por dentro, a igreja é linda.
E quando a fome bater, a dica é o Weinlädele (Schloßtreppe 1), onde pratos locais e uma boa carta de vinhos completam o passeio sem complicação.


A parte preferida dos pequenos foi o Grimm-Dich-Pfad, um percurso com esculturas e referências aos contos de fadas. Em um ponto, um sapato vermelho gigante remete à Cinderela; em outro, um príncipe sapo de metal espera por um beijo; mais adiante, uma casinha de João e Maria aparece no meio da caminhada. E que delícia brincar de caça ao tesouro, onde cada esquina relembra um pedacinho da rota que acabamos de percorrer.
Capítulo 13— Alsfeld e a Menina do Chapeuzinho vermelho
“Mas vovó, que olhos grandes você tem...” — Irmãos Grimm, em Chapeuzinho Vermelho.”
Alsfeld abraçou para si o título de terra da Chapeuzinho Vermelho — mais uma cidade linda, que rende uma parada rápida e cheia de encanto.


O centro histórico de Alsfeld guarda o charme de ruas estreitas emolduradas por casas em enxaimel que atravessaram séculos — são tão lindas que dá vontade de fotografar cada uma delas. Na Marktplatz, a imponente prefeitura gótico-renascentista se ergue como guardiã da praça, enquanto a Casa dos Contos de Fadas convida a reviver o universo da Chapeuzinho Vermelho e encanta com uma das maiores coleções de casas de bonecas da Alemanha.
Vá além da praça principal: caminhe sem pressa pelas vielas, pare nos cafés e veja como passado e imaginação ainda se entrelaçam na rotina da cidade. Para provar delícias locais, recomendo a Günthers Konditorei & Bäckerei (Obergasse 10), onde nasceu o Alsfelder Küsschen — um doce de amêndoas com marzipã, cobertura de chocolate e uma cereja no topo. O formato lembra a nossa Nhá Benta e, segundo os locais, ele se transforma em um verdadeiro Kuss (beijo) quando saboreado de cima para baixo. Prefere um salgado? Peça o Salzekuchen, uma especialidade da região feita com massa fermentada de batata, cominho e bacon.
Capítulo 14 — Steinau an der Straße
“É da infância que nascem as memórias que nos acompanham para sempre.” — Irmãos Grimm
Se Kassel foi o lugar do trabalho e Marburg o da juventude estudiosa, Steinau an der Straße guarda o encanto da infância dos irmãos Grimm. Foi aqui, nessa pequena cidade, que Jacob, Wilhelm e seus irmãos cresceram antes de seguir seus caminhos para Marburg.
O centro histórico revela ruas estreitas e construções que mantêm viva a atmosfera dos séculos passados. No coração da cidade está a antiga residência da família Grimm, hoje transformada em museu, onde é possível entrar nos cômodos que um dia fizeram parte das primeiras lembranças dos meninos e ver cópias das coletâneas dos Grimm publicadas nos quatro cantos do mundo.
Depois do museu, vale tomar um chazinho com bolo caseiro no simpático Literaturcafé Alte Apotheke (Brüder-Grimm-Straße 27 – Steinau an der Straße).

No alto da cidade, ergue-se o Castelo de Steinau, com suas torres redondas e muralhas sólidas, lembrando que aqui a história se sobrepõe em camadas: a da infância dos Grimm, a da herança medieval e a da imaginação que se alimenta de cada detalhe. Para quem viaja com tempo, ainda é possível incluir uma visita ao Erlebnispark Steinau, um parque de diversões bem local, com atrações pensadas para crianças entre 3 e 13 anos.
Nossa viagem pelo mundo dos contos de fadas terminou em Steinau, mas quem quiser pode continuar a Rota dos Contos de Fadas até Hanau, terra natal dos Grimm e marco zero trajeto. O início da rota é sinalizado com uma estátua de bronze.
Capítulo 15 — Além do Felizes para sempre
Toda viagem é feita de paisagens, encontros e momentos que viram memória e, para nós, essa viagem foi uma chance única de promover um encontro dos primos em meio às paisagens e contos de fada. Enquanto seguimos os passos de Andersen, na Dinamarca, e dos Grimm, na Alemanha, escrevemos também nossas próprias páginas, costurando lembranças que já pertencem à nossa história.

Entre castelos cobertos de hera, pilhas coloridas de blocos de montar, vilarejos fotogênicos e trilhas que escondem trolls misteriosos, redescobrimos o poder de escutar, de imaginar e de acreditar. Afinal, os contos que atravessaram séculos não são apenas sobre finais felizes, mas sobre a magia de continuar caminhando, reinventando e celebrando cada capítulo da vida.
Voltamos para casa carregados de novas histórias para contar e a certeza de que outras viagens — igualmente cheias de encantos — já nos esperam no horizonte. Porque o “felizes para sempre” não é um ponto final, mas uma promessa de que as jornadas continuam.

Planeje sua viagem
Chegou a hora de planejar a sua viagem pelo mundo dos Contos de Fadas de Andersen e irmãos Grimm. Aí vão dicas práticas para te ajudar:
Onde começar
Para fazer um roteiro parecido com o nosso você precisa voar para Copenhagen, Frankfurt, ou Bonn-Colônia (que tem voos low cost para vários cantos da Europa). O ideal é comprar passagens multidestinos (ou passagens avulsas Low Cost).
Aluguel de carro
O segundo passo é alugar um carro, e como você vai cruzar fronteiras, espere pagar um adicional por isso. Nós alugamos o carro na saída de Copenhagen (por lá você não precisa e nem quer ter carro) e devolvemos no final da rota, em Bonn.
Não dá para fazer de trem/ transporte público? A parte dinamarquesa da viagem até dá, mas dá trabalho. Como não há estação de trem em Billund, você terá que contratar um transfer ou pegar um ônibus até Kolding e, de lá, um trem para a Alemanha. Para a Rota dos Contos de Fadas alemã o carro é essencial. Não há opções de transporte público entre vários pontos da rota.

Roteiro na Dinamarca
Nós ficamos 10 dias na Dinamarca divididos entre Copenhague, Odense, Aarhus (que não entrou neste artigo por falta de conexão com o universo das histórias infantis) e Billund. Veja aqui todos os detalhes do nosso Roteiro da Dinamarca, com opções para 5,7 e 10 dias de viagem e dicas de hospedagem em cada um dos destinos.
Roteiro dos Contos de Fadas na Alemanha
Para Rota dos Contos de Fadas alemã sugerimos:
- Dia 1: Chegada a noite em Hamburgo
- Dia 2: Hamburgo com pernoite em Bremen*
- Dia 3: Bremen / Hamelin / Trendelburg — se puder, vale se hospedar no castelo
- Dia 4: Sababurg/ Kassel/ Marburg
- Dia 5: Marburg/ Aslfeld/ Steinau an der Straße/ Frankfurt**
* Quem optar por esticar até Berlim pode incluir 3-4 noites entre os dias 1 e 2.
**Quem preferir, pode continuar para Würzburg e emendar com a Rota Romântica Alemã.

Hospedagem na Rota dos Contos de Fadas
Nós optamos por ficar um noite em cada hotel, mas quem prefere fazer menos trocas pode ficar duas noites em Hamburgo, uma noite em Trendelburg e duas noites em Marburg
Dicas de hotéis:
- Hamburgo: The Westin Hamburg Elbphilharmonie, Ruby Lotti Hotel, Radisson Blu Hotel
- Bremen: PLAZA Premium Columbus, Aparthotel Adagio, Vienna House Easy by Wyndham
- Trendelburg: Castelo de Trendelburg
- Marburg: Welcome Hotel Marburg, Landhotel Bellevue, NOXX Hotel Marburg
Para se Inspirar
Há muitos materiais didáticos, folhas para colorir e jogos divertidos para complementar a viagem no site oficial da Rota dos Contos de Fadas.
E aí, curtiu as nosso Roteiro na Rota dos Contos de Fadas? Ficou com alguma dúvida? Deixe um comentário para a gente!
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Incrível! Viajei com vc, e que viagem. Uma delícia te acompanhar por aqui. Fiquei com água na boca! Que viagem…Parabéns ! Amei!!!❤️