Pedalando o Parque Presidio e a Golden Gate Bridge

Passeio de bicicleta pela Ponte Golden Gate com um roteiro redondinho para explorar o Parque Presidio, veja uma forma linda de combinar dois dos meus rolês preferidos por San Francisco em uma manhã de passeio. Pronto para se encantar?

Este é um relato bem pessoal de uma experiência que combinou uma manhã deliciosa no The Presidio – um parque nacional dentro da cidade de San Francisco e desses lugares incríveis que merece entrar no seu roteiro – com nada mais nada menos que meu passeio preferido de toda a cidade: cruzar a Golden Gate de Bicicleta.

O trajeto do passeio Golden Gate de Bicicleta + Parque Presidio

Veja todas as paradas do roteiro Golden Gate de Bicicleta e Parque Presidio no mapa:

Dicas práticas: Como viabilizar este passeio

Eu fiz este passeio metade de carro (é super fácil estacionar no Presidio e esse é um dos poucos lugares de SF que realmente recomendo um rolê de carro) e a outra metade de bicicleta. Mas você pode fazer este passeio de bicicleta + transporte público.

A) Para chegar no Presidio

Pegue os shuttles gratuitos Go Presidio que saem de dentro da cidade e fazem trocentas paradas dentro do parque.

B) Chegando no Parque: Faça o trajeto caminhando ou de bike elétrica

Chegando no The Presidio você pode alugar um bike elétrica da Jump (é uma delícia de pedalar e você paga por tempo de uso) e fazer o primeiro trecho de Bike elétrica ou caminhando.

Para quem vai fazer o passeio caminhando, veja um trajeto redondinho aqui neste passeio pelo Presidio.

C) Para cruzar a Golden Gate de bicicleta

Para o segundo trecho – que é atravessar a ponte de bicicleta – acho as bikes convencionais (não elétricas) mais atrativas, elas são mais leves e mais versáteis. Você pode alugar uma na Sports Basement que fica no Crissy Fields.

Agora vamos ao passeio?


A minha experiência : Golden Gate de bicicleta e Parque Presidio

A desculpa era boa: “Crianças não são permitidas em carros oficiais do governo”, os meninos não estavam convidados para o tour guiado pelo The Presidio, um dos parques mais deliciosos de San Francisco e parte do Golden Gate National Parks. Estávamos hospedados no The Lodge at Presidio (site oficial), o mais novo hotel do parque, e o tour era uma forma de dar mais contexto a visita. Com as crianças fora da jogada, eu tinha duas opções: abrir mão do tour e pagar de mal educada com os caras que nos convidaram para conhecer o hotel, ou, deixar os pequenos com o Gustavo (meu marido) e curtir pelo menos uma horinha sem crianças visitando um dos lugares mais legais de San Francisco?

The Lodge at the Presidio
Gu mostrando a Golden Gate para o Tom no The Lodge at The Presidio

Dinossauro pai e a missão baby sitter

Antes de tomar qualquer decisão precipitada tive que informar o pai, afinal de contas a missão de driblar nossos dois dinossauros por umas belas 3 horas, seria todinha dele. “Gu, as crianças não são bem vindas no tour pelo parque, terei que fazer o passeio sozinha com a assessora de imprensa”. Comuniquei, e na mesma talagada já emendei: “Você pode passar umas 2 ou 3 horinhas sozinho com eles?”

O Gu ama passear com os meninos, o único problema é que o Caio -também conhecido como o bebê mais sorridente do mundo – é temperamental. Quando ele desembesta a chorar não tem papai, vovó ou mamadeira que acalme o bichinho, ele berra até a mãe aparecer ou cair de cansaço. É de enlouquecer. E claro que ainda tem o Tom na jogada, no auge de seus dois anos e meio de vida – vocês já ouviram falar dos “terrible twos (terríveis dois) ? Estamos bem no meio deles e a chegada do irmão sim agravou bem a coisa – nosso menininho ainda precisa muito exercitar o dom da paciência. Dividir com o irmão? Nem pensar! “É meu” e “Queiro agoia” são os motes preferidos do nosso garotão. Passei o bastão para o pai, sabendo havia grandes chances dele ter uma manhã terrível, mas resolvi apostar. No pior dos cenários eu teria uma horinha de sossego antes de retomar o meu malabarismo usual, e quer saber? Eu estava super animada, para não dizer precisada, de uma folguinha. Já falei que amo meu trabalho?

De volta ao papo

De volta ao nosso bate papo, o Gu recebeu a notícia com animação e anunciou para a crianças: “Oba, vamos passear no Exploratorium!” (Um museu de ciências bem divertido). Fiquei com um pinguinho de ciúmes, adoraria fazer esse passeio com eles. Por outro lado, o Gu estava certo, é muito mais fácil levar as crianças para bater perna do que deixá-los confinados no hotel. Pontos para ele, e uma boa notícia para mim: ele havia acabado de aumentar – e muito – suas chances de ter uma missão bem sucedida com os garotos

Hora de passear

Às 9:30 da matina encontrei a Lisa – responsável pelo PR do Presidio – na recepção do nosso hotel,o Lodge éresultado de um projeto de restauração impecável que transformou um dos edifícios históricos do antigo quartel general em um hotel moderninho e pra lá de aconchegante. Nenhum outro hotel tem vistas tão escandalosas da Golden Gate Bridge, é só abrir a janela do quarto para dar de cara com a ponte e toda a sua vermelhidão. Uma experiência de hospedagem que ficaria ainda mais perfeitinha e completa depois do nosso passeio pelo parque.

De sorriso no rosto e tênis no pé, a Lisa é o tipo de pessoa simpática que te faz sentir confortável no primeiro instante, nada de formalidades, nada de frescuras, do jeito que tem que ser. Ela está acostumada a receber jornalistas vindos de fora da cidade e que em geral conhecem praticamente nada do Presidio, não é meu caso, conheço bem o parque e falo com orgulho: O Presidio é uma das minhas escolhas preferidas para fazer uma boa trilha.

Cidade com cheirinho de natureza e tilhas urbanas

San Francisco me apresentou ao conceito das trilhas urbanas, uma junção espetacular de cidade F# com cheirinho de natureza, a combinação perfeita de chocolate quente no alto de um pico com vistas da ponte, o prazer de comer um rámen no topo de uma escadaria colorida, e de rodar 37 quarteirões buscando a melhor vista da baía. E no topo do topo da minha lista de lugares para dar um rolê está o Presídio, um parque que se revela aos poucos e que entrega sensações diferentes dependendo da luz do dia, da estação do ano, e do humor de seu companheiro Karl The fog, uma névoa enxerida com perfil no Twitter e nenhum pingo de vergonha na cara, bastou piscar pra ele pintar tudo de branco. E foi por essas e outras que acabei desafiando a Lisa a sair do seu roteiro padrão e me mostrar um Presidio menos conhecido, e não é que funcionou?

Inspiration Point e a espiral mais legal de todos os tempos

Nosso tour começou pelo Inspiration Point, um dos 8 mirantes do Presidio e tido por muitos como uma das vistas mais caprichadas da cidade. Gosto do Inspiration Point, e da forma como a multidão de árvores cria uma versão arborizada de San Francisco e emoldura a baía, uma harmonia quebrada somente pela cúpula do Palace of Fine Arts, uma visão feíssima de um dos edifícios mais lindos da cidade – sorry, e pelo concreto surrado da antiga Prisão que um dia funcionou na ilha de Alcatraz. Aqui preciso confessar que essa vista não entra nem do meu top 20 de vistas de SF. O que eu sim gosto – e muito – é da escultura The Spire do inglês Andy Goldsworthy que fica do lado oposto ao mirante, e que destoa e ao mesmo tempo se encaixa com toda a vegetação a sua volta.

Golden Gate de bicicleta e Parque Presidio
Inspiration Point – uma versão bem verdinha de San Francisco.

The Spire, é uma espiral gigante e pontiaguda, uma espécie de Burj Al Kalifa (repare que parece mesmo!) montada com troncos de cipreste que haviam caído por ação do tempo, do vento e do desgraçado do Karl que não dá sossego e mantém as árvores do parque sempre úmidas. O cipreste é uma árvore dessas fortonas e que sozinha já se qualifica para o papel de ponte – basta despencar no lugar certo. Agora pense em uma espiral formada 37 desses gigantes – minuciosamente dispostos -com a ajuda de uma bela grua. É chocante, um pouco assustador e ainda assim, lindo. A Lisa fez questão de ressaltar a escultura e contar que o Presidio é o lugar do mundo que mais tem instalações de Goldsworthy, nessa hora eu segurei minha língua grande para não interromper o tour dela e me mandar pra instalação para tirar umas fotos. Mas como já tenho bastante fotos da espiral, resolvi me comportar e deixar ela continuar o passeio.

Golden Gate de bicicleta e Parque Presidio
The Spire visto do Inspiration Point
Parque Presidio
Pra você entender a dimensão da coisa, olha só que legal o Spire visto de baixo. É imenso. (E sim, essa é uma foto de outro passeio)

Falando em passeio, as obras de Andy Goldsworthy precisam entrar no seu roteiro pelo Presidio. É um um artista e ambientalista que usa elementos da natureza para compor instalações e fotografias, uma forma bela e ultra inteligente de questionar a relação homem-natureza. A genialidade do cara pode ser vista em quatro instalações diferentes: The Spire e Woodline que estão ao ar livre e Treefall (essa é mais chatinha de visitar, fica dentro de um prédio que só abre aos finais de semana) e a Earthwall (dentro do Presidio Oficer’s Club, o edifício mais antigo do parque e que valeria a visita mesmo que não tivesse a instalação lá dentro).

Mirante do Cemitérios Nacional – Túmulos com vista: podemos passar rapidinho?

Nossa próxima parada foi no Mirante do Cemitério Nacional, uma parada que só quem realmente conhece o Presidio consegue chegar de carro, e uma boa aposta da Lisa pra tentar me surpreender.

Se eu não fosse do tipo que gosta muito de uma trilha, fatalmente não conheceria esse mirante que fica numa saidinha relativamente fechada de uma mata de eucaliptos altos (confesso que na minha primeira caminhada solo pela região achei o bosque tão macabro que não tive coragem de continuar nem sabendo da vista promissora do cemitério. Só fui conhecer o mirante meses depois quando finalmente consegui trazer o Gu para caminhar comigo).

Golden Gate de bicicleta e Parque Presidio
Mirante do Cemitério Nacional

De carro, o rolê foi muito mais rápido e em poucos passos chegamos a um dos maiores cemitérios militares dos Estados Unidos, e um ponto de vista perfeitinho para observar a ponte. Gramadão verde bem aparado colorido por quadradinhos de concreto milimetricamente espaçados, e o vento cortante de San Francisco soprando sem dó e nos encorajando a seguir o passeio. Já podemos sair do cemitério?

Golden Gate sua linda

Um trecho um pouquinho mais longo de estrada nos lembrou que no Presidio todos os caminhos levam a Golden Gate. Estou mentindo, nem todos os caminhos levam a Golden Gate, mas se você tiver que escolher um deles, porque não escolher pela vista? Foi o que fizemos. A estrada tortuosa ia aos poucos revelando pedacinhos vermelhos da ponte, que foi surgindo e tomando conta do pedaço.

Paramos em um puxadinho da estrada que não dá nem pra chamar de estacionamento e que já entregou um pouquinho das vistas que veriamos a seguir. Parada certeira de quem manja das coisas do parque e ponto pra Lisa que trataria de arrasar em todas as paradas daqui por diante.

Golden Gate de bicicleta e Parque Presidio
De um lado este vistão caprichado da Baker Beach

Battery Crossby

Não sei se a Lisa estava afim de caminhar mais interpretei o par de tênis nos pés dela como um sinal verde, e me mandei para a trilha. Começamos com uma pequena caminhada rumo ao Battery Crossby – primeiro Uau do dia – já fazia tempo que a trilha Battery to Bluffs tava na minha listinha, e este pedacinho que caminhamos 200-300 metros no máximo – deu um belo gostinho do potencial. De um lado os penhascos que levam a Baker Beach (que também é parte do Presidio, e é a praia mais linda de San Francisco) com um pedaço de costa sendo lambido por ondas bravas, lindo. E do outro lado toda imponente, a rainha do pedaço, dona Golden Gate num ângulo espetacular com direito a praia, e pedacinhos de falésias recortadas pelo zigue-zague da trilha Battery to Bluffs.

Golden Gate de bicicleta e Parque Presidio
Golden Gate vista do Battery Crossby

Estamos em uma das antigas baterias militares construídas para proteger a Golden Gate de eventuais ataques durante a segunda guerra mundial, são dezenas de cantinhos como este espalhados pela baía e um mundo de oportunidades para quem curte fotografar. Sem a presença dos meninos, tinha duas mãos livres para usar a câmera no modo manual, testar velocidade e mudar o foco quantas vezes quisesse. Acho que isso se chama liberdade, pensei enquanto olhava para a Lisa tentando decifrar – sei lá se era o canto ou as cores das penas – de algum dos pássaros que cruzou o nosso caminho. Casada com um holandês que nasceu observando aves – ela contou brincando que não há muito além de pássaros para observar na Holanda – ela tenta avidamente tomar gosto pelo esporte. Sorri pensando que é bem legal quando as duas pessoas do casal têm o mesmo hobby, e desejei sucesso na empreitada.

Uma dúzia de fotos depois, voltamos para o carro, a Lisa ainda estava cheia de lugares para me mostrar e o tempo dela estava começando a apertar.

Golden Gate Overlook

Continuamos o passeio fazendo duas paradas rápidas nos mirantes mais próximos a ponte, o do lado esquerdo chamado de Battery Cranston é mais escondido, menos visitado e rende um timelapse bem legal dos carros indo e voltando pela ponte; mas gosto mesmo do mirante do lado direito, o Golden Gate Overlook que fica coladinho na Strauss Plaza (o grande estacionamento de carros que fica na boca da ponte). Esse mirante para mim é a primeira grande recompensa de quem faz o passeio de bicicleta pela Golden Gate, e é facilmente acessível mesmo para quem não quer pedalar. Fotografei os dois antes de zarparmos.

Golden Gate de bicicleta e Parque Presidio
Golden Gate Overlook: quem quiser pode atravessar deste mirante até a pracinha Strauss Plaza

Pilot Row e o vistão do Crissy Fields

Estacionamos o carro em frente a uma das fileiras de casas mais lindas do pedaço, a Pilot Row, um conjunto de casinhas vitorianas decoradas com floreiras elegantes, aposto que do alto do janelão do segundo andar há uma senhora vista da ponte. O quarteirão tem esse nome porque nos tempos de quartel general as casas eram habitadas pelos pilotos do avião; hoje as residências do Pilot Row estão entre as mais sofisticadas do Presidio e são locadas – por um preço compátivel ao mercado de SF, entenda por caro pra dedéu – para quem quiser locar. Quem aí não gostaria de morar numa casinha fofa dessas? Quer mais um motivo? Basta atravessar a rua para chegar ao Battery East, outro vistão impecável das Golden Gate e que também faz parte das paradas obrigatórias do passeio de bicicleta.

Golden Gate de bicicleta e Parque Presidio
Fileira charmosa de casas do Pilot Row
Golden Gate de bicicleta e Parque Presidio
É só atravessar a rua para dar de cara com ela: Golden Gate
Golden Gate de bicicleta e Parque Presidio
Battery East – Este mirante faz parte do caminho para quem atravessa a Golden Gate de Bike

Não muito longe da Pilot Row – dessa vez a viagem de carro não durou nem um minuto – há um mirante lindo com vistas do Crissy Fields, um gramadão caprichado com acesso a uma praia bem popular junto aos locais, mesas de piquenique, e dois lugares que eu adoro: a House of Air (um parque de camas elásticas) e a Planite Granite (uma academia de escalada na pedra sensacional! Se você tem vontade de aprender a escalar, ou já escala, fica a dica! É d+). O gramado é um dos poucos lugares do parque em que os cachorros podem andar sem coleira, e não preciso nem dizer que os donos de cachorros adoram o local, preciso? A Lisa contou que nos tempos de quartel o Crissy Fields era uma mistura de campo de entulho e aeroporto militar, e que levou anos para restaurar o gramado e atingir o resultado atual. E pensando bem, os galpões hoje ocupados pela Planet Granite e House of Air tem realmente uma pinta de hangar, mas se ela não tivesse falado nada, eu jamais iria imaginar.

Golden Gate de bicicleta e Parque Presidio
Mirante do Crissy Fields

Dica: Você pode alugar bicicletas para fazer a segunda parte do passeio na Sports Basement (Endereço: Old Mason Street, San Francisco) que fica no Crissy Fields e tem bikes excelentes para alugar.  Alugar a bike do Crissy Fields te deixará na boca do gol para fazer um passeio de Bicicleta maravilhoso pela Golden Gate Bridge.


Crissy Fields Marsh

Terminamos o passeio caminhando pelo Crissy Fields Marsh que em português significa pântano. Fazia tempo que eu queria dar uma descidinha nessa região que sempre me chamou a atenção nos passeios de bike, e que visto assim de pertinho, é ainda mais especial. Adorei cruzar o pequeno lago do pântano por uma ponte de madeira e me esbaldar com os reflexos da ponte no lago. Ô lindeza!

Golden Gate de bicicleta e Parque Presidio
Ponte no Crissy Fields Marsh – lindo, né?
Golden Gate de bicicleta e Parque Presidio
E do outra lado, olha só que aparece!

A Lisa se encheu de orgulho para contar que em um par de anos o pântano será ligado ao Main Post por meio de um jardim aéreo no topo dos túneis que conectam a cidade à Golden Gate Bridge. Os Tunnel Tops foram projetados pela mesma turma que concebeu o Highline Park em Nova York e são uma tentativa de revitalizar essa área e atrair mais tráfego para o Presidio. Gostei da novidade, e pensei que um projetão vai ajudar inspirar mais gente a conhecer este pedaço tão especial da cidade. Venham Tunnel Tops!

Golden Gate de bicicleta e Parque Presidio
Não podia deixar de mostrar para vocês a Lisa, minha companheira de passeio e uma simpatia de pessoa

O dia estava tão gostoso que comecei a sonhar com um passeio de bicicleta e arquitetei um plano minucioso para ganhar mais um par de horas e emendar o passeio com um giro de bicicleta pela Golden Gate. Será que vai dar tempo? Pensei meio tensa ao imaginar os meninos dando um baile no pai. Mas como ele ainda não havia dado sinal de vida, tudo indicava que as coisas estavam indo bem.

Mensagem do Gustavo e o momento de tensão

A Lisa já tava se preparando para me devolver no hotel, quando recebi a temida mensagem do Gustavo. Droga, o Caio tá bravo e o passeio da ponte vai para o beleléu, pensei já com cara de transtornada. Abri a mensagem, e, ufa! Era só o Gu sendo simpático e perguntando sobre o meu tour, uma deixa perfeita para comunicar que havia perdido a oitava garrafinha de água dos meninos (E dessa vez a culpa era do Tom!) Dei risada da situação e nem lamentei pela garrafa; vamos falar de coisas mais importantes? Meu tour já tá no final, posso emendar com um giro de bicicleta? E ele respondeu: “Claro, manda ver!” Te amo Maridon!

O Passeio de bicicleta pela Golden Gate Bridge

A caixa d’agua e a coleira

De volta ao The Lodge at The Presidio, nem ousei subir ao quarto, e já logo pedi uma bike na recepção. O hotel oferece aluguel de bicicletas grátis para os hóspedes e elas são excelentes. Sabe a única coisa ruim? A bicicleta veio com um capacete que bobear não serviria nem no Antonio. Sim, faltou coragem para anunciar que eu levaria só a bike, e que o tamanho do capacete era pior que piada sem graça. O resultado foi a minha melhor tentativa criativa encaixar o meu cabeção no capacetinho. ( Não me venha com aquele papinho de chapéu tamanho único, não me entra nenhum! )

Golden Gate de bicicleta e Parque Presidio
Sorriso de alegria que de quem equilibra um capacete – bem verdade que até então ele continuava presinho na minha cabeça. Ah, e este é o Battery East, lembra que falei dele?

Apertei tudo o que deu e levei o capacete preso e não encaixado na minha cabeça, tipo chapeuzinho de festa de criança, sabe? Pensa numa cena ridícula: uma adulta com um capacete infantil na cabeça pedalando como se tivesse tudo normal. E pior, a droga do capacete, que na teoria tava lá para me proteger, acabou atrapalhando um monte. Ele não aguentou o tranco do trajeto e acabou virando um colar desajeitado. Fiz pelo menos dois terços do passeio com um capacete pendurado na parte de trás do pescoço, e praguejando o desgraçado. Pensei seriamente em esquecê-lo do outro lado da ponte (e como a brincadeira ia me custar caro, obviamente acabei desistindo).

Golden Gate de bicicleta e Parque Presidio
Entrando na Golden Gate

Com ou sem colar o colar ridículo, eu estava radiante de cruzar a ponte de bicicleta e repetir um dos passeios que mais gosto sozinha. Amo passar tempo comigo mesma, e desde que os pequenos nasceram meus momentos solo se tornaram um luxo. Meu tempo era limitado, já estava quase na hora do almoço e havia combinado uma macarronada em família, mas ainda assim tratei de aproveitar cada segundo e entre uma xingada e outra na joça do capacete, curti as vista do mar, o vento soprando forte e o ar de satisfação dos turistas que estavam fazendo aquele passeio pela primeira vez, é realmente especial.

Golden Gate de bicicleta e Parque Presidio
E olha só que linda essa vista da ponte e do mar

Gostinho de saudades e choque de realidade

Cruzar a Golden Gate de bicicleta também tem um significado importante com nossa vida em San Francisco: fizemos este passeio no nosso primeiro dia na cidade. Brinco que foi depois de cruzar a ponte que decidimos chamar San Francisco de lar, o fato é que nos apaixonamos e aqui ficamos. A ponte é parte dessa história, a nossa história. Repetir esse passeio que gosto tanto resgatou um pouco das memórias deliciosas da nossa vida de recém casados, e trouxe um pouco da sensação de liberdade de quem sai de casa sem planos e sem hora para voltar. É saudades que fala? Ou seria uma simples percepção de que preciso escapar mais vezes?

Golden Gate de bicicleta e Parque Presidio
Cruzando um dos pilares

Não, não viajarei sozinha no próximo mês, nem nos próximos anos, mas sempre que a coisa apertar, a ponte estará lá, toda bonitona me esperando. Vou parar nos mesmos mirantes, repetir o caminho que fizemos quando chegamos em San Francisco, fotografar os mesmo ângulos, e recarregar as baterias para mais uma empreitada com os pequenos dinossauros. Tão perto, tão especial, tão meu.

Talvez cruzar a ponte de bicicleta não te desperte os mesmos sentimentos, mas insisto ainda assim: se você tiver um único dia em San Francisco, não deixe de cruzar a Golden Gate de bicicleta. E vá preparado para ser impactado.

Golden Gate de bicicleta e Parque Presidio
Última foto do passeio tirada por um garotinho de 8 anos que exclamou: “Uau, você cruzou de bicicleta – e emendou – você eve ser muito corajosa”. E eu respondi “aposto que quando você tiver o meu tamanho você conseguirá fazer igual” e ele concordou com a cabeça feliz.

E aí? Curtiu as dicas da dobradinha Golden Gate de bicicleta e Parque Presidio?

Gosto da história em tom mais pessoal? (Conte para mim o que achou! PLS!)


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mari vidigal
mari vidigal
Mari é editora do Ideias na Mala há 14 anos e mora na Califórnia. Já visitou dezenas de países e explorou boa parte dos Estados Unidos com seus filhos Tom e Caio. Sua paixão? Viajar com o motorhome Rocky e colecionar Springs na Flórida. Mari é conhecida pelos seus roteiros super completos dos principais destinos da Europa (sim! Tem roteiro de Paris, Madri, Londres, Portugal e Amsterdam) e pelo conteúdo mais completo da Califórnia, Flórida e Las Vegas entre os sites de viagem do Brasil. Em 2021 recebeu o prêmio IPW Travel Awards, um dos maiores prêmios de jornalismo de viagem, e em 2024 foi finalista do prêmio Europa de Comunicação.

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