Apalachicola na Flórida: O que fazer na cidade das ostras
“Você vai amar Apalachicola” – disse minha amiga Brianna com a voz mais empolgada do mundo. “Apalachi o quê?” Respondi cheia de dúvidas e tratei de pesquisar. “Famosa pelas ostras” – ótimo, pensei rabugenta, detesto ostras, será que arranjo algo mais divertido por lá?
A verdade é que essa cidade de nome peculiar e que não me convenceu pelas imagens do Google deveria ser no mínimo interessante para despertar tamanha empolgação na minha amiga que mora há uns bons 10 anos no norte da Flórida e trabalha promovendo as belezas do estado. Ainda assim eu estava receosa e com um medinho de rechear o miolo da minha viagem incrível com algo sem graça. Será!?
Comparando o roteiro com um sanduíche eu tinha duas fatias de pão deliciosas em cada uma das pontas. Gainesville, ponto de acesso para algumas das nascentes mais lindas da Flórida, e Panama City Beach, um destino de praia lindão na Costa Esmeralda. Eu não podia errar no recheio. Podia?
Será que Apalachicola e as praias da tal da Forgotten Coast (Costa esquecida) entregariam um recheio à altura do sanduíche? A parte boa: eu não estaria sozinha, pensei lembrando que a Thais Towersey – uma amiga jornalista de viagens figura – e a própria Brianna viajariam comigo numa super experiência de motorhome pela Flórida. “Se a cidade for sem graça, posso azucriná-la in loco, e já imaginei o bordão – Fui ali catar ostras em Apalachicola e já volto”.
A viagem começou incrível como o esperado. Além dos lugares lindos, eu e as meninas nos damos bem e a proximidade do motorhome deixou tudo mais divertido. Nos encantamos por Gainesville – arrisco dizer que teria facilmente ficado mais uma noite – e chegamos na Forgotten Coast com a régua lá no alto.
Nossa primeira parada na região foi a St. George Island.
A vizinha St. George Island
O tempo, que não estava grande coisa, resolveu se abrir e nos entregou algumas horas lindas na praia – diga-se de passagem, uma baita praia que fica num dos parques naturais mais lindos da Flórida, o St George Island State Park.
Também tentamos fazer uma trilha, mas fui a escolhida dos mosquitos amarelos, um bicho mais guloso que os pernilongos brasileiros e que morde rápido, com você parado ou andando. Tomei umas 5 picadas doloridas antes de desistir da trilha. A floresta parecia linda, mas sem um bom repelente eu e os mosquitos amarelos não nos demos bem. Há vezes na vida que desistir é melhor que lutar. No caso dos mosquito amarelos, não tenho dúvida que fiz a melhor escolha: eles que lutem por outra refeição.
De volta à praia, tivemos um pavilhão de madeira, desses grandalhões com mesa de piquenique para chamar de nosso e a praia todinha ao nosso dispor. Mal pude acreditar que o local lota aos finais de semana, e adorei vê-lo vazio.
Mar quente, areias brancas, ondas macias. Marina vai para o mar! E que delícia de mar. Nadei feliz. A água estava tão boa que deu dó de sair. Pontos para a Forgotten Coast.
Eu poderia ficar a tarde toda na praia fazendo bom uso da cozinha do motorhome para preparar nosso almoço, mas a Brianna tinha pressa e tinha planos. “Vamos visitar o farol, almoçar em Apalachicola e tomar cerveja da Oyster City Brewing…”
“Me gostar de cerveja” – pensei sorrindo – já tinha provado a IPA dos caras pra saber que tínhamos um bom plano para o final de tarde, mas mentalmente hesitei deixar o mar.
O centro do San George Island é fofinho, o farol é médio (bonitinho e rendeu fotos legais da fachada, mas a subida e as vistas são só ok). Estávamos um pouco atrasadas no cronograma para provar o sorvete famosinho – o que me deixou um tiquinho chateada, já que gosto mais de sorvete do que gosto de cerveja – mas mantive o bom humor.
Chegamos em Apalachicola junto com a chuva. Eu, que já tava molhada e salgada do banho de mar, nem fechei a cara, só senti por não conseguir resolver a parte do conteúdo e garantir umas boas fotos logo na chegada. Tenho uma teoria de que em qualquer viagem a trabalho sempre que deixamos as fotos para depois, o momento passa e as fotos acabam escapando. Em geral, não corro riscos e tiro as fotos antes de forrar o estômago ou antes de encontrar o ser humano mais importante do universo. Como não posso falhar com essa parte das entregas, garanto no começo. Dessa vez escapou.
Almoço no The Owl Café
Apalachicola – que aprendi mais tarde ser chamada de Apalach pelos locais – começou me recebendo bem. Escolhemos o The Owl Cafe (5 Ave D, Apalachicola, FL) para almoçar e foi uma excelente opção. Com ares arrumadinhos e a melhor garoupa da viagem. Rapidamente esqueci que estava com maiô molhado e curti o momento.
Os pratos gigantes e deliciosos não nos deixaram pedir sobremesa. Faltou espaço! As meninas sentiram falta das ostras no menu, eu nem liguei e ainda me livrei de dar aquela milésima provadinha para constatar que realmente não gosto.
Riverside Mercantile: loja de variedades
A Brianna conhecia bem cada lojinha de Apalachicola e nos levou para ver as mais legais. Ficamos encantadas com a loja de variedades Riverside Mercantile (82 Commerce St, Apalachicola).
Sabe aquela loja ultra bem montada e recheada de milhões de coisinhas que você não precisa mas adoraria ter? Thais, que está de casa nova, se agarrou numa plaquinha e numa almofada. Ela queria mesmo era ter comprado a loja toda, mas o espaço na mala e a conversão de quase 6 pra 1 do dólar não facilitaram.
Oyster City Brewing
Nossa próxima parada: uma suposta degustação rapidinha de cerveja, mas que acabou durando o resto da tarde. A Oyster City Brewing (17 Ave D, Apalachicola) tem mesinhas na calçada, chão ornamentado com casquinhas de ostra e o staff mais gente boa da Flórida todinha. Esse é o tipo de ostra que faço questão de provar.
A ideia era escolher uma cerveja e eu comecei barganhando a régua.”Posso provar várias?” Nos fizeram três réguas, a minha só de IPAs e sem nada de cerveja sour na jogada. E que arraso. Seria muito clichê dizer que a cerveja dos caras desce redondinho?
Eu que já gostava da Apalach IPA, descobri que (quase) todas as cervejas dos caras são ótimas. E tão boa quanto as cervejas, é a experiência. Fomos recebida pela Adrienne (gerente geral da loja), que é uma querida e a Renata, brasileira que mora na região, gente boníssima e super engraçada. Se for até lá procure por elas e fale que mandei um alô!
Tomamos as réguas de cervejas todinhas e uns dois copos grandes de Red Snapper (uma IPA colorida com cascas de beterraba que é surreal de boa) nas mesinhas de fora da cervejaria, antes de entrar para conhecer a produção. E aqui agradeço à Renata pelo baita tour onde vimos todo o processo de produção da cerveja. O tour começa no tonel que mistura a cerveja, carinhosamente apelidado por mim de “bunda da chopeira”, e vai até um freezer que fica nas costas da chopeira onde os barris vão sendo acoplados. Adorei ver tudo de perto.
Tomamos as réguas de cervejas todinhas e uns dois copos grandes de Red Snapper (uma IPA colorida com cascas de beterraba que é surreal de boa) nas mesinhas de fora da cervejaria, antes de entrar para conhecer a produção. Aqui agradeço à Renata pelo baita tour onde vimos todo o processo de produção da cerveja. O tour começou pelo tonel que mistura a bebida, na sequência vimos o freezer que fica nas costas da chopeira onde os barris vão sendo acoplados, é praticamente a “bunda da chopeira”, um espaço que mantem tudo geladíssimo. Terminamos vendo como as cervejas são envasadas em latinhas ainda fresquinhas.
Já no balcão do bar nos unimos ao mestre cervejeiro figura. Ele nos contou que embarcou na profissão por acaso e com meia dúzia de receitas na mão. Hoje ele desenvolve novidades a cada mês. E a Betsy, a barista que desafia as receitas do mestre cervejeiro criando suas próprias combinações.
Tirar chopp para a Betsy é um ritual desenvolvido com maestria e com ares de dança. Aos poucos, o copo vai sendo deslizado entre as torneiras, um pouco dessa, com um pouco daquela e uma pitada daquela outra. Sempre com sorriso no rosto e a certeza que vai acertar na combinação. Durante nossa visita, vi mais de uma pessoa pedindo o “especial da Betsy” e me juntei ao coro: “Betsy, me faz um especial, por favor?” Notei que as misturas nunca são iguais e tomei mais de um carioquinha pra comprovar: são todas ótimas.
É claro que no final do dia deixei 20tão de gorjeta para agradecer o carinho e a hospitalidade. Por mais baristas incríveis como a Betsy!
A Adri também nos uniformizou. Ganhamos camisetas – minhas primeiras cropped da vida, bonés e enquanto as meninas escolherem um tumbler cervejeiro, eu optei por um moletom azulado.
Bêbado faz amizades, certo? Nós fizemos um monte! Conheci a Amy, amiga da Adri(enne), e sua filha queridíssima que tem a idade do Tom (6 anos) e trabalha como designer de jardins. Acho que fiz muitas perguntas sobre o trabalho dela, porque logo fui convidada a conhecer um deles e saí, com um copo de cerveja na mão, para explorar a vizinhança. Santa Betsy ainda adicionou um rolinho de neoprene “Koozie” pra minha cerveja não esquentar (não tenho maturidade pra essa palavra e dou risada instantânea).
Não fomos muito longe, o jardim da Amy ficava do outro lado da rua, dentro de um espaço de eventos bem legal. “Quero me casar novamente aqui” falei brincando e a Amy tratou de colocar uma música country para eu sentir a vibe do lugar. E não é que além de fazer jardins lindos, a mulher também canta? Ela cantou e eu e sua filha dançamos e rodopiamos celebrando a vida.
O passeio se estendeu pelo antigo porto de Apalach – finalmente tiramos algumas fotos legais – e até agora não entendi o motivo de termos visitado uma peixaria!?
Também fomos à uma lojinha que funciona em um edifício histórico onde o avô da Adrienne antigamente cortava cabelos (ela nos mostrou a foto em preto e branco toda orgulhosa) e eu rapidamente comprei um shorts verde para usar no dia seguinte.
Tentamos visitar o Apalachicola Bee Company (16 Avenue E, Apalachicola), um Beer & Wine Garden que parece o máximo, mas estava fechadíssimo.
Brianna tinha planos para o jantar mas não conseguiu escapar de mim e da Thaís cantando em coro “Can we stay?” (Podemos ficar), mas impôs suas condições: “precisamos ir em algum lugar que tenha ostras no menu”. Justo, na cidade das ostras, eu não ia escapar delas!
Pisquei, e vi a Adrienne vindo nos rebocar com um carrinho de golfe rumo ao nosso jantar.
Onde jantar em Apalachicola
O escolhido foi o descolado Half Shell (301 Market St, Apalachicola), um bar de ostras que fica de frente para o riacho e tem uma instalação linda com bóias de barcos. Thaís e eu fizemos fotos e até dancinha (meu Deus, eu estava realmente bêbada. Não danço na rua sóbria de jeito nenhum, danço mal à beça e tenho índices de vergonha alheia – no caso, própria – bem elevados!) mas nos deparamos com o lugar FE-CHA-DO.
Seguimos equilibrando copos de cerveja semi-cheios para evitar um banho, enquanto a Adri dirigia seu carrinho de golfe rumo ao The Station (53 Market Street), um antigo posto de gasolina remodelado em forma de bar/ restaurante. O lugar é super legal e reza a lenda que a comida é ótima, mas demoramos muito para chegar e também estava fechado.
“A Renata falou que o marido cozinha bem e pelo jeito é para lá que nós vamos” – brinquei pensando que o jeito seria cozinhar no trailer. Por sorte a Adri tinha uma última cartada, o The Owl Tap room, vizinho do restaurante onde havíamos almoçado e do outro lado da rua da Oyster City Brewing. Demos um giro por Apalachicola pra voltar para o mesmo lugar.
Thaís, que é mais valente que eu, encarou mais uma cervejinha Oyster City geladíssima. Eu fui de Coca-Cola (algo que raramente bebo, mas que me ajuda muito quando preciso de uma injeção de cafeína) e batata frita com pato, a especialidade da casa – e que negócio bom. Também comi uma saladinha verde para compensar.
Com novos amigos e muitas risadas, tive uma certeza: saí da cidade das ostras invicta! As únicas ostras que precisei encarar foram as casquinhas que pisei no chão da cervejaria.
Pouco depois, Bri, a motorista da rodada, que havia parado de beber umas 5 horas antes, e já estava conformada pela ausência de ostras no menu, deu um sorriso sóbrio e falou: eu sabia que vocês iam gostar de Apalachicola! Ela tinha razão: nós adoramos.
Esse conteúdo é uma parceria com o Visit Florida
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